Política
Senador Renan Calheiros pede auditoria técnica na Braskem
Pedido é feito ao governador Paulo Dantas um dia depois do incêndio na unidade da mineradora no polo de Marechal Deodoro
Um dia depois do incêndio na unidade da Braskem do Polo Industrial de Marechal Deodoro, o senador Renan Calheiros, presidente do MDB de Alagoas, pediu providências ao governo do Estado para investigar o processo de produção da petroquímica, na região metropolitana de Maceió.
“Governador Paulo Dantas, faço uma sugestão: acionar o Ministério Público para fazer uma auditoria técnica detalhada nas instalações da Braskem em Alagoas, ainda esta semana”, sugeriu o senador Renan Calheiros, ontem pela manhã, em uma das suas páginas nas mídias sociais.
Preocupado com os sucessivos incidentes registrados pela mineradora em Alagoas, o senador quer que o governo do Estado acompanhe de perto essa questão, não só por meio da Defesa Civil Estadual, como também através do Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA) e do Conselho Estadual do Meio Ambiente (Cepram).
Além disso, o senador quer que o governador Paulo Dantas (MDB) solicite a intervenção do Ministério Público para que investigue os últimos incidentes registrados nas unidades da Braskem em Marechal Deodoro e em Maceió. Recentemente, o governo do Estado criou um grupo de trabalho para acompanhar o Caso Braskem.
Na segunda-feira da semana passada, o MPF pediu explicações à Braskem sobre os abalos sísmicos registrados na unidade da mineradora no bairro do Mutange, em Maceió. De acordo com a Defesa Civil Municipal, os abalos foram registrados pelos sismógrafos do órgão, mas com tremores de baixa intensidade.
Com o incêndio registrado no início desta semana, na unidade da Braskem do Polo Industrial, o sinal de alerta foi ligado. Até porque esta não é a primeira vez que incidentes como esse ocorrem nas dependências da mineradora. Além disso, recentemente, outros sinistros foram registrados nas unidades da Braskem em outros Estados.
Em 22 de junho deste ano, em Santo André, um grande incêndio foi registrado na unidade da Braskem naquele município da grande São Paulo. De acordo com informações da imprensa paulista, uma pessoa morreu e outras quatro ficaram feridas.
No final de outubro, uma explosão em uma das estruturas da Braskem, no Polo Industrial de Camaçari (BA), teria assustado trabalhadores do local, causando tumulto e correria: “um peão passando por cima do outro”. Em nota, a Braskem não citou a explosão, mas informou que houve um vazamento de óleo que acabou causando o incêndio.
AVISO SONORO
Em julho deste ano, ocorreu o controverso aviso de vazamento químico na região do Pontal da Barra. A Braskem sustentou a versão de que houve um “engano”, mas até hoje não explicou as circunstâncias em que se deu o sinal sonoro, nem tampouco informou as conclusões da investigação que iria ser feita para identificar as causas.
Ecologista Geraldo Marques defende realocação da indústria do Pontal
De acordo com os integrantes do Movimento Unificado das Vítimas da Braskem (MUVB), até hoje a Braskem não explicou direito o alarme falso. O fato é que o aviso sonoro causou pânico nos moradores, muita gente passou mal, a região foi evacuada, ambulâncias foram chamadas, Defesa Civil acionada, mas a empresa não deu as explicações necessárias e nem disse quais as providências foram tomadas.
Com o incêndio de segunda-feira, no Polo de Marechal Deodoro, a resposta dada pela Braskem foi a mesma: lacônica. A petroquímica logo se apressou em dizer que o fogo “ficou restrito a um único equipamento”, que “não houve feridos ou maiores consequências” e que “as causas serão investigadas”.
INTERDIÇÃO
Para o ecologista José Geraldo Marques, essa sequência de sinistros mostra que a população de Maceió corre risco real de um grande acidente. Por isso, ele reforça também a necessidade de realocação da planta industrial do Pontal da Barra.
“A situação nas unidades da Braskem sempre foi problemática. Se a mineradora não passar por séria e imediata avaliação, a tendência é essa situação se agravar”, afirmou Marques, acrescentando que “detectado um novo perigo, caberá ao poder público exigir a imediata interdição da petroquímica em Alagoas”.
Marques disse ainda que “em alguns lugares a Braskem manda. Aqui manda e desmanda”. Ele defende que seja providenciado um relatório urgente, detalhando sobre quais as substâncias foram implicadas desta vez e qual foi o impacto provocado pelo incêndio.
“O IMA precisa relatar qual o impacto potencial de cada substância e de cada produto, até para evitar reincidência”, defendeu o ecologista, elogiando a iniciativa do senador Renan Calheiros, de solicitar uma auditoria técnica nas instalações da Braskem em Alagoas.
NOTA DA BRASKEM
“A Braskem informa que hoje, terça-feira, 13/11, por volta das 13h30, no Polo Industrial Multifabril José Aprígio Vilela de Marechal Deodoro, na unidade de PVC, houve um evento de processo, seguido de princípio de chamas e fumaça, com a atuação adequada do dispositivo de segurança e restrito a este equipamento. A brigada de emergência foi acionada de imediato, o evento já foi totalmente controlado e sem danos ambientais.
A área foi preventivamente evacuada, sem vítimas. As causas dessa ocorrência estão sendo investigadas e os órgãos competentes foram comunicados. A Braskem reafirma o seu compromisso com a segurança nas suas operações, das pessoas e da comunidade.”
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