A conscientização sobre a necessidade de combater a violência contra a mulher, aliada a Campanha Agosto Lilás, continua sendo pauta prioritária na Câmara Municipal de Maceió. Em audiência pública realizada, nesta segunda-feira (28), pelo vereador Brivaldo Marques (MDB) entidades e personalidades que atuam na defesa da mulher foram homenageadas no Plenário Galba Novaes de Castro.

Segundo Brivaldo a proposta da solenidade representa a oportunidade de mostrar a importância da denúncia. Ela é a única forma de garantir a vida e mobilizar a estrutura de apoio oficial existente no Estado e no município.

"Essa solenidade é para mostrar ao povo que há muitas pessoas protegidas pela rede de apoio na estrutura municipal e estadual. Todas essas mulheres que foram homenageadas estão em favor das mulheres que estão na mão do opressor. O agosto lilás representa bem isso. Quem está aqui luta o dia a dia por outras mulheres. O nosso foco e empenho é transformar a realidade. Os homens precisam saber que serão punidos severamente. Que o respeito não é somente fora de casa, mas principalmente dentro dela. As mulheres precisam denunciar os casos porque isso pode salvar a sua vida", defendeu Brivaldo.

Entre as convidadas a advogada Isabele Montenegro, que conta com a proteção da Patrulha Maria da Penha, fez uma fala de agradecimento ao parlamentar. Ela explicou que viver a violência de perto foi uma das piores experiências de sua vida. Mas, poder contar com a rede apoio a fortaleceu de modo a lhe dar força e consciência de que precisa apoiar outras mulheres.

"É uma honra compor esta mesa com homens e mulheres tão importantes para esta causa. Estou aqui para agradecer a patrulha na condição de mulher, advogada, mãe e cidadã. Nunca imaginei me ver nesta condição. Estou aqui exposta, mas fui uma das mulheres que teve a coragem de fazer a denúncia e conto com muito apoio para recomeçar. Em dois dias, desde a denúncia, contei com apoio e fui protegida" relembrou Isabele.

A mãe do vereador Brivaldo, que representa o Projeto Só para Mulheres, Maria Aparecida Antonino, no Benedito Bentes destacou que a iniciativa surgiu há muitos anos quando vivia em situação de vulnerabilidade.

"Via em mim e nas mulheres a necessidade da assistência a nossa saúde. Pensava na importância das políticas públicas. A época não fui assistida. E isso me deu coragem para ajudar. São muitos obstáculos, mas a recompensa e a motivação se dá a cada sorriso e mudança na vida das mulheres", disse Maria Aparecida.

Segundo Camile Wanderley da Rede de Atenção as Vítimas de Violência Sexual, o trabalho ganhou força em 2018 quando foi reconhecida pela Secretaria Estadual da Mulher e Direitos Humanos. A partir dali ficou claro que a violência era um problema de saúde pública.

"Ela foi se estruturando e se fortalecendo. No ano passado ela deixa de ser rede atenção as vítimas de violência sexual e passa a ser uma rede de atenção às violências. Contamos com o apoio da SEMUDH e gostaria de dizer que mais de 6 mil mulheres foram atendidas de 2018 a julho de 2023. É assustador o número e não representa 10% da violência contra a mulher em Alagoas. É através da rede e desses elos firmados que vamos fazer um Estado melhor e um Município melhor", disse Camile.

A comandante da Patrulha Maria da Penha, coronel Márcia Daniele Silva de Assunção destacou a prestação de contas da patrulha em apoio as vítimas de violência.

"Reforço a necessidade de termos o olhar cuidadoso para essa batalha que diariamente travamos na defesa e no combate a violência contra a mulher. Somos uma corrente linear e cada um com seu elo é importante para preservar a vida das mulheres. Hoje é um dia de alegria porque na sexta-feira recebemos dois mandados de prisão e graças a minha tropa formada por mulheres e homens, a guarnição que estava a frente do cumprimento só descansou quando tirou mais dois agressores das ruas", enfatizou a coronel Márcia.

Movida pela emoção a secretária Municipal da Mulher, Ana Paula Mendes, agradeceu a solenidade e por ver outras mulheres serem reconhecidas por suas ações em defesa da mulher. Conforme lembrou os números elevados revelam o quanto era necessário a articulação da rede pois existiam muitas demandas.

"Reconheço aqui as ações de mulheres que estão 24horas por dia, cada uma em sua atividade lutando por outras mulheres. Nós precisamos sempre nos unir porque o Executivo e o judiciário têm que andar de mãos dadas. A PM tem problemas em vários setores, mas a Patrulha Maria da Penha tem feito um trabalho sensacional. Ela deveria só para cumprir medidas protetivas, mas hoje prendem os agressores e fazem os flagrantes", disse Ana.

Ela também lembrou o trabalho feito pelo projeto Maceió sem Assédio. Em várias oportunidades a patrulha agiu, mesmo quando a própria PM se recusava a agir num dos eventos.

"Espero que possamos fortalecer a patrulha porque ela é necessária no combate a violência contra a mulher. Essa honraria é mais que merecedora. Colocam a vida em risco, inclusive dentro da própria instituição", completou Ana.

As ações do Estado foram destacadas pela secretária Estadual da Mulher, Maria José da Silva. Em sua avaliação a criação da rede de proteção e a presença da Patrulha Maria da Penha se tornaram referência nacional.

"Nós nos reunimos sempre para agir em defesa dessa pauta tão importante que é a mulher. O tema é sempre prioridade. Entre todas as da rede não há vaidade, mas sim construção. Quando nos reunimos a primeira vez com a coronel Daniela só existia uma guarnição da Patrulha Maria da Penha e hoje são dez viaturas com várias guarnições dia e noite. Isso é fruto da união. Então precisamos continuar nos fortalecendo com os municípios. As mulheres precisam sempre juntar forças. Nosso partido são as mulheres", defendeu a secretária Maria José.

Uma das homenageadas a presidente do Observatório Estadual de Políticas para a Igualdade Racial, Arísia Barros. Ela também ressaltou a importância da união de forças.

"A união é uma revolução. E a revolução é quando nos levantamos. Alagoas é o Estado é onde mais morrem mulheres negras. Esses números ainda são fora da realidade. Há mulheres morrendo e passando fome. Quando temos uma família em situação de miséria o feminicídio começa a acontecer. Quando o homem fica ainda mais violento porque não consegue sustentar a família ali também começa o feminicídio. Há um feminicídio preto em nosso Estado. Precisamos discutir o orçamento em gênero e raça. É preciso avançar", disse Arísia.

Veja a relação completa das homenageadas:

1 - RAVVS – Rede de atenção a vítimas de violência sexual

– Camille Lemos Cavalcante Wanderley

2 – Associação das Mulheres Advogadas de Alagoas

– Dra. Ane Caroline Fidelis

3 - Secretaria Municipal da Mulher, Pessoa com deficiência, idosos e cidadania (Semuc)

- Ana Paula Mendes

4 – Instituto Raízes da África

– Arizia Barros

5 - Comissão Especial da Mulher – OAB

– Dra. Cristiane Rouse Nascimento Lúcio

6 – Assistida da Patrulha Maria da Penha

– Isabele Montenegro

7 - Patrulha Maria da Penha

– Cel. Márcia Danielli Silva de Assunção

8 - Vereadora

- Gaby Ronalsa

9 - Vereadora

- Silvania Barbosa

10 - Vereadora

- Olivia Tenório

11 - Vereadora

- Teca Nelma

12 - Advogada Criminalista e da Família

– Dra. Julia Nunes Santos

13 - Projeto Só mulheres

– Maria Aparecida Antonino

14 - Delegacia Especializada de Defesa dos Direitos da Mulher

- Kelly Kristynne Amorim de Souza

15 - Centro Especializado de atendimento à mulher em situação de violência – CEAM Jarede Viana

– Martha Cardoso

16 - Madrinha da Patrulha Maria da Penha

– Geraldina Brito dos Santos Tenório

17 - Associação da Vânia

- Eryvanya de Amorim Gato Lopes

18 – Secretaria de Estado da Mulher e dos Direitos Humanos de Alagoas

- Maria José da Silva