Política
Senador está prestes a renunciar ao cargo
Diplomado vice-prefeito de Maceió, Rodrigo Cunha tem até 31 de dezembro para confirmar renúncia; suplente é mãe do prefeito JHC
O senador Rodrigo Cunha (Podemos) está prestes a renunciar ao seu mandato no Senado Federal após ter sido diplomado, na sexta-feira (13), ao cargo de vice-prefeito de Maceió. A assessoria de Rodrigo Cunha informou à Tribuna Independente que ele tem até 31 de dezembro para oficializar a renúncia, embora a data exata ainda não tenha sido definida.
Ele é o primeiro senador que se elege vice-prefeito desde a redemocratização, ao compor a chapa encabeçada pelo atual prefeito JHC (PL).
Com a saída do senador, sua cadeira no Senado será ocupada pela primeira suplente, Eudócia Caldas, filiada ao Partido Liberal (PL). Médica pediatra e ex-prefeita de Ibateguara, Eudócia é mãe de JHC, o que tem gerado discussões sobre a concentração de poder político na família Caldas.
Rodrigo Cunha foi eleito senador por Alagoas em 2018, com 34% dos votos válidos. Antes disso, exerceu o mandato de deputado estadual, sendo o mais votado em Alagoas nas eleições de 2014.
Durante seu período no Senado, Cunha presidiu a Comissão de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle e Defesa do Consumidor, apresentando projetos voltados à proteção dos consumidores e à melhoria da gestão pública. Recentemente, a Comissão de Assuntos Econômicos aprovou o PL 1343/22, de sua autoria, que cria um cadastro nacional informatizado de obras públicas custeadas com recursos federais, visando aumentar a transparência e permitir que os cidadãos acompanhem o andamento dessas obras.
A transição de Rodrigo Cunha para o Executivo municipal marca um movimento inédito desde a redemocratização, sendo o primeiro senador a se eleger vice-prefeito. Sua decisão de compor a chapa com JHC foi vista como uma estratégia para fortalecer a administração municipal e ampliar a base política na capital alagoana.
Eudócia Caldas já possui experiência no Senado, tendo assumido a vaga de Cunha entre maio e setembro de 2022, quando ele se afastou para concorrer ao governo de Alagoas. Sua entrada definitiva no Senado levanta debates sobre a representatividade e a influência de grupos familiares na política alagoana.
Este ano, uma das atuações recentes de Rodrigo Cunha foi na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que investigou a mineradora Braskem, responsável pelo afundamento do solo nos bairros do Pinheiro, Mutange, Bebedouro, Bom Parto e Farol, na capital alagoana.
Cunha chegou a afirmar que a CPI buscou “justiça” e servirá para evitar desastres futuros em outras localidades.
“Toda a construção que foi feita aqui foi uma mudança de página. O reconhecimento público do presidente da Braskem dizendo que tem responsabilidade e que sabe que foi o valsador do dano e da cicatriz criada na cidade e na vida das pessoas. Mas isso não é suficiente, tem que arcar com as consequências. Os acordos devem ser revistos, sem dúvida nenhuma. São milhares de famílias que foram obrigadas a sair de suas casas e ainda há as famílias que estão em localidades vizinhas e aguardam também por justiça. Precisamos rever os acordos e garantir reparação digna e decente às vítimas. Vamos lutar pela aprovação do relatório da CPI e pela efetivação de mais reparações aos moradores. Importante salientar que agora, além da responsabilidade civil, há também a responsabilização criminal da Braskem pelo imenso dano causado a Maceió. Este é outro importante avanço que surge com o relatório da CPI.”, declarou em maio deste ano quando o relatório da CPI da Braskem foi aprovado.
Ainda na CPI, Rodrigo Cunha disse que o mapa de risco das áreas afetadas pelo crime da Braskem precisa ser ampliado.
“Hoje há comunidades ‘lhadas’ e que não foram contempladas com a primeira leva de acordos. E, também, há localidades no entorno seriamente prejudicadas com o afundamento dos bairros vizinhos”.
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