Política

Braskem pode usar área para construir loteamento

Por Thayanne Magalhães com Tribuna Independente 15/03/2023 09h13 - Atualizado em 15/03/2023 10h14
Braskem pode usar área para construir loteamento
Afundamento do solo começou em fevereiro de 2018 no Pinheiro e hoje já atinge cinco bairros da capital, obrigando vítimas a deixarem suas casas - Foto: Edilson Omena

O deputado Galba Novaes (MDB) acusou a empresa Braskem de ter superestimado a gravidade geológica dos poços de sal-gema e de ter se apropriado de uma área de R$ 40 bilhões de Maceió. As denúncias foram feitas ontem (11) no plenário da Assembleia Legislativa do Estado (ALE).

No entendimento do parlamentar, ao “superestimar” a tragédia, a empresa encontraria facilidades para usufruir da região que está condenada em Maceió.

O parlamentar suspeita, ainda, que a empresa deve construir um grande loteamento na área interditada em Maceió.

“A Braskem, que causou o maior desastre ambiental mundial, durante cinco anos também vem contaminando a sociedade com um marketing forte, fazendo com que as pessoas se apaziguassem com os problemas. Hoje, visitando a ‘área proibida’, observo que o local está uma maravilha e suspeito de que lá farão um grande loteamento”, avisou o deputado, afirmando que a Braskem comprou ‘a preço de banana’ uma região nobre. Aquilo é nosso, da sociedade, não da empresa, e é uma área com o valor de três anos de orçamento do Estado”, afirmou Novaes.

Citando casos chocantes de pessoas que perderam tudo, relatados em sessão especial sobre o tem ocorrida em 2019, Galba lembrou que todos os envolvidos (incluindo agentes da Justiça, ciência e moradores) estavam no evento, mas nenhum representante da Braskem.

“Como sociedade e como governantes, temos que nos manifestar. Após 5 anos, ao invés de fechar as minas de sal, eles priorizam caçambas cheias de barro”, acusou o deputado, sobre o processo de gentrificação do local. Novaes, por fim, ressalta que a Braskem teria superestimado à imprensa a gravidade da situação das minas, para se apossar da estrutura física.”

Em aparte, Inácio Loiola (MDB) elogiou o pronunciamento de Novaes. Já o Delegado Leonam se solidarizou com as vítimas, questionando “quem vai frear a Braskem”. “Não é só uma questão financeira, mas social”, encerrou o deputado.

AUSÊNCIA DA EMPRESA

Ainda na sessão de ontem, o deputado Galba Novaes relembrou os cinco anos de desastre ambiental em Maceió, ocasionado pela Braskem. Na oportunidade, o parlamentar, que em novembro de 2021, realizou uma sessão especial para debater os processos de indenizações dos moradores atingidos pela catástrofe, destacou o clamor de todos que perderam imóveis e empresas nos bairros afetados pela ação da mineradora e pediu providências.

“Naquele momento, ouvimos relatos emocionados e de muita tristeza de vários comerciantes e moradores que tiveram suas vidas diretamente afetadas por esse desastre ambiental”, destacou.

“Propusemos nesta Casa a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito [CPI], e na última semana, o presidente da Câmara de Maceió, Galba Novaes Netto, apresentou uma indicação coletiva, onde solicita que todas as licenças de funcionamento e operação da empresa sejam suspensas imediatamente e que os responsáveis possam ser punidos. Essa união de forças entre os Poderes Legislativos estadual e municipal vai, de forma muito direta e precisa, pressionar a Braskem para que tenhamos uma resposta definitiva, pois não podemos mais acatar isso de forma passiva”, disse o deputado.

Realizada no dia 5 de novembro de 2021, no plenário da Assembleia Legislativa do Estado, a sessão especial contou com a participação de integrantes do Ministério Público Estadual (MP/AL), Ministério Público Federal (MPF), Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Alagoas (OAB/AL); representantes dos bairros atingidos e de órgãos ambientais. A Braskem não enviou nenhum representante, nem deu justificativa para a ausência.

“Foi uma falta de respeito com o Poder Legislativo e com a população maceioense. Nosso objetivo era debater a situação e cobrar transparência nas ações de indenização”, recorda.