Política

Heloísa Helena retorna ao Congresso com discurso inflamado contra injustiças e em defesa dos mais pobres

Parlamentar alagoana fez um discurso marcado por fortes críticas ao sistema político, denúncias de injustiças históricas e reafirmação de seu compromisso com os setores mais vulneráveis da sociedade

Por Tribuna Hoje 16/12/2025 23h54 - Atualizado em 17/12/2025 00h02
Heloísa Helena retorna ao Congresso com discurso inflamado contra injustiças e em defesa dos mais pobres
Deputada federal Heloísa Helena (Rede-RJ) - Foto: Bruno Spada / Câmara dos Deputados

A deputada federal Heloísa Helena (Rede Sustentabilidade), suplente pelo Rio de Janeiro, assumiu nesta semana uma cadeira na Câmara dos Deputados durante a suspensão de seis meses do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ). Em seu primeiro pronunciamento, a parlamentar alagoana fez um discurso marcado por fortes críticas ao sistema político, denúncias de injustiças históricas e reafirmação de seu compromisso com os setores mais vulneráveis da sociedade.

Heloísa Helena iniciou sua fala destacando que nunca imaginou voltar ao Congresso em razão de uma “injustiça tão grande” como a suspensão de Braga, a quem classificou como vítima por desafiar “um sistema corrupto, carcomido e cínico”. A deputada relembrou episódios de sua trajetória política, como os embates contra a reforma da Previdência há mais de duas décadas, quando, segundo ela, parlamentares que defendiam trabalhadores foram alvo de repressão policial.

A parlamentar denunciou o que chamou de “moral seletiva” e “ética das conveniências”, afirmando que pagou um preço alto por manter sua coerência, enfrentando derrotas eleitorais e ataques de oligarquias regionais. “Fui derrotada eleitoralmente diversas vezes, pelos podres conluios palacianos, entre um setor de esquerda e a cínica oligarquia alagoana. Na verdade, se merecem. Vergonha eu teria se tivesse me vendido, mesmo agora e muito, muito tempo sem mandato, feito náufrago no maremoto, mas sem jamais assinar a rendição vergonhosa da covardia”, declarou, em referência às pressões políticas que enfrentou ao longo da carreira.

Em tom emocionado, Heloísa Helena afirmou que sua atuação será voltada ao “Brasil profundo”, distante dos cartões postais, e às populações em situação de vulnerabilidade. Citou trabalhadores que enfrentam jornadas exaustivas, jovens recrutados por facções criminosas e famílias que recorrem a vaquinhas virtuais para custear tratamentos de saúde, denunciando a omissão do poder público.

A deputada fez uma reverência às mulheres chefes de família, que classificou como “gigantes”, e criticou a falta de execução orçamentária em políticas de prevenção à violência de gênero. “Curvo-me a vocês, mulheres gigantes”, disse.

Sem poupar críticas, Heloísa Helena acusou o governo anterior de agir “como um soldado covarde e sem honra” durante a pandemia, mencionando os mais de 700 mil óbitos. Também prometeu não se alinhar ao atual governo em pautas que, segundo ela, representem “traição de classe”, como privatizações de setores estratégicos e concessões ao capital financeiro.

Entre as prioridades de seu mandato, destacou a luta contra a reforma administrativa, a criação de um observatório das execuções orçamentárias e a abertura da CPI do Banco Master. “Quem for podre, que se quebre, esteja onde estiver”, afirmou.

Encerrando o discurso, Heloísa Helena agradeceu aos militantes da Rede Sustentabilidade e da federação PSOL-REDE, além de familiares e apoiadores. Em tom desafiador, dirigiu-se também aos críticos: “Para quem me odeia pela minha coerência, pela minha coragem, pelo amor que eu tenho aos pobres, podem continuar me odiando mais ainda”.