A estadia do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e sua esposa, Michelle Bolsonaro (PL), no último final de semana em Maceió, serviu para que vereadores, que são candidatos à reeleição, bem como a quem vai disputar nas urnas o mandato para a Câmara de Maceió, vinculassem suas imagens ao bolsonarismo em busca de atrair capital político.

A estratégia foi vista com frequência em dois exemplos: o vereador Leonardo Dias (PL), foi o responsável por entregar títulos de Cidadão de Maceió tanto ao ex-presidente quanto à ex-primeira-dama. As homenagens ocorreram na última sexta-feira (5) e sábado (6), respectivamente. Dias, que é candidato à reeleição, utilizou as suas redes sociais para mostrar que estava próximo de Jair e Michelle, e destacou a importância de ambos no cenário político eleitoral na capital.

No contexto atual, o Partido Liberal, que é presidido por Valdemar da Costa Neto, tem utilizado Michelle Bolsonaro como “plano b” para ser a candidata do partido à presidência. Michelle tem viajado os estados, visitado igrejas evangélicas e dado opiniões políticas, demonstrando que está no páreo para disputa em 2026, já que Jair Bolsonaro está inelegível até 2030, por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Em discurso na Assembleia Legislativa do Estado (ALE), na sexta-feira (5), Bolsonaro, que recebeu o título de Cidadão Honorário de Alagoas, chegou a dizer que se sente como “Rainha da Inglaterra” (termo político utilizado para dizer que não manda em nada), no Partido Liberal, e quem determina os rumos da legenda é Valdemar da Costa Neto.

E foi na Assembleia Legislativa que mais um exemplo foi observado. Responsável pela proposição da honraria a Jair Bolsonaro, o deputado estadual Cabo Bebeto (PL), aproveitou o momento para colar a imagem de seu filho, Cayo Bebeto, a do ex-presidente da República. Cayo Bebeto levou Bolsonaro até o plenário da ALE para que ele fosse homenageado.

O parlamentar tem se dedicado para que Cayo Bebeto seja eleito vereador pelo PL nas eleições deste ano em Maceió. Cayo já foi secretário Extraordinário da Juventude e Lazer, pasta criada pelo prefeito JHC (PL), para abrigar aliados políticos. Cayo já se desincompatibilizou e está com a sua pré-campanha nas redes sociais e nas ruas da capital.

Quem também se aproveitou da estadia bolsonarista em Maceió foi a suplente de senadora, Eudócia Caldas, mãe do prefeito JHC. Ela organizou o evento que homenageou Michelle Bolsonaro com o título de Cidadã Honorária. Antes do período eleitoral nas eleições de 2022, Eudócia assumiu o mandato de senadora graças a licença do senador Rodrigo Cunha (Podemos).

Polarização entre partidos tem continuidade

O cenário político em Maceió ganhou mais holofotes devido à vista do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e sua esposa, Michelle Bolsonaro (PL). Quem tem intenção política nas eleições deste ano, aproveitou para tentar colar a sua imagem junto a do ex-mandatário e da ex-primeira-dama, no entanto a professora da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), e cientista política, Luciana Santana, destaca que o pleito municipal não sofre tanta interferência da política nacional.

“Eleições municipais têm peculiaridades, são menos influenciadas pelo cenário político nacional. Os temas que importam mais são da espera ‘doméstica’ do município. Entretanto, as capitais podem sofrer alguma influência do cenário político mais amplo. No caso temos a permanência da polarização [PL x PT] política das duas últimas eleições. Deste modo, o Partido Liberal em Maceió conseguirá ser agraciado pela permanência de força bolsonarista na capital, mas especialmente pela força política que o prefeito atual terá nas urnas”, avalia Luciana Santana, em contato com a reportagem da Tribuna Independente.

Mas, nem tudo foram flores na estadia do ex-presidente e Michelle Bolsonaro, ao menos para a vice-prefeita de Atalaia, Camyla Brasil, que vai disputar a prefeitura do município pelo partido Solidariedade. Camyla foi expulsa do PL pouco tempo depois de ter comparecido ao evento que homenageou a ex-primeira-dama.