Política
Maceió: Arquidiocese negocia imóveis no fim da gestão de Dom Muniz
Venda de duas casas na Avenida Tomás Espíndola, em março de 2024, por mais de R$ 1,4 milhão, na mira do MP/AL
Confirmado. O terreno na esquina da Avenida Tomás Espíndola, com o Colégio Madalena Sofia, no bairro do Farol, é mesmo da Arquidiocese de Maceió, mas foi vendido, em março de 2024, na gestão de Dom Antônio Muniz, sem que o atual arcebispo Dom Beto Breis tenha tomado conhecimento e recebido a prestação de contas.
A transação - envolvendo a venda de pelo menos duas casas - a de número 338, com quase 500 metros quadrados, por R$ 800 mil; e a outra de número 350, com 360 metros quadrados, por R$ 650 mil - está sendo investigada pelo Ministério Público de Alagoas (MP/AL), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco).
De acordo como coordenador do Gaeco, promotor de Justiça Napoleão Amaral Franco, a investigação segue em segredo de Justiça, por isso as informações a respeito das investigações não podem ser reveladas.
“Só podemos confirmar que foi aperto o procedimento investigativo criminal para apurar denúncias de irregularidades envolvendo da Arquidiocese de Maceió e a Fundação Leobino e Adelaide Motta, que é administrada pelo arcebispo da capital”, disse ele.
O chefe do Gecoc disse ainda que várias testemunhas foram ouvidas e vários documentos recebidos, mas toda a apuração dos fatos corre em sigilo absoluto.
Entre os documentos encaminhados ao Gaeco, segundo apurou a reportagem da Tribuna Independente, estão as certidões fornecidas pelo Cartório do 1º Registro Geral de Imóveis e Hipotecas de Maceió, comprovando a venda de duas casas na Avenida Tomás Espíndola, por R$ 1,450 milhão.
A Arquidiocese de Maceió informou, por meio de sua assessoria de comunicação, que por enquanto não iria se manifestar, porque está passando por uma auditoria interna, envolvendo a prestação de contas da gestão anterior. Por isso, só deve se posicionar sobre a venda desses dois imóveis que receber a prestação de contas da gestão de Dom Antônio Muniz, que tinha como braço direito, o padre Walfran Fonseca.
“Enquanto a gente não tiver essa prestação de contas completa, não tem como a gente fazer nada. Mas está tudo sendo apurado. Isso pode ter certeza. Afinal, a Arquidiocese de Maceió é a maior interessada em saber qual a real a situação financeira e patrimonial, e assim que tiver as respostas vai tomar as medidas cabíveis caso seja necessário. Mas o momento, é um momento de inventário”, explicou a assessoria da Cúria Metropolitana.
De acordo com Cartório, o então arcebispo Dom Muniz vendeu o terreno da área comercial, que correspondia a pelo menos duas casas, com números 338 e 350, que ficavam de frente para a pista da Avenida Tomás Espíndola, uma das principais valorizadas da cidade.
Há suspeita de que o terreno da esquina com o Colégio Madalena Sofia seja formado por mais um imóvel, a casa de número 346, também de frente para a Avenida Tomás Espíndola, no Farol.
Com a depreciação dos imóveis, pelo abandono e a ação do tempo, no lugar das três supostas casas, que pertenciam a Arquidiocese, sobrou apenas um terreno baldio, com mais de mil metros quadrados. Os imóveis, de acordo como Cartório, foram comprados pela empresa Macro Empreendimentos, que pertence ao empresário Felipe Sarmento Cordeiro.
Transação feita por preço abaixo do mercado para render “taxa de retorno”
Segundo o corretor de imóveis, que estava interessado no terreno e descobriu por acaso que a área pertencia a Arquidiocese, a transação foi fechada por um preço bem abaixo do mercado, para render “taxa de retorno” aos representantes da Igreja Católica que tomaram à frente das negociações.
“A Arquidiocese estava com esses imóveis hipotecados, por conta de um empréstimo ao Banco do Brasil, tomado por Dom Miguel Fenelon Câmara, em 1981, quando ele respondia pela Arquidiocese de Maceió. Mas a dívida com o banco foi paga e os alvarás dos imóveis colocado à disposição da Arquidiocese. Por isso, a negociação pode ser feita”, comentou o corretor de imóveis, que pediu anonimato, alegando questão de ética profissional.
Segundo ele, um terreno com aquele de frente para a Avenida Tomaz Espíndola, considerada um dos metros quadrados mais caros do Farol, não sairia por menos de R$ 5 milhões. No entanto foi adquirido pelo dono da Macro Empreendimentos, representado na transação pela procuradora Andreia Lima Tocchio, por R$ 1,450 milhão. Valor referente apenas à venda das duas casas, de números 338 e 350.
O Cartório ficou de entregar, na próxima terça-feira (8/7), as informações sobre a terceira casa, de número 346, na mesma avenida, pertencente à Arquidiocese de Maceió. A transação de compra e venda das duas casas foi registrada no 1º Cartório de Registro Geral de Imóveis de Maceió no mesmo dia 25 de março de 2024.
As negociações para o repasse do terreno à empresa Macro Empreendimentos, do empresário e advogado Felipe Sarmento, foram realizadas no apagar das luzes da gestão de Dom Antônio Muniz à frente da Arquidiocese de Maceió. No entanto, falta ele prestar contas do dinheiro dos imóveis e dizer por que vendeu o terreno da Igreja Católica.
OUTRO LADO
A reportagem da Tribuna Independente tentou ouvir Dom Antônio Muniz e o padre Walfran Fonseca, sobre a falta de prestação de contas e a suspeita de desvio de dinheiro da Arquidiocese e da Fundação ligada a ela, mas eles não deram retorno às ligações telefônicas e às perguntas encaminhadas por aplicativo de mensagens.
O empresário Ronnie Mota, que é presidente do Instituto de Previdência do Município de Maceió (Iprev), disse ainda não tinha sido notificado pela Justiça e que só ia se manifestar depois de ter acesso ao processo judicial.
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