Política

Senador recebe demandas do MUVB

Renan Calheiros se reúne com moradores dos Flexais, em Bebedouro, e reafirma compromisso contra omissão da Braskem

Por Editoria de Política com Ricardo Rodrigues e assessoria com Tribuna Independente 23/05/2023 10h02
Senador recebe demandas do MUVB
Renan Calheiros tem sido crítico da empresa e tratado do assunto para cobrar da Braskem que arque com os prejuízos - Foto: Assessoria

O senador Renan Calheiros (MDB) se reuniu ontem (22), com os moradores dos Flexais de Cima e de Baixo, na região de Bebedouro, para ouvir as demandas relativas ao abandono da região após o desastre ambiental provocado pela mineradora Braskem nos bairros do Pinheiro, Bom Parto, Mutange, Farol e Bebedouro.

No encontro com o senador, os moradores relataram que a Braskem não tem dado a mesma atenção aos Flexais frente aos mesmos problemas que ela causou nos bairros do Pinheiro, Bebedouro, Cambona e Mutange.

Para Maurício Sarmento, coordenador do Movimento Unificado das Vítimas da Braskem (MUVB), a ajuda prestada pelo senador Renan Calheiros é importante para que a mineradora arque com as suas responsabilidades. Sarmento destacou, ainda, que as histórias sobre a venda da Braskem é algo que preocupa, pois a empresa pode se distanciar ainda mais das famílias que estão no prejuízo.

“Contamos com a sua ajuda, senador, para evitar que a Braskem tire o corpo fora, que seja vendida sem cumprir com sua obrigação de indenizar e realocar cada família moradora de forma justa”, destacou.

Segundo Sarmento, os Flexais têm os mesmos problemas dos demais bairros que foram atingidos e devastados pela mineração da Braskem, com o agravante de ficarem isolados, tornando a região sem movimento e provocando falências em massa no comércio local.

O senador Renan recebeu dos moradores uma carta-aberta apresentando as normas internacionais que devem ser estabelecidas em casos de desastres ambientais causados pela mineradora. E reafirmou seu compromisso de fazer o que estiver ao seu alcance para mobilizar o Senado Federal e a opinião pública na busca por justiça para os prejudicados pela Braskem em todos os bairros atingidos.

R$ 40 BILHÕES

Na semana passada, as vítimas da Braskem cobram da mineradora um montante de R$ 40 bilhões, pelos prejuízos causados aos moradores das áreas afetadas pelo desastre socioambiental. O documento, em carta-aberta, foi assinado Movimento Unificado das Vítimas da Braskem.
Nele, as lideranças dos dois movimentos fazem um balanço dos prejuízos causados pela Braskem e das ações reparadoras desenvolvidas até então.

“Buscamos soluções para as vítimas do maior desastre ambiental urbano do mundo que foi causado pela Braskem na cidade de Maceió e a estimativa real do quantitativo dos prejuízos causados aos atingidos por este desastre ambiental”, resume o empresário Alexandre Sampaio, um dos signatários do documento.

Na carta, entre as ações de repercussão nacional, é citada a audiência do Senado que debateu, no dia 8 de maio, as responsabilidades da Braskem antes da venda da mineradora.

Para Renan Calheiros, prioridade é a indenização das famílias

No Senado, Renan Calheiros (MDB), tem sido crítico da Braskem por conta dos graves prejuízos que a mineradora causou nos bairros e na vida dos maceioenses. O senador defende que em caso de venda da Braskem, a empresa arque, primeiramente, com os prejuízos causados ao povo alagoano.

“Os recursos provisionados pela empresa para as indenizações, R$ 8 bilhões, são insuficientes para ressarcir todos os prejuízos, apontou o senador. Pois além dos cidadãos atingidos pela ação da mineradora, há prejuízos na infraestrutura de Alagoas, com perda de hospitais, escolas, creches, estações de tratamento de água e de terras. E ainda são estimados prejuízos de mais de R$ 3 bilhões somente em perda de arrecadação de ICMS de Alagoas, com a redução da atividade econômica no estado. Perto de 200 mil alagoanos foram severamente prejudicados, em 15 bairros, por uma atividade inconsequente, criminosa, danosa, ao meio ambiente”, disse o senador em discurso no Senado no mês passado.

Durante a reunião de ontem (22), com os moradores do Flexais, em Bebedouro, Renan Calheiros manteve a defesa de que a Braskem precisa ser responsabilizada e pagar as indenizações às famílias. Também junto aos moradores, o senador pontuou o que tratou no Senado durante o seu pronunciamento, afirmando que há um desequilíbrio nas indenizações.

“A abrangência de um acordo inicial, de 2019, entre a empresa, o Ministério Público e as autoridades locais, para atenuar os danos causados é “insatisfatória e muito aquém dos prejuízos causados pela empresa”. Além disso, indenizações por danos materiais jamais alcançarão os malefícios proporcionados, de saúde, afetivos e psicológicos. Há um desequilíbrio entre as indenizações iniciais e os ressarcimentos posteriores, gerando insatisfações e assimetrias de toda a ordem, com muitas pessoas tendo deixado de receber os valores devidos”, ressaltou o senador quando levou o tema para o Senado.

Ainda em Brasília, o senador ressaltou que antes de qualquer negociação envolvendo a Braskem, venda ou ampliação do capital da Petrobras, é preciso que essa empresa, sua nova controladora e mesmo a Petrobras assinem um contrato com Alagoas para honrar seus compromissos.

“Não importa, qualquer um pode comprar. A Petrobras poderá elevar a sua participação na Braskem também e não temos, com relação a isso, nenhuma preocupação. A única preocupação que temos, e gostaria de nela insistir, é que qualquer solução para a Braskem passe, em primeiro lugar, pelo pagamento da enorme dívida que a Braskem tem com o Estado, Prefeitura de Maceió e com outras prefeituras da grande Maceió”