Política

Deputado critica ação judicial da Braskem contra lideranças

Mineradora processou moradores dos bairros afetados que lutam por reparações justas e garantias de direitos

Por Thayanne Magalhães - repórter / Tribuna Independente 04/07/2024 08h12
Deputado critica ação judicial da Braskem contra lideranças
Rafael Brito garantiu apoio ao MUVB e disse que vai levar o caso ao conhecimento da Câmara dos Deputados - Foto: Sandro Lima

O deputado federal por Alagoas Rafael Brito (MDB) criticou duramente a decisão da Braskem de processar líderes de movimentos religiosos e políticos em Maceió que defendem as vítimas do afundamento de solo causado pela empresa na cidade. O parlamentar, pré-candidato a prefeito de Maceió, ressaltou que a mineradora se sentiu legitimada a tomar essa atitude após um acordo celebrado com a prefeitura.

“Vítimas sendo processadas pelos criminosos? Isso acontece quando o prefeito, que deveria defender as pessoas, faz um acordo com uma empresa que destruiu a vida de milhares! É inacreditável que as vítimas de um crime tão horroroso como esse sejam processadas pela vilã da história, depois dela ter tirado parte das suas histórias! Minha total solidariedade!”, afirmou Brito. Ele expressou apoio ao líder do Movimento Unificado de Vítimas da Braskem (MUVB), Maurício Sarmento, uma das pessoas intimadas na ação, e a todas as vítimas que estão protestando e sendo processadas pela empresa.

O deputado também prometeu fazer um pronunciamento na Câmara Federal contra o que ele classificou como “mais esse absurdo que a empresa está cometendo”.

Na última semana, a Justiça de Alagoas intimou lideranças políticas e religiosas que participaram de um ato contra a Braskem em 2021. Entre os réus da ação estão o Pastor Wellington Santos, da Igreja Batista do Pinheiro, Cônego Walfrane, Pai Célio, e o deputado estadual petista Ronaldo Medeiros.

O pastor Wellington, em entrevista, classificou a ação como uma tentativa de intimidação. Ele afirmou que a ação da Braskem visa silenciar e ameaçar representantes e moradores afetados pelo desastre.

“Nós realizamos um ato em dezembro de 2021, um protesto pacífico, interditamos as entradas da Braskem, porque queríamos nos manifestar, denunciar o crime. Colocamos uma urna funerária na porta, à época, para denunciar os 14 suicídios, que agora já são 16”, disse Wellington. Ele destacou que as intimidações judiciais são uma tática dos poderosos para silenciar a imprensa e os ativistas. “A Braskem diz que se sentiu ameaçada, olha que ironia’’, acrescentou.

A Braskem busca em um acordo a proibição de qualquer manifestação contra a petroquímica em um raio de 10 km da empresa, o que incluiria áreas como o bairro de Mangabeiras e Farol, que ficam aproximadamente a 9,6 km da sede da Braskem, na Av. Assis Chateaubriand, no Pontal da Barra.