Tem ganhado força na política alagoana que o nome do ministro dos Transportes e senador licenciado, Renan Filho, que é filiado ao MDB, seja novamente candidato ao Governo de Alagoas em 2026. Renan governou o estado por quase oito anos, mas seu retorno ao estado depende de uma série de conjunturas que estão sendo deliberadas nacionalmente.

Na última sexta-feira (17), Renan Filho voltou a ser questionado sobre o assunto e afirmou que a candidatura ao Governo de Alagoas em 2026 é uma possibilidade. “Vou discutir isso como nosso grupo político. A preferência hoje no MDB essa [Renan Filho ao governo estadual]. Isso se não acontecer nada de novo”, disse o ministro em entrevista ao O Globo.

Após as eleições de 2024, o cenário em Alagoas se desenhou para uma provável candidatura do prefeito de Maceió, JHC, do PL, ao governo. O grupo político adversário, liderado pelo senador Renan Calheiros (MDB), com participação efetiva do governador Paulo Dantas (MDB), tem feito movimentos sobre uma possível volta de Renan Filho, que não negava, mas nunca chegou a assumir claramente a possibilidade.

Ainda no final de 2024, surgiu a especulação de uma possível migração de JHC para um partido da base do governo Lula, o que sinalizaria para uma trégua entre os grupos políticos que poderia viabilizar um acordo e evitar as disputas mais acirradas, como Governo do Estado e Senado. Até o momento, nenhum movimento concreto foi feito, e JHC continua no PL e o senador Renan Calheiros já negou publicamente a possibilidade de aliança com o grupo que incluiria até Arthur Lira, deputado federal e presidente da Câmara.

Vale lembrar que serão duas vagas ao Senado em disputa, e Calheiros e Lira já estão há muito tempo com o ‘bloco na rua’. Sem um acordo, pode haver o risco de um dos dois ficar de fora, pode ser que não queiram pagar para ver. Já JHC, teria um acordo (não assumido publicamente) de deixar a prefeitura sob o comando de Rodrigo Cunha (Podemos) nos últimos dois anos de mandato, para uma provável candidatura ao governo.

DESISTÊNCIA

O destino político de Renan Filho, desde a sua ida ao ministério, apontava para uma projeção nacional. Eleito senador, se tornou ministro e tem sido muito bem avaliado no cargo. Em vários momentos seu nome é cogitado entre os possíveis nomes para vice-presidente da república, na chapa de Lula em 2026.

Sobre isso, o ministro também foi perguntado e manteve o pé no chão, sem se esquivar de um possível convite. “A vice é circunstância, [a candidatura ao governo estadual] não está dependendo tanto disso. É natural que cogitem o meu nome, mas também está um pouco longe”. Ele alega que está empenhado na missão assumida com Lula. “Ainda tenho muitas tarefas aqui. O presidente [Lula], de vez em quando, me diz para eu não ser candidato”.

A razão do conselho de Lula, ele diz não saber, mas supõe. “Fico com vergonha de perguntar. Ele fala que já fui governador, que é importante ter figuras experientes no Senado, na Esplanada. A política está mudando muito, tem um ambiente de mentira que precisa ter gente com densidade para combater”.

A realidade é que o MDB permanece com força em Alagoas, tendo inclusive apresentado crescimento significativo nas eleições municipais de 2024, abocanhando cerca de 70% das prefeituras, mas ainda não conseguiu emplacar um quadro com potência eleitoral parecida com a do ministro para uma disputa majoritária na capital. Apesar de sair vitorioso no interior, o nome apresentado pelo grupo para disputar com JHC não conseguiu nem chegar ao 2º turno em Maceió no ano passado.

Isso somado ao crescimento que tem sido apresentado por JHC traz uma preocupação. Se não houver aliança ou acordo, até lá, o risco de o MDB ir para a briga com JHC e perder faz com que eles acionem a artilharia mais pesada, ou seja, o ex-governador que saiu muito bem avaliado e fez o sucessor Paulo Dantas com facilidade.