Política

Moradores reclamam de tremores nos Flexais

Eles relatam que obras da Braskem e Prefeitura de Maceió teriam feito terra mexer na manhã de ontem no Flexal de Cima

Por Ricardo Rodrigues - colaborador / Tribuna Independente 20/03/2025 13h40 - Atualizado em 20/03/2025 15h50
Moradores reclamam de tremores nos Flexais
Para a comunidade, milhões gastos em revitalização, sem realocação nem indenização justa, não adiantam - Foto: Reprodução

Moradores dos Flexais estão reclamando muito dos transtornos provocados pelas obras de revitalização do bairro, tocada pela Braskem, em parceria com a Prefeitura de Maceió e a carto da Construtora Uchoa. Segundo relatos de moradores, postados ontem (19), nas redes sociais, a terra tremeu na manhã de ontem no Flexal de Cima. No Flexal de Baixo, a reclamação é com relação às obras de saneamento sob a responsabilidade da BRK.

“Estamos passando um sufoco danado com essas obras que não servem para nada, a não ser para infernizar a vida da gente. Avisa a Braskem e a prefeitura que os moradores dos Flexais querem a realocação e não a revitalização”, afirmou o vendedor ambulante Valdemir Alves, morador do Flexal de Cima. Segundo ele, houve um pequeno abalo na casa dele, pela manhã; e outros moradores, vizinhos também sentiram o solo tremer.

“Tremeu aqui em casa, também; eram umas 10 para 11 horas da manhã”, relatou outro morador do Flexal de Cima, vizinho do vendedor ambulante. “Aqui nas Quebradas, o chão também tremeu, mas eu acho que é por conta da movimentação das máquinas e das caçambas usadas nessas obras da Braskem, com a prefeitura de Maceió. Vibra tudo, bem forte. A gente sente mesmo”, relatou outro morador da região dos Flexais.

As obras de saneamento básico, iniciadas há cerca de dois meses, ficam nas proximidades do Parque da Lagoa. No final da rua principal, são obras da Braskem. “Além disso, teve um engenheiro aqui, semana passada, batendo foto da frente das casas e dizendo que ia demolir dois metros e meio de cada casa, para alargar a rua. Isso é terrorismo. Da minha casa, eles não tiram nem um palmo”, desabafou Alves.

Para ele, não adianta a Braskem gastar milhões na revitalização do bairro, se a maioria dos moradores querem a realocação, com indenização justa. “A gente quer sair daqui, por isso quando a gente vê essa movimentação toda, todas essas obras, dá raiva. A gente fica triste, traumatizado, porque não vamos usufruir de nada disso”, acrescentou Alves, que tira o sustento da família vendendo churros na região.
“Tudo isso são projetos que não servem para nada. É dinheiro jogado fora. Até porque o bairro vai entrar na área de risco, conforme previsão do Serviço Geológico do Brasil, que tinha sido engavetado pela Defesa Civil, mas a Defensoria Pública do Estado trouxe à tona”, lembrou Alves, destacando a decisão do defensor público Ricardo Melro. “Se não fosse ele, esse laudo até hoje estaria no esquecimento”, enfatizou.

OUTRO LADO

Por meio de nota, a prefeitura disse que a Defesa Civil Municipal não registrou nenhum tremor de terra na região dos Flexais, na quarta-feira. “A Defesa Civil de Maceió informa que não houve na rede de monitoramento registro de cismo na região dos Flexais nesta quarta-feira (19). O órgão continua monitorando a região de forma ininterrupta”, respondeu assessoria do órgão, ao ser questionada pela reportagem da Tribuna Independente.

A assessoria de comunicação da Braskem também foi procurada para se manifestar sobre o assunto, mas não deu retorno até o final da tarde de ontem. Em outra oportunidade, a empresa disse que as obras de revitalização dos Flexais fazem parte do acordo socioambiental firmado pela mineradora com as autoridades e a prefeitura de Maceió. Uma Unidade Básica de Saúde e uma creche fazem parte da revitalização do bairro.