Política
Presidente Lula quer Renan Calheiros e Arthur Lira no Senado em 2026
Presidente brinca com adversários políticos e afirma que chapa para 2026 em Alagoas precisa ser composta pelos dois
Durante reunião com os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) na última quarta-feira (27), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) surpreendeu os presentes ao pegar na mão dos dois, levantá-las, e dizer que sua chapa em Alagoas está formada.
Simulando que Pacheco era o senador Renan Calheiros (MDB-AL), Lula disse: “em 2026, quero estar num palanque em Alagoas, com esses dois, Renan e Lira, e dizer que essa é a minha chapa para o Senado lá”.
Arthur Lira caiu na gargalhada. Afinal, ele é um inimigo declarado de Renan Calheiros em Alagoas. Logo depois, ainda de mãos dadas com Rodrigo Pacheco, completou. E esse é o meu futuro governador de Minas.
A reunião teve o objetivo de apresentar aos dois as medidas fiscais e pedir o apoio do Legislativo para que elas sejam votadas ainda neste ano, para garantir o equilíbrio das contas públicas.
Por sinal, o clima era realmente de total descontração na reunião. Dois desafetos, Lira e o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, sentaram um ao lado do outro durante a reunião. E trocaram impressões sobre as medidas que Lula apresentava ao comando do Congresso.
RIVALIDADE ELEITORAL
Nas eleições municipais deste ano, Lira encerrou a disputa eleitoral com dificuldade para avançar no interior e assistindo ao seu adversário político no estado, o senador Renan Calheiros, consolidar seu poder na maior parte dos municípios.
Alagoas, há mais de uma década, se vê dividida entre os grupos políticos de Renan e de Lira — e, para além do poder regional, ambos veem o aumento das suas influências locais como uma forma de expandir seus poderes a nível nacional.
Em 2026, os dois devem buscar vagas no Senado, que, naquele ano, terá duas cadeiras por estado.
RESULTADOS
As eleições municipais alagoenses terminaram com 65 das 102 prefeituras com o MDB de Renan. O partido calculava vitória em 65 a 70 das cidades do estado. Já o PP ficou com 27 prefeituras.
Em comparação com 2020, o MDB havia conquistado o comando de 38 prefeituras, enquanto o partido de Lira ficara com 28. Ou seja, em números, o partido de Renan teve uma alta de 71% no número de prefeituras que comanda.
Quando o recorte é de apoios feitos especificamente por Lira ou Renan, um levantamento da GloboNews nas redes sociais dos dois parlamentares mostra que o presidente da Câmara apoiou publicamente pelo menos 34 candidatos à prefeitura vitoriosos em Alagoas.
Entre as vitórias, está a reeleição em primeiro turno do prefeito JHC (PL), de Maceió, aliado do presidente da Câmara. A capital é o maior colégio eleitoral do estado.
A complexidade política alagoana traz ainda um cenário inusitado: Lira apoiou publicamente pelo menos dois nomes do MDB.
Já Renan e seu grupo político estiveram presentes na campanha de pelo menos 49 das 65 prefeituras conquistadas pelo MDB — isto é, em quase metade das 102 cidades alagoanas.
E pelo menos uma das derrotas foi amargada pessoalmente por Lira: a da cidade de Junqueiro, cidade natal de seu pai, Benedito de Lira.
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