Em entrevista à Rádio CBN, o deputado federal Rafael Brito, presidente do MDB de Maceió, disse que a prefeitura está fazendo propaganda enganosa do Hospital do Coração, que foi comprado pelo prefeito JHC (PL), por R$ 266 milhões. “Com esse valor a prefeitura poderia ter construído três hospitais”, afirmou o deputado.

“Além disso, a prefeitura diz que o complexo hospitalar tem 220 leitos, mas o Hospital do Coração conta apenas com 75 leitos. É o que consta no cadastro do hospital no Ministério da Saúde. As pessoas que trabalham lá sabem que disso e qualquer pessoa que entrar naquele prédio da esquerda, vai ver que está tudo desocupado, tudo vazio, nem tem nenhum leito, não entra paciente, não entra doente”, acrescentou.

“Há sim, uma compra desastrosa, um devaneio com os recursos públicos. A gente pode estar diante da maior compra fraudulenta da história do serviço público de Alagoas, que é a aquisição desse hospital pela prefeitura de Maceió”, completou Rafael Brito, dizendo que “gostaria de estar errado, mas como a negociação foi feita sem transparência, possivelmente eu esteja certo”.

Sem transparência

Duas semanas depois de anunciada a aquisição do hospital, segundo o deputado, a prefeitura ainda não explicou com clareza como se deram as negociações e nem apresentou a documentação. “Por isso, tenho quase certeza de que há coisa de errada por trás dessa transação muito nebulosa”, afirmou o deputado.

Segundo ele, a falta de transparência na aquisição do hospital, por parte da prefeitura de Maceió, fez com que o MDB e o PSB questionassem o Ministério Público Estadual que avalie essa compra e se posicione sobre a legalidade da transação. Brito disse ainda que enviou três ofícios, um para à prefeitura de Maceió, outro para o Hospital Albert Einstein e outro para a empesa de consultoria, solicitando informações a respeito do complexo hospitalar que a prefeitura adquiriu.

O deputado disse que há um padrão de preço para aquisição de hospital público e privado. “Primeiro, não há nenhuma consultoria empresarial que avalie a compra do hospital, não existe isso. Nós estamos pedindo essas informações, mas sabemos que não existe isso, nem laudo e nem consultoria, porque se tiver está errado. Há um padrão de preço, de privado para privado, é de 1,5 milhão por leito. Esse hospital tem 75 leitos, por isso sairia por no máximo R$ 100 milhões. Há um sobre preço que precisa ser investigado. Principalmente, porque não foi uma operação de compra e venda, foi uma desapropriação. Uma operação de mais de R$ 266 milhões, fechada da noite para o dia”.

Prefeito nega qualquer irregularidade na aquisição

Questionada sobre as declarações do deputado Rafael Brito, a assessoria do prefeito JHC fez questão negar qualquer irregularidade na transação e confirmou que o Hospital da Cidade será a maior referência de hospital público do Nordeste.

Por meio de nota, a assessoria do prefeito JHC disse que “a negociação foi vantajosa para o município e para a população que ganhou um hospital de alta complexidade, totalmente equipado e preparado para atender qualquer paciente nessa esfera”.

NOTA

“A prefeitura de Maceió lamenta e estranha a atitude da oposição, que se posiciona contra a entrega do primeiro hospital público da história da cidade. A oposição é que precisa explicar à população o que está por trás de toda esta raivosa movimentação. A negociação aconteceu seguindo toda a legislação e vai garantir à população de Maceió o melhor e mais moderno complexo médico de Alagoas, com atendimento em alta complexidade, com especialidades como nefrologia, neurologia, cardiologia, cardiopediatria, cirurgia geral, terapia intensiva, ultrassonografia, gastrenterologia, oncologia, pediatria, obstetrícia, neuropediatra, além do que há de melhor em equipamentos e a assistência da equipe da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Hospital Albert Einstein, a maior referência em medicina da América Latina. Ao que parece, para a oposição, a população mais pobre não tem o direito de pisar em um hospital de melhor qualidade. Para a prefeitura, o povo merece sempre o que há de melhor”.

CUSTO

De acordo com a assessoria do prefeito JHC, “a aquisição do Hospital da Cidade tem o custo mais baixo que outros investimentos, semelhantes a ele, seja comparando com a rede pública ou com a privada. O Hospital Metropolitano do Agreste, em Arapiraca, por exemplo, tem um custo de obra superior aos R$ 235 milhões. O metro quadrado do projeto fica por R$ 8,8 mil. Já o Hospital da Cidade tem um custo de R$ 8,6 por metro quadrado. Mesmo considerando que o metro quadrado de Maceió é bem mais caro que em Arapiraca”.

“Se comparados os preços da negociação entre a prefeitura e unidades particulares, também fica evidente que o valor está até abaixo do praticado no mercado. O Memorial Arthur Ramos teve custo de R$ 18.600 por metro quadrado”.

“Quando comparado com o custo/leito, o Hospital da Cidade também mostra ser mais eficiente. O Hospital da Unimed tem um valor/leito de R$ 1,5 milhão, considerando preços atuais. Já o Hospital da Cidade fica por E# 1,2 milhão. Outro ganho para a gestão é que a nova unidade não sofrerá embargos, atrasos e estará a serviço da prefeitura já no primeiro trimestre do ano que vem”.

“Hospital da Cidade será maior referência pública do Nordeste”

O Complexo Médico Hospitalar da Cidade, segundo a prefeitura de Maceió, será a maior referência em serviço de saúde pública de alta complexidade do Nordeste. “O primeiro hospital público de Maceió terá 220 leitos e atendimento em diversas especialidades”, garante a assessoria de comunicação da prefeitura, lembrando que Maceió era a única capital da região sem um equipamento deste porte.

Com previsão para entrar em funcionamento pleno no primeiro trimestre de 2024, “o Hospital da Cidade tem tudo para se tornar o melhor e mais moderno serviço de saúde da região, tornando-se na principal referência em procedimentos de alta complexidade, com tecnologia de ponta, infraestrutura e conforto para os pacientes e acompanhantes”. A aquisição do hospital, segundo a assessoria de comunicação da prefeitura, custou R$ 266 milhões e foi anunciada no final do mês de setembro, pelo prefeito JHC (PL).

“O complexo contará com Hospital do Coração, Casa do Coração, Casa do Coraçãozinho e Hospital da Cidade – este último com atendimento em maternidade e neonatal, oncologia, cirurgia geral e exames. Além da gestão do Hospital Albert Einstein, mais importante centro médico da América Latina”, informou a assessoria da prefeitura.

“Com capacidade para 220 leitos, o complexo hospitalar possui diversas especialidades, entre elas: nefrologia, neurologia, cardiologia, cardiopediatria, cirurgia geral, terapia intensiva, ultrassonografia, gastrenterologia, neuripediatria e exames”.

O Hospital da Cidade, acrescenta a assessoria da prefeitura, “vai oferecer procedimentos de alta complexidade, a exemplo de angioplastia coronária, cateterismo, embolização pulmonar e cadiopediatria. A expectativa é de que até 20 mil atendimentos sejam realizados por mês. Serão aproximadamente 10 mil cirurgias, 50 mil consultas médicas 70 mil exames”.

Ainda de acordo com informações da assessoria da prefeitura, “o Hospital da Cidade está sendo incorporado à rede municipal já completamente construído e com todos os equipamentos, que somados ultrapassam os R$ 20 milhões, distribuídos em diversos setores como salas de emergência, hemodinâmica, medicina nuclear, leitos de internação, centros cirúrgicos, leitos de UTI e semi-intensivo, UTI neonatal e sistemas. Toda aparelhagem é de ótima geração, com destaque para a tomografia computadorizada Multi Slice, com 120 canais/detectores – o que resulta em alta precisão o diagnóstico“.

Segundo a assessoria do prefeito JHC, “o tratamento humanizado é dum dos pilares do Complexo Hospitalar da Cidade, permitindo a estadia de familiares durante todo o processo de tratamento. O acompanhamento presencial do familiar na UTI, ao mesmo tempo em que é benéfico ao paciente, reduz a ansiedade da família. O Hospital da Cidade será inteiramente mantido pela Secretaria Municipal da Saúde”.