Política

Governo federal deve apresentar relatório com medidas de proteção ao povo Yanomami, determina Barroso

Decisão ocorre após a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) apontar ao STF que órgãos federais estão descumprindo determinações da Suprema Corte

Por Pedro Henrique Gomes e Márcio Falcão / g1 e TV Globo 24/09/2023 19h33
Governo federal deve apresentar relatório com medidas de proteção ao povo Yanomami, determina Barroso
Aeronave da Marinha do Brasil durante operação no Território Yanomami, Goiás - Foto: Divulgação / Marinha do Brasil

O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que o governo federal apresente um relatório detalhado sobre o andamento das medidas para garantir proteção aos Yanomami.

Em 2021, Barroso determinou que o governo federal tomasse imediatamente "todas as medidas necessárias" para proteger a vida, saúde e segurança de populações indígenas das Terras Indígenas Yanomami e Munduruku. Pela decisão do ministro, o governo deveria "destacar todo o efetivo necessário a tal fim e permanecer no local enquanto presente tal risco".

A decisão ocorre após a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) apontar ao STF que órgãos federais estão descumprindo determinações da Corte e que há um aumento de 4% no garimpo nas terras do Yanomami entre janeiro e junho deste ano.

A Apib afirmou que vê resistência das Forças Armadas em auxiliar órgãos do governo federal no cumprimento das medidas de proteção, o que tem dificultado, por exemplo, o combate à mineração ilegal, a entrega de cestas alimentares destinadas à ajuda humanitária. Outro ponto é que o espaço aéreo na região ficou fechado por apenas seis dias.

A entidade também disse que houve o agravamento da crise sanitária em algumas comunidades, com aumento de incidência de malária em até 11 vezes em alguns locais, se comparado com o mesmo período do ano anterior.

Barroso determinou que o governo preste informações detalhadas. "À União para se manifestar, detalhadamente, por cada um dos seus órgãos e entidades, acerca dos pedidos acima, com especial atenção à alegação de não entrega de cestas alimentares destinadas à agenda humanitária", escreveu o ministro.

Resistência das Forças Armadas

De acordo com a Apib, há “enorme resistência” das Forças Armadas, que estariam atuando de forma deficiente ou com demora, em apoiar os órgãos federais para o cumprimento das decisões.

Entre outros pontos, afirma que os alertas de garimpo na TI Yanomami foram interrompidos e que o espaço aéreo na região ficou fechado por apenas seis dias, dificultando o combate à mineração ilegal.

Também sustenta que as cestas alimentares destinadas à ajuda humanitária não estão sendo entregues ou entregues com demora, provocando perda de alimentos.

Doentes por malária

A entidade relata ainda o agravamento da crise sanitária em algumas comunidades, com aumento de incidência de malária em até 11 vezes em alguns locais, se comparado ao mesmo período do ano anterior.

A entidade também afirma que o contingente de profissionais, materiais e infraestrutura é insuficiente e que falta articulação entre diferentes órgãos, entidades e ministérios.