Política

Crise legislativa em Rio Largo é encerrada

Câmara Municipal revogou, após dois meses de determinação judicial, ato polêmico sobre renúncia do prefeito Pedro Carlos

Por Emanuelle Vanderlei – colaboradora / Tribuna Independente 14/06/2025 08h48 - Atualizado em 14/06/2025 08h49
Crise legislativa em Rio Largo é encerrada
Após toda a crise vivenciada em Rio Largo, prefeito Pedro Carlos rompeu a parceria com o ex-prefeito e se aliou com o governo e Renan Calheiros - Foto: Assessoria

Chegou ao fim, oficialmente, a crise legislativa no município de Rio Largo. Na quinta-feira (12), o presidente da Câmara Municipal, Rogério Silva (PP), iniciou a sessão admitindo o desfecho. “Informo às senhoras e senhores vereadores que o ato número 01/2025 foi revogado por esta presidência e encontra-se publicado no mural de aviso desta casa, em obediência ao princípio da publicidade”.

Rogério, que havia sido empossado prefeito no dia 31 de março, no final da sessão da Câmara Municipal após a leitura de supostas cartas de renúncia do prefeito Pedro Carlos (PP) e Peterson Henrique (PP), foi destituído pela justiça no dia seguinte, mas resistiu à decisão e se manifestou nas redes sociais publicando documentos reforçando que as renúncias, mesmo negadas em público pelos gestores, teria sido legítima. Rogério tentou ocupar o gabinete do prefeito, mas foi impedido por funcionários.

Foram dias de tensão, em que os trabalhos na casa legislativa chegaram a ser suspensos e a instabilidade política predominou na cidade. No dia 10 de abril, a sessão ordinária foi suspensa logo após seu início, porque apenas três vereadores compareceram. Arrumada a casa, as atividades foram normalizadas de maio pra cá. A sessão do último dia 12 foi iniciada com 10 vereadores em plenário.

A revogação simbólica (já que não havia efeito real desde o dia 1º de abril) que aconteceu essa semana, coloca um ponto final em qualquer dúvida que tenha ficado sobre o tema.

Apesar de não ter acontecido nenhuma declaração oficial sobre o assunto, os fatos foram atribuídos ao ex-prefeito Gilberto Gonçalves (PP), grande padrinho político do atual prefeito, mas que havia rompido havia pouco tempo. Gilberto, que até aquele momento ocupava um cargo de secretário especial de governo, foi exonerado por Carlos após a revogação da renúncia feita pela justiça.

Desde então, o prefeito se aproximou do grupo político dos Calheiros, sendo recebido pelo governador Paulo Dantas (MDB) no palácio e recebendo mensagens públicas de apoio do senador Renan Calheiros (MDB). No dia 4 de junho, Carlos apareceu nas redes sociais mais uma vez ao lado de Dantas, anunciando grande evento no próximo dia 20 para inaugurar uma nova escola e iniciar a construção de uma UPA no município.

Filiado ao PP, de Arthur Lira, Carlos fez toda a campanha na cidade utilizando o sobrenome Gonçalves, o que o associava a Gilberto. O ex-prefeito, que nos primeiros dias se movimentou, organizou campanha com promoções nas redes sociais para a população promover seu nome, chamou Pedro de ingrato, acalmou os ânimos. A aliança com Arthur Lira permanece firme, e o deputado federal chegou a participar de atividades promovidas por Gilberto na cidade em maio.

DIÁLOGO COM MACEIÓ

Pedro Carlos também se reuniu com o prefeito de Maceió, JHC (PL), para tratar de questões administrativas envolvendo transporte intermunicipal e até o Aeroporto Internacional Zumbi dos Palmares.

Entre a gestão JHC e antiga administração em Rio Largo sempre houve embates sobre a localização do aeroporto, principalmente devido ao montante de tributos que chega às contas dos municípios tanto da capital quanto de Rio Largo.

Nos bastidores, Pedro Carlos quis evitar qualquer desentendimento com JHC, buscando até parcerias para as eleições em 2026.

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