Política
Embates na ALE e Câmara pavimentam rota para eleição
Clima eleitoral de 2024 é antecipado e deputados e vereadores disputam narrativa por protagonismo em Maceió

Embora os comentários políticos sobre as eleições municipais reforcem que a disputa pela Prefeitura de Maceió esteja longe, os embates e críticas entre os parlamentares, seja na Assembleia Legislativa do Estado (ALE) ou na Câmara de Maceió demonstram que o pleito está se aproximando cada vez mais. O alvo das críticas e defesas tem sido o prefeito de Maceió, JHC, que está bem-posicionado em pesquisas e pavimenta um caminho, até o momento, fácil a sua reeleição.
E neste cenário que tanto a Assembleia Legislativa e Câmara de Vereadores têm pesos decisivos na eleição, sobretudo na capital alagoana. Na última semana, o deputado estadual Ronaldo Medeiros (PT), usou a tribuna da ALE para criticar a gestão de JHC e reforçar que as obras do Governo do Estado são copiadas pela administração em Maceió. para Medeiros, a gestão na capital “está um caos”.
“O Governo do Estado pavimenta rua, constrói UPA, e ele [JHC] se exime e engana a população. Na próxima semana eu vou intensificar meu trabalho, visitando ruas, porque pelo Instagram passa uma imagem totalmente diferente à sociedade, mas não é verdade”, destaca Medeiros.
A fala de Medeiros é acompanhada por parlamentares, em sua maioria do MDB, a exemplo dos deputados Dr. Wanderley, Dudu Ronalsa e Cibele Moura. Em defesa do prefeito JHC, estiveram os parlamentares Rose Davino (PP) e Cabo Bebeto (PL).
O MDB é, atualmente, o principal adversário de JHC em Maceió, embora conte com vereadores do partido que são correligionários do prefeito. Já o PP indica espaços na gestão JHC, enquanto o PL é o partido do próprio prefeito.
Ronaldo Medeiros relata que tem andado pela periferia e ouvido a população. “O transporte público, e eu fui no Peixoto [região do Jacintinho] essa semana, e não está entrando. É absurdo, a população tem que ir de mototáxi, tem que rachar Uber, isso é o que a gente tem visto em Maceió. É uma cidade administrada de forma virtual”.
Se na Assembleia Legislativa a bancada do MDB aliada ao PT engrossa as críticas contra JHC, o prefeito demonstra força na Câmara de Maceió. Recentemente, o gestor viabilizou a posse de Rodolfo Barros (PSB), que era primeiro suplente do vereador e agora secretário municipal, Cleber Costa.
Na campanha para eleição municipal, Rodolfo Barros demonstrou ser uma pedra no sapato do MDB, cobrando explicações sobre a saúde estadual, por exemplo. O vereador nem chegou à Câmara e disparou contra o deputado federal Rafael Brito (MDB), um dos cotados do partido a disputar a eleição para prefeito em Maceió.
“É inexpressivo, um serviçal dos Calheiros [senador Renan e Renan Filho, ministro dos Transportes] e de Marcelo Victor [presidente da Assembleia Legislativa]”, disse sobre Rafael Brito.
Ou seja, o prefeito de Maceió, ao seu modo, não tem esperado somente os ataques, e tem mostrado habilidade em manter ao seu lado, no parlamento, aliados que reajam as críticas.
Para o líder do prefeito JHC na Câmara, vereador Chico Filho, do MDB, as críticas ao gestor podem ser minimizadas, mas à medida em que a eleição se aproxima, os adversários devem aumentar o tom.
“É normal dentro do processo político. A eleição vai se aproximando, os grupos que são antagônicos vão aumentar o tom das críticas e vai ser dado início ao processo eleitoral. O prefeito está muito bem avaliado, isso incomoda muita gente porque as pesquisas dão 85% a 90% de aprovação, e alguns tentam tumultuar um pouco essa situação, mas o prefeito está tranquilo”, argumenta o vereador.
Ao rebater a fala de Medeiros, ele é taxativo. “A população espera que na verdade a gente cumpra a nossa tarefa que é trabalhar pelo povo. Esqueça de olhar quem fez, quem deixou de fazer, o povo vai saber quem fez e quem não fez. Coisa pequena, política com ‘p’ minúsculo. Vamos fazer política com ‘p’ maiúsculo. Tem que se dedicar, trabalhar de forma a ajudar a população e deixar um pouco a politicagem de lado”.
NATURAL NA POLÍTICA
Na avaliação do cientista político e professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Ranulfo Paranhos, esse movimento de troca de farpas faz parte.
“O natural da política é que políticos precisam entrar em evidência o tempo todo. Então eles precisam aparecer o tempo todo. Uma das formas de aparecer não é só apresentando propostas, não é só se apresentando como sendo opção viável, mas é criticando o seu oponente. Então, criticar adversário é muito natural da vida política, inclusive faz parte, inclusive é saudável para a própria política, para o próprio jogo político, que o oponente faça a denúncia, a oposição seja o denunciante. Isso é um papel importante”.
Definições para 2024 estão tomando forma ainda este ano
No entendimento do professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e cientista político, Ranulfo Paranhos, as definições eleitorais já são tomadas em ano pré-eleitoral. É justamente o que está acontecendo neste momento em Maceió.
“Tem uma frase sobre política no Brasil, sobre eleições, mais precisamente, que é ‘um ano nós estamos em eleição. No ano seguinte é pré-eleição’. Então veja esse é o ano pré-eleitoral. As definições para 2024 são basicamente tomadas agora em 2023. Isso quer dizer que o jogo político não para quer dizer também que é a partir desse momento, já é desde janeiro que os políticos precisam se posicionar ou se estabelecer num arranjo político para disputar as eleições do próximo ano”, analisa Paranhos.
Para o cientista político, os grupos que pretendem disputar as eleições estão se definindo porque a disputa municipal influencia diretamente na eleição seguinte, que é a geral, com os cargos de deputado federal, estadual, senador e presidente da República.
“Eles precisam entender melhor quem é o grupo opositor, porque quanto melhor um grupo se prepara, mais fácil ou de maneira mais separada ele se encontra para disputa eleitoral municipal. E aí é bom lembrar, a disputa municipal sofre influência da arena estadual”.
Ranulfo Paranhos explica que deputados estaduais e federais, junto com o governador, exercem influência sobre as disputas municipais. “Os parlamentares vão cobrar novamente esse voto dos prefeitos de cidades pequenas e prefeitos de capitais cidades grandes nas eleições do ano de 2026, por exemplo, então é uma arena alimenta a outra e o partido político se nutre das duas. Por isso que é importante que você estabeleça é estratégia já no ano pré-eleitoral, para que elas tendam a funcionar ou dar certo no ano das eleições”.
Trazendo para o nosso cenário local, ele relaciona essa estratégia ao que está acontecendo com JHC. “Alguns parlamentares já se aliam a JHC, e JHC começa a anunciar aliados agora nesse ano que não é um ano eleitoral, porque a gente sabe que essas alianças precisam ser definidas muito cedo”.
Vale lembrar que o prefeito de Maceió aprovou e colocou em prática uma reforma administrativa que está contemplando aliados, vereadores, deputados estaduais, federais e até ex-adversários.
Hoje, estão com JHC o deputado e presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), os deputados federais Fábio Costa (PP), Marx Beltrão (PP) e Alfredo Gaspar (União Brasil), que foi adversário do prefeito na eleição municipal, e ex-aliado da família Calheiros.
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