Política

Deputado federal Fábio Costa vai a São Paulo para manifesto de Bolsonaro

Aliados de Bolsonaro, deputado Alfredo Gaspar, vereador Leonardo Dias e prefeito JHC não confirmaram presença no ato

Por Emanuelle Vanderlei - colaboradora / Tribuna Independente 17/02/2024 09h00 - Atualizado em 17/02/2024 10h08
Deputado federal Fábio Costa vai a São Paulo para manifesto de Bolsonaro
Delegado Fábio Costa confirmou que estará em São Paulo - Foto: Reprodução

Depois da convocação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), nas redes sociais, apoiadores em todo o país estão sendo mobilizados a participar de um ato na Avenida Paulista, em São Paulo. Nos últimos dias, o ex-presidente teve o passaporte confiscado pela Polícia Federal, e isso tem gerado especulações sobre a proximidade de uma possível prisão. Em Alagoas, alguns políticos permanecem entre os apoiadores, mas nem todos confirmaram presença na atividade até agora.

Dos aliados do ex-presidente no estado, que está inelegível por oito anos, por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), somente o deputado federal Delegado Fábio Costa confirmou presença. Outro detentor de mandato – o vereador Leonardo Dias (PL) –, não garantiu que estará na capital paulista em apoio a Bolsonaro.

A Tribuna Independente tentou contato com o prefeito de Maceió, JHC (PL), e com o deputado federal Alfredo Gaspar (União Brasil), mas não houve êxito até o fechamento desta edição.

Na convocação, Bolsonaro pede que ninguém compareça com faixa ou cartaz contra “quem quer que seja”, e diz que pretende se defender das acusações. Ele pede o verde e amarelo e diz que “a fotografia” irá mostrar o que eles querem: Deus, pátria, família e liberdade.

Apesar das acusações de tentativa de golpe de Estado que tem pesado sobre muitos bolsonaristas, inclusive o próprio Bolsonaro, desde os atos de 8 de janeiro de 2013, o discurso dele e dos que o apoiam têm utilizado como justificativa a “defesa do estado democrático de direito”.

Para o deputado federal Fábio Costa, o ato é pacífico e ele estará no local. “A manifestação pacífica é um instrumento legítimo de expressão democrática. Estaremos presentes para reafirmar valores como Deus, pátria, família e liberdade. É fundamental que a mobilização ocorra de maneira pacífica, respeitando a diversidade de opiniões e promovendo o diálogo construtivo em prol do país.”

Na Assembleia Legislativa do Estado, o deputado estadual Bebeto (PL) confirmou na manhã deste sábado (17) a sua participação no ato e defendeu o chamamento. “É importante para que o presidente fale o que ele está passando. Essa será também uma forma de mostrar que as pessoas têm o direito de apoiar alguém e pensar diferente”.

Na opinião do colega de partido de Bolsonaro, “muita gente está acuada, se sentindo podada no seu direito, tem medo de se expressar”. Ele afirmou que quando Bolsonaro era presidente, quem pensava diferente, por mais absurdo que parecesse, tinha o direito de falar o que pensava, todo mundo podia se manifestar. “Eu vejo uma parcela importante e significativa da sociedade que está insatisfeita, temorosa, acuada”.

Bebeto reforça a fala sobre a democracia, ironicamente a pauta mais defendida pela esquerda que criticava o governo Bolsonaro. “É importante que as pessoas compareçam para mostrar aos que são avessos à democracia, que a gente não está gostando. É necessário esse contato dele com o público para transmitir o que está sentindo. Espero que seja um movimento ordeiro e pacífico e que todos possam se manifestar e falar o que pensam e o que estão sentindo”.

Cabo Bebeto confirmou neste sábado (17) sua presença no manifesto bolsonarista (Foto: Reprodução)

Sem explicar por que não pretende comparecer, o vereador Leonardo Dias (PL) também faz uma leitura otimista do governo anterior. “Defendo o que sempre defendi: um país livre, com uma democracia real e não relativa, com o Estado sendo eficiente, não persecutório, que respeite a liberdade de expressão, as liberdades individuais, de credo, de mercado etc. O governo Bolsonaro colocou o país neste caminho como mostram os resultados alcançados com a melhora no emprego, as estatais dando lucro, tendo superávit, desburocratizando e longe dos níveis de corrupção que vimos no passado”.

Ele acredita que as acusações que pesam sobre Bolsonaro não passam de perseguição. “Foram várias as narrativas usadas para tentar acabar com Bolsonaro até esta data. Todas elas foram se mostrando vazias. O povo tem percebido isso e, não por acaso, Bolsonaro tem tido apoio popular por onde passa, como ocorreu quando visitou recentemente Alagoas. Sou totalmente favorável às manifestações pacíficas que venham a defender as nossas liberdades. Afinal, neste momento não se trata só de Bolsonaro. É direito do presidente se defender e prestar contas aos seus apoiadores. Bolsonaro tem meu apoio”.

“Objetivo da manifestação é intimidar o STF”, diz especialista

Cientista político e professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Ranulfo Paranhos avalia que o objetivo da mobilização é intimidar as instituições como o Supremo Tribunal Federal (STF), que o declarou inelegível apesar de não acreditar que vá surtir efeito. “[Jair] Bolsonaro nunca esteve tão perto do perigo e das ameaças como ele está agora, então ele vai usar a população na rua, mais uma vez, para tentar ameaçar o STF, mas isso não deu certo das vezes anteriores”.

O cientista político observa que Bolsonaro aposta que no volume de apoiadores, que apesar de ter perdido as eleições e reduzido no último período, ainda é um número significativo no país.

“Ele tem uma reserva de mercado, tem apoiadores. Então ir para a rua, por mais que seja um fracasso, mas ele sabe que tem apoiadores ainda. A aposta dele é a aposta que ele faz desde o primeiro dia do governo, desde as primeiras ameaças, desde as primeiras tentativas de enfraquecer as instituições, que é a aposta de que a força popular é um mecanismo capaz o suficiente de dar contornos nas instituições, de passar as instituições, de circular as instituições, ou em outras palavras de que é essa força popular que ele quer mostrar é capaz de intimidar o STF, mais especificamente, o Alexandre de Moraes. A gente já sabe que o evento está sendo patrocinado pelo Silas Malafaia, então o Silas Malafaia não é político, possivelmente vai ter um discurso muito duro e por aí vai. Então, eu acho que esses três pontos aí são três pontos fundamentais”.

Como estamos em ano eleitoral, Ranulfo acredita que apoiadores podem ir para capitalizar, mas essa não é uma preocupação do líder. “Eu não apostaria que ele está olhando para as eleições e para os partidos políticos, é óbvio que aqueles partidos, aqueles políticos que se elegeram nessa onda bolsonarista e que apostam muito nele ainda como Cabo eleitoral, se farão presentes, porque querem manter o próprio nome em evidência”.

Observando a história recente, Paranhos não acredita que ele pense em ampliar o capital eleitoral de seus apoiadores.

“Acho que uma lógica que explica bastante isso é se a gente olhar para o comportamento dele no passado. Então, desde 2018, eleição de 2018, eleição de 2022, o comportamento como presidente da República, a relação dele com os políticos próximos e com a própria família. Então, a primeira coisa que a gente pode tirar daí é o que a gente pode dizer que Bolsonaro encarna muito bem aquela coisa de me and myself [eu e eu mesmo]. Então, se ele mantiver essa lógica, então o primeiro ponto é que ele não atua segundo uma lógica partidária de fortalecer os partidos de pensar em eleições ou em rodada seguinte”.