Política

TJ/AL rejeita pedido para apurar compra do Hospital do Coração

Por decisão do desembargador Celyrio Adamastor, prefeito JHC não pode ser investigado no caso por falta de provas

Por Tribuna Independente 15/11/2023 09h16 - Atualizado em 15/11/2023 16h26
TJ/AL rejeita pedido para apurar compra do Hospital do Coração
Compra do Hospital do Coração pela Prefeitura de Maceió foi parar na Justiça, que não viu irregularidades - Foto: Jonathan Lins / Secom Maceió

O desembargador Celyrio Adamastor, do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ/AL), negou um pedido do procurador-geral de Justiça de Alagoas, Márcio Roberto Tenório de Albuquerque, para investigar o envolvimento do prefeito de Maceió, JHC (PL) na polêmica compra do Hospital do Coração. O magistrado considerou que “não se mostra coerente deflagrar procedimento investigativo com fundamento tão somente nas ilações e conclusões pessoais expostas pelo denunciante [...] haja vista que nada de concreto foi realmente apresentado. Diante da falta de provas, o desembargador entendeu não ser necessário a abertura de uma investigação contra o chefe do Executivo Municipal.

Em sua decisão, Celyrio Adamastor destacou ainda que não se pode negar que o vultoso valor destinado à operação chama a atenção. Contudo, o desembargador cita que “está-se falando da aquisição de um imóvel que já conta com edificação estruturada e especializada para a prestação de um serviço público específico, não se podendo, meramente em razão do alto valor envolvido e da teorização subjetiva acerca do mau emprego do recurso, cogitar-se pela tendência corruptora do ato sem haver elementos, ainda que minimamente indiciários, acerca da possibilidade de atos ilícitos pelo Prefeito Municipal e/ou pelos Secretários Municipal da Saúde e da Fazenda.”

Celyrio Adamastor ressaltou também que qualquer investigação, ainda que sob sigilo, traz efeitos estigmatizantes e extraprocessuais indesejados, mesmo diante de ato praticado por agente político, o qual, por se tratar de figura pública, sempre se encontra passível das mais variadas e, legítimas, críticas e fiscalizações.

O PEDIDO

O que gerou a decisão do TJ foi uma representação pedida pelo procurador-geral de Justiça de Alagoas, Márcio Roberto de Albuquerque, que solicitou a autorização após ter recebido uma representação que levantou suspeitas a respeito da compra do Hospital do Coração. A compra custou R$ 266 milhões aos cofres do município e será paga com recursos da negociação entre a Prefeitura de Maceió e a Braskem.

“Para sabermos se há ou não fundamento nas denúncias apresentadas pelo parlamentar, o objetivo do PIC será apurar se há irregularidades no processo de desapropriação de imóvel feito pelo prefeito JHC com vistas à instalação de um hospital municipal. A investigação, já determinei, caso autorizada, transcorrerá sob sigilo, até que tudo seja devidamente apurado”, prossegue o magistrado na decisão.

Albuquerque informou que designou um grupo de seis promotores de Justiça para fazer essa investigação, que contará também com o apoio do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) e do Núcleo de Gestão da Informação (NGI), que prestará apoio operacional e, caso necessário, ajudarão na realização de diligências.

A COMPRA

O anúncio da compra foi feito no último dia 29. A estimativa da prefeitura é de que o Hospital da Cidade comece a funcionar no primeiro trimestre de 2024 e que, quando estiver pronto, atenda 55 mil pessoas por ano. Serão 220 leitos, sendo 40 de UTI e 20 semi-intensivo. O Hospital da Cidade vai funcionar onde hoje está instalado o Hospital do Coração, que está sendo desapropriado, para dar lugar ao novo investimento público.

O Hospital terá foco em maternidade, com atendimento em oncologia, exames de diagnóstico e cirurgias gerais e hospital do coraçãozinho, para cuidar dos bebês. O Hospital da Cidade será inteiramente mantido pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS).