Apesar de a declaração dada na última segunda-feira (27) pelo ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira, ao afirmar que o processo de privatização da Eletrobras está consolidado, o movimento sindical em Alagoas não aceita a venda da estatal. O processo, segundo o Sindicato dos Urbanitários de Alagoas, é visto como injusto, mesmo tendo sido validado pela Câmara dos Deputados e Senado.

À Tribuna, a presidente dos Urbanitários, Dafne Orion, destaca que a batalha ainda não foi perdida e que a fala do ministro das Minas e Energia foi dissonante do que defende o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“É uma pena que o ministro fale em dissonância com o próprio presidente. Na pauta de um governo progressista não cabe uma das principais geradoras de energia ser privatizada. Quero acreditar que foi uma fala objetiva do ponto de vista das condições concretas para hoje. Sabemos que o cenário político e financeiro não tem condições, mas a gente está trabalhando com o governo e buscando caminhos para essa desestatização”, argumenta a presidente do Sindicato dos Urbanitários em Alagoas.

Dafne Orion lembra, ainda, que em outros países já privatizaram e reverteram. “A gente sabe que é difícil, mas sabe também de tudo o que foi colocado para aprovar. Usaram os chamados ‘jabutis’, aquelas emendas do Paulo Guedes [ex-ministro da Economia no governo Jair Bolsonaro]. A gente vai seguir fazendo a defesa como ponto estratégico para o país, porque essa privatização já trouxe e ainda vai trazer muitos danos”.

Na prática, atualmente o governo continua uns dos maiores acionistas, mas sem poder de decisão. “Mais de 40% das ações e pouquíssimo poder de decisão, em torno de 10%. Esse é o mesmo debate que o mercado faz com a alta dos juros, em que o povo sente na pele, passando fome e desemprego”, complementa.

Aparentemente, a sindicalista está mais alinhada com o presidente que o próprio ministro. Uma declaração de Lula na semana passada prometeu que vai buscar reaver o controle da estatal. “Não vai ficar por isso. Estamos entrando na justiça contra a votação do peso do governo na direção da empresa e o preço pelo qual foi vendida”, afirmou o presidente da república.

O presidente tem feito ataques publicamente ao processo que aconteceu durante o governo Bolsonaro. “O que foi feito na Eletrobrás foi um crime de lesa pátria. Você privatizou uma empresa daquele porte, me parece que venderam por R$ 36 bilhões, e esse dinheiro é utilizado para pagar juros da dívida pública. Não parece que existem sinais que vai baixar o preço da energia para o povo brasileiro”.