Política

Gestão do mercado de Jaraguá tensiona política

Vereador David Empregos reitera que medida do Ideral é açodada e Davi Maia diz que está cumprindo missão governamental

Por Thayanne Magalhães / Tribuna Independente 12/06/2025 07h30 - Atualizado em 12/06/2025 17h45
Gestão do mercado de Jaraguá tensiona política
David Empregos garante que estará vigilante sobre cessão do Mercado de Jaraguá e Davi Maia ressalta que foco é melhorar equipamento - Foto: Edilson Omena

O embate entre o vereador David do Empregos (União Brasil) e o presidente do Instituto de Desenvolvimento das Cidades (Ideral), Davi Maia, ganhou novos contornos. Em declarações na Câmara de Vereadores na última terça-feira (10), David voltou a criticar o que chamou de “imposição” por parte do governo estadual na condução da transição do Mercado de Jaraguá.

“Fui o primeiro a tornar pública a notificação de desocupação do Mercado de Jaraguá porque vi ali uma injustiça grave com os permissionários, muitos com décadas de trabalho no local”, afirmou o vereador à Tribuna Independente. Segundo ele, a forma como o processo vem sendo conduzido é “autoritária e sem diálogo”. David acusa o governo de iniciar a retirada da gestão da Prefeitura de Maceió sobre o mercado sem ter ouvido previamente os trabalhadores que atuam no local.

“O governo iniciou a transição sem diálogo, apenas com ameaça e imposição”, afirmou o parlamentar. “A transparência só apareceu depois da pressão que fiz, junto com a Câmara e a sociedade. As promessas vieram após a repercussão, mas os trabalhadores precisam de garantias formais, não discursos”, continuou.

Segundo ele, ainda pairam incertezas sobre o que será feito no local. “Até agora, nenhum projeto foi apresentado com clareza. Fala-se em revitalização, em transformar o mercado num ponto turístico de excelência, mas os trabalhadores, os permissionários que estão lá há décadas, continuam sem saber o que vai acontecer com eles. Isso é inaceitável”.

O vereador prometeu continuar acompanhando de perto todas as etapas do processo. “Vou fiscalizar cada etapa da reforma, exigindo cronograma, escuta ativa e participação direta dos permissionários. O Mercado de Jaraguá é do povo e continuará sendo. Não vamos aceitar decisões tomadas a portas fechadas”, afirmou.

‘MISSÃO DADA’

Davi Maia, em contato com a Tribuna, reforçou que a Prefeitura de Maceió teve tempo para renovar a cessão do prédio, mas não o fez. “A prefeitura apresentou o protocolo da Carhp? [Companhia Alagoana de Recursos Humanos e Patrimoniais, órgão do governo estadual] Se não, o plano segue. Já estamos fazendo todo o plano de execução, alinhamento e tratamento com os permissionários”, disse Maia.

Em tom mais direto, ele minimizou as críticas feitas por David. “É irrelevante responder a ele. Se quiser debater e participar da construção do processo e de um projeto para revolucionar o Mercado do Jaraguá, é muito bem-vindo, como abri espaço para eles e para todos os vereadores e deputados que estiveram na reunião com os permissionários. Agora, não vou estar trocando ofensas ou farpas pela imprensa ou rede social”, disse.

Segundo o presidente do Ideral, o foco deve ser o trabalho. “Até porque o que não me falta é trabalho e problema pela frente. O que a Prefeitura de Maceió não fez em 30 anos, o governador quer que eu faça em sete meses, e nós iremos entregar a missão!”, disparou.

Desde que foi divulgado que a Carhp notificou a Prefeitura sobre a retomada do prédio, que hoje abriga o Mercado de Jaraguá, diversos permissionários relataram insegurança e falta de informações concretas sobre o que virá após a transição.

Até o momento, a Prefeitura de Maceió não informou se pretende entrar na Justiça para tentar reaver a gestão do espaço. A vigência do atual contrato de cessão do prédio expira em outubro deste ano, e, até agora, não houve confirmação oficial de uma nova tentativa de renovação ou de judicialização por parte do município.

Nos bastidores, cresce a expectativa por uma audiência pública na Câmara de Vereadores para debater o tema com a presença de representantes da Prefeitura, do Governo do Estado e dos próprios trabalhadores. A proposta, já discutida anteriormente por parlamentares como Allan Pierre (MDB), deve ganhar força à medida que as pressões aumentam.

Para David do Empregos, o momento exige mais escuta e menos pressa. “É preciso ter responsabilidade social. Não dá pra tratar o Mercado como se fosse apenas um prédio. Ali tem gente, tem famílias inteiras que dependem daquele espaço para viver. Se for pra mudar, que seja com todos juntos, e com garantias, por escrito, insiste o parlamentar”.

Do outro lado, Davi Maia aposta em um discurso de modernização e transformação do espaço como símbolo da nova política estadual de desenvolvimento urbano e turístico. “Nós vamos revolucionar o Mercado do Jaraguá, com um projeto que coloque Maceió no mapa nacional do turismo, respeitando quem trabalha lá, mas também pensando no futuro da cidade”, afirmou.