O município de Rio Largo vivenciou ontem, mais um episódio digno de novela, a exemplo do que classificou o atual gestor da cidade, Pedro Carlos (PP). Ao final de uma sessão extraordinária realizada na Câmara Municipal, os vereadores leram e aprovaram duas supostas cartas de renúncia assinadas pelo prefeito e pelo vice-prefeito, Peterson Henrique (PP). Em poucos minutos, as cartas foram aceitas, o presidente da Câmara Rogério Silva (PP) leu o compromisso e foi empossado como novo prefeito da cidade. A sessão foi encerrada às 13h, e por volta das 14h30 já tinha pronunciamento oficial do prefeito denunciando que a carta seria uma fraude.

“Fomos surpreendidos, mais uma vez, com a insistência em oficializar uma carta de renúncia fraudulenta em meu nome e do vice-prefeito Peterson, um documento inconstitucional e inválido. Seguindo da posse imediata ilegal do presidente da Câmara sendo o principal beneficiado”, disse Carlos ao lado de um grupo de vereadores e do vice-prefeito.

Ele reforçou que, como não é a primeira tentativa de forjar uma renúncia de sua gestão, já denunciou. “Todos sabem que já levamos a todas as instâncias do poder legislativo e judiciário essa situação. Como sempre afirmamos, não existe carta de renúncia nem mesmo a intenção de deixar a nossa missão à frente da prefeitura de Rio Largo. Essa carta é falsa! Fruto de uma tentativa criminosa de golpe. Não renunciei ao meu mandato e nunca irei renunciar, porque eu tenho compromisso com o povo de Rio Largo”. No mesmo vídeo, o prefeito comparou o que está acontecendo com uma peça de ficção. “Mais um capítulo nessa longa novela ‘inverdades em tramas para impedir o desenvolvimento de Rio Largo’”, complementou.

Demonstrando disposição para o enfrentamento, o gestor defende sua permanência no mandato e manda recado aos adversários sem citar nomes. “Digo e reafirmo, sigo sendo prefeito de Rio Largo eleito democraticamente com 32.496 votos. Rio Largo não tem dono, é do povo Rio Largo”.

Foi inevitável a repercussão do fato. Antes mesmo do seu pronunciamento, o vereador Carlinhos Reis (PP) foi às redes sociais informar que foi surpreendido por uma tentativa de golpe na sessão, ele avisou que não se confirmava. “Existem conversas, controvérsias, mas não é verdade. O prefeito Carlos não renunciou e nem vai renunciar”. Ele foi um dos que estavam ao lado do prefeito durante o pronunciamento.

EXONERADO

No início da noite de ontem, o prefeito fez uma transmissão ao vivo para confirmar que está sendo alvo de uma tentativa de golpe e que o ex-prefeito Gilberto Gonçalves, então secretário de Governo, está exonerado do cargo.

Gonçalves tem sido um dos pivôs da crise política instalada em Rio Largo. O ex-gestor tem dito que o atual prefeito não tem cumprido os acordos políticos.
Na semana passada, o prefeito foi ao Ministério Público denunciar que tentaram autenticar e assinar documentos em seu nome sem sua autorização, o que ele classifica como mais uma tentativa de fraudar sua gestão e forjar sua renúncia ao cargo. Na oportunidade, ele recebeu apoio do presidente da Associação dos Municípios Alagoanos (AMA), Marcelo Beltrão (MDB). O vereador por Maceió e colega de partido de Carlos, Thiago Prado (PP), usou as redes sociais para comentar o assunto.

“O debate entre Gilberto Gonçalves e o prefeito Carlos Gonçalves se agrava a cada dia. O Estado já disponibilizou segurança ao prefeito, que alega estar sendo ameaçado e pressiona a renúncia, mas o problema continua crescendo. É fundamental que uma liderança política ou jurídica intervenha para mediar esse conflito antes que uma situação saia do controle”, disse o delegado.

Ele considerou que o município se encaminha para caso de polícia. “O caso de Rio Largo é um passo de se tornar um problema policial. Não podemos permitir que o Estado volte a ser lembrado pela ‘política da bala’”.

O senador Renan Calheiros (MDB), também usou as redes sociais, para cobrar que a suposta fraude e golpe seja investigada e punida com rigor.