O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), recebeu, na última sexta-feira (5), na Assembleia Legislativa do Estado (ALE), o título de Cidadão Honorário de Alagoas, proposto pelo deputado estadual Cabo Bebeto (PL), em 2019. À época, por questões de agenda política, Bolsonaro não conseguiu ser agraciado com a honraria. Entre os argumentos do parlamentar na proposição do título, estava a contribuição do ex-mandatário do país Bolsonaro no envio de respiradores para o estado quando da pandemia da Covid-19.

Vale destacar que Jair Bolsonaro, enquanto esteve na presidência, empreendeu esforços no país para que a população descreditasse na pandemia da Covid-19, uma doença que somente no Brasil, vitimou mais de 700 mil pessoas. Frases como “não sou coveiro” e imitações irônicas de pessoas com falta de ar demonstraram o quanto o ex-mandatário não tinha sensibilidade com o avanço da doença. Também foi constatado pela CPI da Covid-19, no Senado, que a gestão Bolsonaro pouco se esforçou na compra de vacinas para imunizar a população. Em 2022, ele disse ter se arrependido por falas e ausência de ações no período da pandemia.

Cabo Bebeto presidiu os trabalhos por ser propositor da honraria. Ao se dirigir ao ex-presidente, disse que os alagoanos sabem da importância de Bolsonaro para o estado. “Alagoas recebeu 327 respiradores do governo federal, de UTI e transporte, além de quase R$ 700 milhões em recursos para o enfrentamento da pandemia da Covid-19. Foram feitos diversos investimentos em infraestrutura em Maceió, São Miguel dos Campos e no Canal do Sertão. Por isso que Jair Bolsonaro merece ser homenageado”.

Ao utilizar a tribuna para falar da homenagem, Jair Bolsonaro evitou polemizar sobre eleições, ter sido derrotado nas urnas em 2022, e não citou, naquele momento, apoios a nomes que devem disputar as eleições em Maceió ou nos municípios do interior.

“Essa homenagem me recarrega as baterias, lutar pelo país. Quis o destino que chegássemos à presidência da República em 2019. Temos nomes que irão disputar as eleições aqui no Nordeste e destaco os trabalhos feitos por alguns ministros, a exemplo do Gilson Neto. Também temos o governador do maior estado do país, que é o Tarcísio de Freitas, em São Paulo. Desconheço prefeitos e governadores que não tenham recebido recursos do governo federal”, disse Bolsonaro.

Em seguida, Bolsonaro destacou que enfrentou dificuldades econômicas por causa da pandemia da Covid-1, mas garantiu o envio de vacinas aos estados. “Quem queria tomar vacina, tomou. O governo não obrigou a tomar vacina. Eu não tomei vacina porque li a bula da Pfizer. Não vou entrar no assunto. Também tivemos a política do ‘Fique em Casa’, quando garantimos R$ 600,00 de auxílio emergencial às famílias”.

Em março deste ano, a Polícia Federal indiciou o ex-presidente pelos crimes de associação criminosa e inserção de dados falsos em sistema de informações no caso que apura a falsificação de certificados de vacinas de Covid-19. O crime de associação criminosa prevê pena de 1 a 3 anos de prisão; o de inserção de dados falsos em sistema de informações, de 2 a 12 anos.

Já a CPI da Covid, que transcorreu no Senado em 2021, destacou em seu relatório final que houve negligência por parte do governo e indícios de corrupção nas tratativas para compra de vacinas. As primeiras ofertas de aquisição preferencial de vacinas foram da CoronaVac, do laboratório chinês Sinovac, e da Pfizer. A CPI esmiuçou as negociações com a Pfizer, a CoronaVac, a indiana Covaxin e outras tentativas paralelas de compra, que não avançaram.

Segundo a minuta do relatório da CPI, o próprio ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello confirmou, que entre maio e junho de 2020, o governo recebeu a primeira proposta oficial da empresa Pfizer, um memorando de entendimento em que estavam previstas as quantidades de 1,5 milhão de doses em 2020; 18,5 milhões até o final do primeiro semestre; e o restante até o final do ano, totalizando 70 milhões de doses. Mas, segundo a CPI, o governo não fechou as compras dos imunizantes.

Quanto à menção da ‘política do fique em casa’, Bolsonaro foi crítico da conduta que permitia as famílias buscarem proteção em suas residências e evitar aglomerações. O próprio presidente, à época, promovia encontros, motociatas, facilitando a transmissão da doença. Neste período, em 2021, Bolsonaro participou demais de 80 eventos com aglomeração.

Ao citar que o governo pagou R$ 600,00 de auxílio emergencial, Bolsonaro não disse que enviou para a Câmara dos Deputados um projeto para aprovação com o valor de R$ 200,00 de auxílio. Os parlamentares foram os responsáveis em aumentar a verba para R$ 600,00.

Ex-presidente disse ter criado o Pix e critica STF por condenar réus do 8 de janeiro

Ao presidir a sessão especial que entregou o título de Cidadão Honorário de Alagoas ao ex-presidente Jair Bolsonaro, o deputado Cabo Bebeto (PL), se aproveitou do momento e pediu para que seu filho, Cayo Bebeto (PL), pré-candidato a vereador conduzisse o ex-mandatário até o plenário.

Entre os parlamentares presentes à sessão, estavam os deputados estaduais Leonam Pinheiro (União Brasil), Mesaque Padilha (União Brasil), Rose Davino (PP), Cibele Moura (MDB), que integra a bancada de apoio do governo Paulo Dantas (MDB). Quem representou o prefeito de Maceió, JHC, que preside o PL em Alagoas, foi o secretário do Gabinete Civil, Filipe Lins.

Pix?

Ainda utilizando da tribuna para destacar ações de seu mandato presidencial, Bolsonaro disse que criou o Pix. No entanto, a ferramenta de pagamento instantâneo entre os bancos começou a ser preparado no período do governo de Michel Temer (MDB). Além disso, o Banco Central, cuja equipe técnica desenvolveu o Pix, tem autonomia e não sofre interferência do Executivo para fazer seus projetos.

Em 2020, Jair Bolsonaro foi questionado por apoiadores sobre o que seria o Pix, ferramenta que estava vigorando aquela época. Bolsonaro, por sua vez, respondeu achando que se referia ao Ministério da Infraestrutura, do então ministro Tarcísio de Freitas. “Tem uma... não li... temos uma do Tarcísio essa semana que vai praticamente desregulamentar, desburocratizar tudo sobre aviação civil, carteira de habilitação para piloto”, respondeu Bolsonaro.

Ainda no discurso, Bolsonaro agradeceu aos seus apoiadores pelas “doações” em seus Pix, que somaram mais de R$ 17 milhões. Ele disse que grande parte do valor já foi gasto com advogados, e que ainda há pouco mais de R$ 10 milhões em sua conta.

8 DE JANEIRO

Os ataques aos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023, pouco tempo depois da posse do presidente Lula, também foi abordado por Bolsonaro na Assembleia Legislativa. O ex-presidente disse que “pessoas estão sendo condenadas e deixando famílias órfãs”.

“As pessoas estão sendo condenadas no Supremo Tribunal Federal [STF], e eu não concordei com o que aconteceu em 8 de janeiro. Estão desrespeitando o Estado Democrático de Direito”, disse Bolsonaro ao direcionar a sua crítica aos ministros que estão julgando os réus.

Bolsonaristas radicais invadiram o Congresso Nacional, o STF e o Palácio do Planalto. O ataque às sedes dos 3 Poderes e à democracia é sem precedentes na história do Brasil. Os terroristas quebraram vidraças e móveis, vandalizaram obras de arte e objetos históricos, invadiram gabinetes de autoridades, rasgaram documentos e roubaram armas. Entre os argumentos dos bolsonaristas para a quebradeira, estava a insatisfação pela derrota de Bolsonaro na eleição em 2022.

‘INCOMPETENTES’

Bolsonaro não entrou em muitos assuntos específicos à gestão do presidente Lula. O ex-presidente disse que os atuais ministros “são incompetentes”, e que o “Brasil corre o risco de se transformar numa Venezuela e atrasar pagamentos e salários de servidores a partir de julho deste ano”. Entretanto, Jair Bolsonaro não apresentou os dados com as projeções econômicas acerca desse cenário.

Bolsonaro também disse que não há comparação entre os ministros Paulo Guedes, que em seu governo chefiava a Economia, e Fernando Haddad, atual ministro da Fazenda no governo Lula. Foi na gestão de Paulo Guedes, em 2021, que famílias brasileiras chegaram a disputar em algumas cidades, a “fila do osso e restos de comida”, a exemplo do que aconteceu em Cuiabá, no Mato Grosso.

Alfredo Gaspar lembra que ex-mandatário venceu nas urnas em Maceió

Jair Bolsonaro chegou ao Aeroporto Internacional Zumbi dos Palmares, em Maceió, na manhã de sexta-feira (5). Acompanharam o ex-presidente uma série de aliados alagoanos, que hoje estão no exercício de mandatos eletivos, a exemplo dos deputados federais Alfredo Gaspar (União Brasil-AL), Delegado Fábio Costa (PP), do deputado estadual Cabo Bebeto (PL), e do vereador Leonardo Dias (PL).

Estima-se que mais de 500 pessoas estiveram presentes à chegada do ex-presidente. Ao descer do avião, Bolsonaro seguiu em carreata com outros apoiadores por alguns bairros da capital alagoana.

Durante o trajeto, ao lado do deputado Alfredo Gaspar, Bolsonaro apareceu em um vídeo em que diz estar “satisfeito em voltar ao Nordeste e que seja uma estadia proveitosa”. Já o parlamentar disse que o ex-presidente é bem-vindo, pois Maceió tinha lhe dado a vitória nas urnas em 2022. Vale lembrar que o ex-presidente perdeu em Alagoas e nos demais estados nordestinos no segundo turno quando disputou à reeleição com o hoje presidente Lula (PT).

‘DE MITO A LADRÃO’

Antes de chegar a Alagoas, Bolsonaro foi recebido, na última quinta-feira (4), em um restaurante em Goiânia (GO), com gritos de “ladrão”, “vai para a cadeia” e “mito”.

O antigo chefe do Executivo brasileiro esteve na cidade para participar do lançamento da pré-candidatura do deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) para a prefeitura da capital.

TÍTULO DE CIDADÃO EM MACEIÓ

O ex-presidente também recebeu o título de Cidadão Honorário de Maceió, uma proposta do vereador Leonardo Dias (PL), durante sessão na Associação Comercial, em Jaraguá, que também contou com a presença do prefeito de Maceió, JHC (PL).

“O município de Maceió lhe é muito grato. Aqui o senhor obteve 57% dos votos. Essa votação em uma capital do Nordeste não foi à toa. O senhor aqui entregou mais de 1700 moradias, o viaduto da PRF e reduziu impostos. Hoje é um dia de agradecimento, não só por isso, mas sobretudo pelo que foi despertado em todos - sejam jovens, crianças e idosos - que estiveram presentes nas manifestações que ajudaram a recuperar o nosso país. É também isto que em 2014, me fez sair da minha vida de empresário e me dedicar à política, em busca de transformação, de mudança e de esperança”, destacou o vereador.

Neste sábado (6), a ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, comandará um evento do PL Mulher, a partir das 9 horas, no salão de eventos Spazio Gatti, no bairro da Serraria. Durante a cerimônia, Michelle Bolsonaro receberá das mãos do vereador Leonardo Dias o Título de Cidadã Honorária de Maceió.