A poucos dias do processo de eleição interna acontecer, o clima dentro do Partido dos Trabalhadores em Alagoas (PT-AL) tem ficado bastante acirrado. Com a disputa polarizada entre dois grupos políticos, capitaneados pelo deputado estadual Ronaldo Medeiros e federal Paulão (que apoia Dafne Orion), até a chapa de 2026 já foi adiantada.

No dia 10 de junho, a Comissão Executiva Estadual do Partido publicou uma resolução em suas redes, pré-definindo toda a tática eleitoral para 2026. Na nota, os dirigentes defenderam a manutenção da aliança com o grupo governista do Estado.

“Alianças políticas seguiram sendo uma tática privilegiada para chegarmos em 2026 maiores e com muito mais capilaridade. Em Alagoas, devemos seguir firmes com nossa parceria com o governo Paulo Dantas, e desde já manifestar apoio à candidatura majoritária apresentada pelo bloco governista e os partidos que a compõem”, diz o texto da resolução.

Ao mesmo tempo, já instituíram o deputado federal Paulão como pré-candidato ao Senado.

“Será de vital importância para o futuro governo Lula, e ele próprio já afirmou isso, que tenhamos, no mínimo, um terço do Senado Federal, ou seja, um Senador por Estado. Neste sentido, entendemos a necessidade do PT Alagoas se colocar à disposição para que esse objetivo seja atendido. Em 2026, serão eleitos dois terços do Senado, o que nos possibilita reforçar ainda mais nossa aliança eleitoral, estendendo-a também para o cargo de Senador e indicando o nome do deputado federal Paulão para representá-lo nessa disputa”.

A candidatura é vista por alguns setores como algo que atrapalharia a aliança, já que pode dividir votos com o atual senador Renan Calheiros (MDB). A iniciativa da executiva do PT-AL, que apesar de ter representação de todas as correntes políticas do partido, conta com vantagem numérica da tendência majoritária, a qual Paulão é ligado, Construindo um Novo Brasil (CNB).

Em contato com a reportagem da Tribuna Independente, o deputado Paulão informou apenas que não participou da resolução divulgada pelo partido.
De qualquer forma, não é segredo para ninguém que esse é um caminho que Paulão já estava decidido a trilhar. Desde o final de 2023, antes mesmo de ser iniciada a campanha eleitoral municipal, o federal falou sobre isso em entrevista à Tribuna Independente. “Sou candidato a Senador, disso não abro mão, sou candidato irreversível”.

Desde então, ele espera contar com o apoio do aliado histórico. “São duas vagas, o MDB a gente sempre apoiou, e espero ter apoio agora. Por que o PT não pode ser candidato? A gente só serve para dar apoio?”, disse à época.

Pela prática histórica do PT, candidaturas normalmente são lançadas depois de discussões mais ampliadas, ouvindo a militância em plenárias ampliadas. O próprio texto da resolução confirma isso, deixando claro que esse é apenas um direcionamento, uma sugestão.

“Sabemos que esse tema acerca da tática eleitoral do PT será objeto de amplo debate interno e que respeitará a tradicional democracia petista no momento e nas instâncias oportunas, sempre nos norteando pela necessidade política de termos a nome do companheiro Paulão para representar o PT nesse projeto tão importante para Alagoas, como para o Brasil”.

PROJEÇÕES

Em Alagoas, a disputa pelo Senado tem se intensificado com frequência. Há quem defenda, inclusive nacionalmente, que as candidaturas com maior possibilidade de ganhar as eleições sejam com os nomes do senador Renan Calheiros (MDB), e do deputado federal, Arthur Lira (PP). Renan, por sua vez, já rechaçou a possibilidade.

Ainda de acordo com Renan, o MDB tem condições de reeleger o governador do Estado e ainda emplacar dois nomes de peso para o Senado, sendo um deles, o seu próprio nome.