Política

Bancada de JHC resiste à instalação de CEI da Braskem

Parlamentares dizem que não é possível saber qual objetivo da investigação na Câmara

Por Emanuelle Vanderlei - colaboradora / Tribuna Independente 21/12/2023 09h42
Bancada de JHC resiste à  instalação de CEI da Braskem
Vereador Leonardo Dias foi um dos principais a se pronunciar contra a instalação da CEI da Braskem - Foto: Assessoria

A iniciativa da vereadora Teca Nelma (PSD), de instaurar uma Comissão Especial de Inquérito sobre a Braskem na Câmara Municipal de Maceió, tem enfrentado resistência da bancada d do prefeito JHC (PL) na fase da coleta de assinaturas. Durante a sessão de ontem (20), aliados e opositores discutiram sobre o tema.

Leonardo Dias (PL), levantou o assunto em um longo pronunciamento onde acusou a proposta de não estar dizendo o real interesse. “Vamos ser claros, o que se pretende na verdade é investigar um acordo que foi feito entre a prefeitura e a Braskem, então não vamos dizer que vai investigar a Braskem, porque a Braskem é criminosa o que se pretende é investigar o acordo para gerar um fato político para uma eleição que se aproxima”.

Como já houve uma outra CEI sobre a Braskem há poucos anos, Dias acusou os que assinaram a proposição de não ter certeza sobre a culpa da empresa. “Vão nos seus instagrans e dizem ‘Braskem criminosa’, e querem abrir uma CEI para investigar a Braskem? Ela já é criminosa, inclusive essa casa chegou a essa conclusão em 2019”.

Ele defendeu o acordo da prefeitura com ironias contra a CEI. “O que se quer fazer é com que a prefeitura devolva o dinheiro para a Braskem, na certa querem que a devolva o dinheiro do R$ 1,7 bilhão. A Braskem é criminosa, mas ela precisa ficar com esse dinheiro, vamos pensar mais para frente quanto vai ser”.
Sua fala foi rebatida pelo pronunciamento do vereador Joãozinho (PSD), um dos que já definiram apoio à CEI. “Talvez o vereador Leonardo Dias desconheça o que se trata o requerimento de solicitação da CEI. A CEI que está proposta pela vereadora, se trata do dimensionamento dos danos causados agora pela mina 18, os prejuízos da lagoa Mundaú, apuração de responsabilidade do monitoramento do solo, e claro, os acordos”.

Joãozinho critica o acordo mencionado por Dias e defende que faz parte do trabalho da casa investigar “Ninguém aqui é contra acordo não, sempre falei, se foi vantajoso ou não foi, quem vai poder responder é a Prefeitura de Maceió, que foi ela que fez o acordo. Deve ter se baseado em algum dado, algum número. Agora não precisa ser jurista, não precisa ser advogado para entender que em algumas cláusulas esse acordo foi vergonhoso para o município de Maceió. Aí eu não posso ser conivente com isso. Eu fui um dos vereadores que mais bateu por uma questão de compras. Ninguém é contra compra de hospital, agora cabe a gente fiscalizar, que é o nosso papel vereador. Se no meio do caminho alguém modificou o jeito de atuar, eu não tenho nada a ver com isso”.

O debate foi seguido por falas dos aliados do prefeito, que só reforçaram a preocupação da gestão municipal em inviabilizar a investigação. Marcelo Palmeira (PSC) e João Catunda (PP) se pronunciaram fazendo acusações ao senador Renan Calheiros (MDB) e contra a instalação da CEI.

“Quando você fala de uma CEI, nesse momento aqui na Câmara considero como fora de hora. Vejo como desnecessário nesse momento, que vamos entrar num ano eleitoral, seja aberto aqui um procedimento desse que não vai trazer grandes resultados. Porque se já foi instaurado aqui em outro momento, foi feito um parecer final pedindo indiciamentos, providências, e hoje tramita no senado federal já aprovado e com presidente, inclusive da comissão de investigação, para que o senado federal possa fazer essa investigação. Eu acho que é um poder com muito mais possibilidade de fazer uma investigação muito mais efetiva e que busque trazer os verdadeiros culpados pelo que ocorreu na nossa cidade”, disse Palmeira.

Já Catunda, reclamou de políticos estarem politizando o debate e reforçou posicionamento contra. “É uma CEI que, se a gente for parar para analisar nesta casa hoje, não tem uma certa lógica de ser instaurada nesse momento. Tem que trabalhar do jeito que tem que ser trabalhado, e não politizar do jeito que querem politizar. Não tenho hoje interesse algum em assinar a CEI proposta pela vereadora Teca Nelma, porque não tem lógica dessa CEI ser instaurada. Existe hoje uma CPI instaurada no senado federal. Qual a necessidade de discutir aqui o mesmo assunto, lembrando que já foi discutido no passado?”.