Política
Sessão pública convocada por Ronaldo Medeiros defende revogação do Novo Ensino Médio
Discussão será sistematizada e entregue à subcomissão sobre o tema, presidida por Teresa Leitão, que palestrou na ALE
O plenário da Assembleia Legislativa Estadual (ALE) ficou lotado na tarde desta sexta-feira (19) para debater sobre o Novo Ensino Médio. A sessão pública, proposta pelo deputado Ronaldo Medeiros (PT), contou com a palestra inicial da senadora Teresa Leitão (PT-PE), que preside uma subcomissão sobre o tema no Senado Federal.
Antes do início da sessão, Ronaldo Medeiros destacou a importância do tema para o país e que o debate realizado na ALE será sistematizado e enviado ao Senado.
“O Novo Ensino Médio traz uma série de dúvidas e as modificações têm causado várias polêmicas. A Teresa Leitão preside a subcomissão do Senado que está encarregada de analisar o tema. Ela é professora e está conosco ao lado de várias instituições, de profissionais a estudantes, e demais movimentos sociais”, comenta. “Desse tema vai depender o futuro de toda uma geração. E por isso, vamos entregar um documento sobre a sessão à Teresa Leitão para que ela anexe às sugestões de outros estados para que, governo e Congresso Nacional, tomem sua decisão”, completa.
Já a senadora Teresa Leitão ressalta que o Novo Ensino Médio tem aumentado a desigualdade e a evasão escolar. Para ela, o modelo em vigor é um retrocesso.
“Esses debates pelo país nos ajudam a amadurecer nossa decisão. Esse modelo em curso está causando bastante desarranjo, desigualdades e abandono escolar”, pontua. “Queremos inovar de verdade, fazer um ensino médio que possa incluir, que possa formar cidadão e também preparar para o mundo do trabalho e o ensino superior. Esse modelo que temos agora não faz nada disso. Queremos um novo de verdade”, completa a senadora.
Durante sua fala na sessão, a parlamentar criticou as novas disciplinas incluídas pelo Novo Ensino Médio, através dos itinerários formativos, como “brigadeiro gourmet” ou “projeto de vida”, que limitam o aprendizado, uma vez que aulas de História e Geografia perderam espaço na grade curricular.
“Podemos ensinar sobre o café, por exemplo, mas dentro de um contexto da Geografia e destacando as formas de produção como, por exemplo, a produção orgânica do MST”, afirma. “Qual a base teórica ou pedagógica da disciplina ‘projeto de vida’”? Tem se utilizado mal um tempo que deveria ser dedicado ao aprendizado”, argumenta Teresa Leitão.
Para a senadora, o Novo ensino médio não pode ser discutido sozinho, mas junto ao Plano Nacional de Educação e da Base Nacional Comum Curricular e sua revogação é inevitável.
“Tudo isso tem a ver com duas coisas: condições objetivas de trabalho, infraestrutura das escolas; e valorização dos professores com formação adequada e continuada”, pontua. “O Novo Ensino Médio será revogado, é inexorável. Não sei a forma que o MEC o fará, mas todos já falam que o está aí não pode continuar”, completa Teresa Leitão.
O reitor da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal), Odilon Máximo, destacou a retirada de disciplinas como fator desumanizador da educação.
“A gente tem que ter um outro olhar para a educação. Tirar disciplinas como sociologia e filosofia é um crime. Quando a escola faz um debate baseado no respeito ao outro, alguns dizem que se está aliciando os estudantes e atacando a família. Temos visto defesa de armas em vez de livros. A revogação do Novo Ensino Médio é o caminho”, afirma o reitor da Uneal.
Já Maxellen Batista e Jislaine Maciel, da UBES e da juventude do MST, criticaram o Novo Ensino Médio, assim como o modelo anterior. Para elas, é preciso formular um modelo de ensino que avance o processo educacional brasileiro, no sentido de garantir uma formação mais humanizada e crítica.
“Queremos uma educação que garanta o acesso ao trabalho, mas que seja crítica e humanizadora, para que possamos ser formados de maneira consciente e não doutrinadora”, enfatizou Jislaine Maciel.
Já Izael Ribeiro, presidente do Sinteal, ressaltou que o Novo Ensino Médio é parte de conjunto de ações que surgiram para precarizar a educação no país.
“Vale lembrar que no golpe de 2016, quando Temer assumiu, a proposta da reforma do ensino médio já estava pronta para tramitar em regime de urgência. Com falso de discurso de protagonismo dos estudantes, quando sabíamos que o objetivo era precarizar a educação.
Tanto foi que após-reforma, em seguida veio a reforma trabalhista e a PEC 95, com o congelamento dos investimentos da educação e saúde”, pontua. “Nossa categoria está adoecendo porque a pressão tem sido muito grande na educação, coisa que tem se intensificado após o Novo Ensino Médio. Queremos revogação já, por isso estamos orientando nossa base para votar por isso na consulta pública do MEC”, completa o presidente do Sinteal.
Para o deputado Ronaldo Medeiros, a sessão pública comprovou que os mais amplos setores da educação desejam o fim do Novo Ensino Médio, mas também defendem que em seu lugar seja implementado um modelo que não retroceda ao passado, “que aponte para um ensino humanizado e com formação crítica, mas que também atenda aos interesses dos estudantes e professores, com valorização dos profissionais e que coadune com os tempos atuais”.
Também participaram da sessão, a Associação dos Docentes da Ufal (Adufal), Sindicato dos Trabalhadores do Instituto Federal de Alagoas (Sintetfal), Central Única dos Trabalhadores (CUT/AL), Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino Privado (Sintep), União Nacional dos Estudantes (UNE), Sindicato dos Docentes da Uneal (SindUneal), Instituto Federal de Alagoas (Ifal), Conselho Regional de Psicologia, Universidade de Ciências da Saúde (Uncisal), Conselho Estadual de Educação e Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE).
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