O debate sobre os serviços de água e esgoto prestados pela BRK Ambiental se tornou central na Câmara Municipal de Maceió. Além da convocação de uma audiência pública, que seria em abril e foi antecipada para o próximo dia 22, está sendo articulada uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) para investigar a atuação da empresa. O vereador João Catunda (PP), está à frente dessas mobilizações.

Com o processo bastante adiantado, ele garante que vai ter CEI. “Já tenho hoje assinaturas suficientes para da entrada na CEI nos próximos dias. O regimento interno da casa pede um terço da quantidade de vereadores, seriam 9 assinaturas. E nós temos hoje muito mais do que isso. Estamos tratando com bastante facilidade dentro da casa, até porque é o maior problema hoje na cidade de Maceió”.

Ele explica que o assunto tem sido pauta há algum tempo. “Nós já vínhamos conversando sobre as demandas que estão chegando na Câmara da população com relação aos serviços prestados pela BRK. E a gente recebe muitas denúncias sobre a qualidade da água, a cobrança da taxa de esgoto e as obras que começaram a não terminaram. Já foram feitas várias indicações por vereadores, feitas várias fiscalizações em obras por vereadores, até da própria assembleia legislativa já vi vários movimentos falando sobre o assunto e nada foi feito”, justificou Catunda.

Prometendo tomar atitudes drásticas, o vereador afirma que o objetivo é resolver a situação. “Eu tenho trabalhado com meus colegas aqui na casa e propagado também um discurso muito simples e muito claro que é de que a CEI pode iniciar de uma forma e terminar de outra. A gente espera bastante que a forma que a gente vai conduzir não venha a precisar de medidas drásticas, porém nós temos que lembrar que a CEI e o poder legislativo municipal a partir do momento que implanta uma comissão como essa, ela passa a ter poder de polícia”.

O sofrimento da população é a principal justificativa apresentada, e a disposição para o enfrentamento com a empresa parece ser grande. “Temos autonomia que pode sim levar à perda da concessão da BRK. Mas deixo claro que esse não é o nosso objetivo. Nosso objetivo é que a empresa venha prestar um serviço adequado para a população da nossa cidade, pra que a gente possa ter de verdade o serviço de água e de esgoto com qualidade e eficiência, pra que não venha a ter comunidades como Canaã, como Santa Lúcia passar 40, 50 dias sem água. Tem morador que pagava 90 reais de taxa de esgoto e hoje paga 360. Recebendo o serviço muito pior do que recebia”.

Se colocando no papel de interlocutor da população com o poder público, Catunda faz relatos do que considera irregularidades da empresa. “Já fui abordado por vários moradores em vários conjuntos habitacionais em vários bairros onde eles passam 40 dias sem água, 30 dias sem água e continuam pagando taxas absurdas, isso já é uma irregularidade”.
A conta de luz, na avaliação do progressista, tem que baixar. “É um dos valores mais caros do Brasil, se não o mais caro. Temos vários exemplos de aumento de 300%, 400%. Escutei hoje o caso de um rapaz que pagava 800 reais numa casa, de conta de água, e está pagando R$ 6 mil, para que você ter ideia. Está na justiça, hoje teve a primeira audiência. São vários exemplos absurdos”.