Política
Ministério Público de Alagoas vai periciar telefones
Promotor acredita que após procedimento será averiguado se há ligações de agentes públicos com organização criminosa
Cinco pessoas acusadas de integrarem uma suposta organização criminosa (Orcrim) que firmou contratos milionários com 20 municípios alagoanos, movimentando a vultosa cifra de R$ 243 milhões, foram denunciadas pelo Ministério Público do Estado de Alagoas (MP/AL). A denúncia foi formalizada na 17ª Vara Criminal da Capital na última quinta-feira (16), destacando que a Orcrim firmava contratos onerosos com entes públicos e desviava grande parte dos recursos para contas de duas empresas fictícias.
À Tribuna Independente, o promotor de Justiça Frederico Alves contou que um dos alvos, localizado em um prédio empresarial localizado na parte baixa de Maceió, teve apreendido R$ 649 mil em espécie. O próprio promotor esteve no local para dar cumprimento ao mandado de busca e apreensão.
“E nessas caixas tinham nomes de municípios envolvidos nos crimes. Também foram apreendidos os celulares, que foram encaminhados para o núcleo de perícia do Ministério Público. Então, certamente, a partir da semana que vem, poderemos romper os lacres e iremos extrair os dados deles. A partir dos dados desses celulares, vamos averiguar se há existência de envolvimento de agentes públicos na organização criminosa”, avalia o promotor.
Durante a operação Maligno, deflagrada no dia 16, as autoridades apreenderam diversos bens de luxo, incluindo uma Porsche Carrera 911 e duas Land Rovers, na residência do líder do suposto grupo criminoso. Além dos veículos, foram encontrados celulares, documentos e equipamentos eletrônicos. O MP Estadual agora foca na segunda fase da operação, investigando o pagamento de propina às prefeituras envolvidas.
O promotor de Justiça Frederico Alves explicou que a cooperativa, ao ser contratada pelo poder público, recebia vultosas quantias que deveriam ser destinadas ao pagamento dos cooperados e atividades relacionadas. No entanto, grande parte do dinheiro público era transferido para duas empresas fictícias, dissimulando o desvio de capital e o enriquecimento ilícito do grupo através de notas fiscais fraudulentas.
“Não podemos citar nomes de envolvidos e é falaciosa, mentirosa, a notícia que diz que há prefeitos sendo investigados. Mas se identificarmos algum gestor municipal, cabe à Procuradoria Geral de Justiça investigar”, explicou o promotor.
PAGAMENTO DE PROPINA
O promotor contou ainda que a denúncia também revelou que o casal proprietário da pseudocooperativa é o principal beneficiário dos montantes desviados, levando uma vida luxuosa desde a constituição da empresa em 2019. Outros dois acusados, economicamente humildes, cederam seus nomes para empresas de fachada, permitindo a transferência dos valores públicos para o patrimônio do casal.
De acordo com as investigações do Ministério Público Estadual, os chamados “testas de ferro” também realizavam saques e pagamentos de propinas, conforme evidenciado nas planilhas apreendidas, que detalhavam pagamentos a agentes públicos, incluindo R$ 15 mil a um policial.
LAVAGEM DE DINHEIRO
Parte do esquema envolvia uma mulher cooptada para assumir a presidência da falsa cooperativa. Ela formalizava contratos, assinava documentos e presidia assembleias, permitindo que o líder da suposta organização criminosa operasse livremente. As investigações apontaram que ela foi crucial para o sucesso das atividades criminosas.
Para lavar o dinheiro, os valores eram pulverizados no mercado financeiro, utilizados em shows e eventos em Sento Sé, município localizado na Bahia, e na aquisição de bens como fazendas e veículos de alto valor. Parte do dinheiro também financiava novos empreendimentos, incluindo um hotel no interior da Bahia.
PEDIDOS DO MP/AL
Os promotores de Justiça Frederico Alves, Kleber Valadares, Izelman Inácio e Rodrigo Soares pedem a condenação dos cinco acusados pelos crimes de peculato, lavagem e ocultação de bens, falsidade ideológica, enriquecimento ilícito, contratação direta ilegal e organização criminosa. As investigações continuam na busca de justiça e responsabilização dos envolvidos.
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