Pop, reggae, MPB, rock, soul. Esses são alguns dos gêneros musicais que marcam a sonoridade leve e visionária da Unidade Nova Praia (UNP), banda que é consagrada como uma das antigas e maiores bandas do cenário musical independente de Alagoas. O grupo vem se aperfeiçoando e transmutando caminhos, melodias e compassos, resistindo nos palcos há quase 10 anos. Para resistir tanto tempo é necessário continuidade, resiliência, apoio e comprometimento com as raízes, o que é a marca principal da banda.

A origem da Unidade Nova Praia começou a ser discutida em 2008, época em que pairava em Alagoas e no Brasil os primeiros voos do mainstream, do hardcore melódico e a nova MPB. A banda ainda não tinha algo concreto, havia apenas rascunhos de sonhos. A ideia inicial era ir além do roots do reggae, mesclar o antigo ao contemporâneo e fazer música que desse entrada para reflexões sobre o amor, a fraternidade, o diálogo, o afeto e as questões sociais.

Três anos depois, a UNP conseguiu caminhar com as próprias pernas, a duras penas, e investir na independência do som no estado. Foi a partir de uma conversa que durou a madrugada toda, no Corredor Vera Arruda, no bairro da Jatiúca, que o ideal da banda foi criado. A conversa foi realizada entre os três artistas e fundadores da UNP: Alex Campos, mais conhecido por Laranja, Pedro Soares, o Pedão, e Henrique Cardeal, o Rick. Essa foi a formação original por anos, e só depois o Diogo Rezende (conhecido por Get) integrou à banda.

Segundo Pedro Soares, produtor musical e um dos fundadores da banda, foi também durante a conversa entre os três artistas que o nome da banda foi decidido.
“O nome surgiu do conceito de que a banda fosse pop, livre de amarras musicais, um projeto em que a gente pudesse misturar sons. A gente não se define como uma banda de reggae, apesar de bebermos bastante dessa sonoridade e sermos as maiores referências na nossa musicalidade. O nome foi advindo disso. Surgiram nomes como Nova Praia, mas Unidade Nova Praia foi escolhido porque também resulta em uma sigla, a ‘UNP’, para ficar fácil de pronunciar. Além disso, coaduna todos os pensamentos, significa que há uma unidade”, explicou Pedro Soares.

Ele também contou que “Nova Praia” significa algo como a ascensão de uma nova cena musical em Alagoas. “A gente via o começo da nova MPB, com o surgimento e o reconhecimento do trabalho de Wado, Karina Buhr, Céu, Marcelo Jeneci, Ana Cañas e tantos outros. Wado, inclusive, é uma de nossas inspirações”, disse.

O start, as referências e parcerias

Após 2013, ainda sob o impulso criativo de Henrique Cardeal que, de acordo com Pedro, foi um grande entusiasta da banda, a Unidade Nova Praia passou por algumas turbulências, inclusive realizando diversas trocas de integrantes da banda. Muitos integrantes entraram e saíram em um curto espaço de tempo. Porém, a unidade superou desafios.

Alex Campos precisou sair da banda e foi morar em Portugal. Anos depois, mais integrantes começaram a compor o grupo. Atualmente, o grupo é formado por Rudson França (bateria), Junior Bragazion (teclados/vozes), Pedro Soares (vocalista), Márcio Chapra (guitarra), Léo Bulhões (percussão), Anderson Almeida (baixo) e Diogo Rezende (produção musical).

Todos os componentes da UNP são produtores musicais e realizam projetos paralelos, como também participam de outras bandas, como Bárbara Castelões. Pedro e Junior Bragazion, inclusive, já colaboraram na produção dos dois discos da cantora LoreB.
Nesses quase 10 anos, a Unidade Nova Praia já gravou música com Os Fugitivos, dividiu palcos com o Wado, Baco, KatchaFire, Cidade Negra, Vibrações, Huná, Curumin, que também são suas referências musicais. A banda também bebe da fonte de Cassiano, Bob Marley, Natiruts, Jorge Ben Jor, Tim Maia, entre outros. Para Pedro, a participação desses artistas nos trabalhos da banda fortalece ainda mais a cena musical no estado.

“A gente faz parceria com pessoas que a gente acredita no cenário em Alagoas. Acho que a gente cresce quando tá junto, quanto mais a gente se fortalece enquanto artistas mais a gente cresce no cenário todo. O trabalho fica mais bonito, com qualidade”.

*Cardeal*

Henrique Cardeal era um amigo íntimo e participativo dos componentes da banda, especialmente de Pedro Soares, Rudson França e Márcio Chapra, que conviveram há anos com ele. Pedro contou que foi Henrique que o estimulou a seguir carreira como cantor e compositor. Na época, anos 2000, Pedro tinha feito a primeira canção autoral, intitulada “Paraíso na Terra”, e mostrado para um amigo. Esse amigo mostrou para Henrique, e ele, então, apresentou a música e o compositor para a antiga banda Adama Roots.

“Rick participava da banda na época e me apresentou aos integrantes dela. Gostaram da música, do que eu fazia, e eu também consegui entrar no grupo. A primeira vez que eu e Rick tivemos contato foi através de um áudio mostrado por um amigo meu a ele, com uma música minha. Rick era sempre ativo no cenário musical, se dava muito bem com todo mundo e foi ele que deu o impulso nas ideias da banda UNP”, relatou Pedro.

Na banda Adama Roots, Pedro tocava percussão, fazia produção, repertórios e back vocal. Com o estímulo de Henrique, Pedro acabou migrando da antiga banda para a UNP, criando a banda junto com Laranja e o próprio Rick. Os três se juntaram a Diogo Rezende e produziram o primeiro disco da Unidade Nova Praia, o “Em Casa” (2013).

Henrique Cardeal era loiro, tinha olhos azuis e, segundo Pedro, tinha uma cara que não representava as minorias, mas era conhecido por lutar pelos ideais, contra o sistema e o padrão comum. Ele também era irmão do cantor Wado. Com uma visão à frente do seu tempo, Henrique tinha bom convívio com a comunidade, com os moradores da periferia.

“Era uma visão muito à frente da geração daquela época. Ele conseguia estimular ideias atemporais no grupo. E é por isso que é importante o álbum, para que a gente mantenha vivo o legado de ideias que ele colocou em nossa cabeça, que até hoje funciona tanto na música quanto nos diálogos entre a gente”, contou.

O amor à música, a percepção musical, as referências, o significado do porquê e o para quê lutar por uma sociedade justa, foram alguns dos ideais de Henrique que têm sido perpetuados na banda por muito tempo.

“Eu, Rudson e Márcio convivemos mais com o Rick. Compomos músicas juntos, já fizemos muita coisa juntos e nós sabemos a importância e o valor de Rique dentro da continuidade do projeto”, concluiu Pedro. Rick faleceu na pandemia vítima da depressão.

*O financiamento coletivo*

A trajetória de 10 anos da banda e a homenagem ao Henrique Cardeal estarão presentes em seu quarto álbum, o “Cardeal”. São nove canções que falam sobre transmutação, amor, liberdade e legado. A previsão é de que o álbum seja lançado em dezembro deste ano em todas as plataformas digitais.

A banda também teve a ideia de realizar um show audiovisual, uma espécie de live session, em que são reunidos os integrantes da banda e também convidados para uma gravação de vídeo de uma ou várias músicas. Com um cenário personalizado, uso de tecnologia e equipamentos de qualidade, a banda é filmada tocando ao vivo sucessos que marcaram sua história.

Mas para a live session ser realizada, é necessário que tenha um investimento e preparação adequada para tal feito, como as locações de filmagens, o pagamento dos músicos, dos equipamentos de gravação, a iluminação e sonorização do trabalho, como também a produção e o pagamento de taxas bancárias. A banda teve a ideia de criar um financiamento coletivo online para custear esses gastos.

Para contribuir, basta clicar neste link https://benfeitoria.com/projeto/unpcardeal

Serviço

Benfeitoria - Unidade Nova Praia apresenta: "Cardeal" Show online
Show online de lançamento do disco "Cardeal", realizado através de um experimento audiovisual transmitido através de nosso canal no youtube.
benfeitoria.com com valores a partir de R$ 10. O financiamento vai até o dia 19 de novembro. A banda também está dando recompensas em troca da contribuição, como camisas, o link direto para assistir ao show e o acesso ao show físico.