Política
Renan Calheiros é o único senador de Alagoas a atuar por condenação de Bolsonaro
Parlamentar tem sido veemente para que o ex-presidente pague pelos crimes na pandemia e atos terroristas

Renan Calheiros (MDB) tem sido o único senador de Alagoas a se posicionar contra os crimes cometidos por Jair Bolsonaro (PL) durante sua passagem pela Presidência da República e agora após o fim de seu mandato. O período mais destacado foi durante a CPI da Pandemia no Senado em que o parlamentar foi relator.
Desde a CPI, Renan Calheiros segue em defesa pela inclusão de Jair Bolsonaro em ações judiciais e tem pedido até a prisão do ex-presidente. A carga contra o líder da extrema-direita no Brasil voltou a ganhar força após os atos terroristas de 8 de janeiro.
O senador alagoano, agora, é coautor de pedido de CPI no Senado para investigar os responsáveis pela tentativa de golpe de Estado ocorrido no último domingo, inclusive os autores intelectuais, entre os quais, na avaliação do parlamentar, está Jair Bolsonaro.
“Eu vou solicitar a inclusão formal do ex-presidente Jair Bolsonaro, como investigado no inquérito dos atos antidemocráticos, vou pedir que seja reconhecida a condição de Bolsonaro de fugitivo da justiça brasileira, pedir para que ele venha dar esclarecimentos a justiça nacional, e se ele se recusar a vir prestar depoimento, nós vamos pedir a sua prisão preventiva”, declarou Renan Calheiros à Rádio Senado no último dia 11, que tem defendido veementemente a extradição do ex-presidente que fugiu para os Estados Unidos em 30 de dezembro, portanto, antes do término de seu mandato.
A postura do emedebista contrasta com os outros dois senadores de Alagoas, Rodrigo Cunha (União Brasil) e Fernando Collor (PTB), cujo mandato encerra em 31 de janeiro.
Rodrigo Cunha passou a primeira metade de seu mandato em busca de construir imagem de independente, mas votando sistematicamente com o então governo Bolsonaro e sem fazer críticas à postura do ex-presidente.
Já Fernando Collor, até ao menos 2020, era crítico a Jair Bolsonaro e às manifestações que pediam golpe de Estado. À Folha de S. Paulo, em 25 de maio de 2020, ele afirmou que “ele participando e emprestando sua presença física numa manifestação como aquela, é muito difícil a gente não depreender que de alguma forma há uma certa simpatia dele pelo que dizem aquelas faixas”.
Em outro trecho da entrevista, Fernando Collor também criticou a postura de Jair Bolsonaro na reunião ministerial vazada por Sergio Moro, que acabava de deixar o Ministério da Justiça.
“Todos os assuntos que foram tratados foram de ordem pessoal e não institucional. O presidente da República não estava ali exercendo a Presidência da nação. Estava ali como pessoa física, tratando de questões pessoais que estavam lhe afligindo naquele momento”, comentou à Folha. Ele também questionou a forma como Jair Bolsonaro estava se relacionando com o Congresso Nacional.
“Agora, mais recentemente, ele resolve fazer entendimentos políticos. Mas acontece que esses entendimentos políticos, é fundamental que sejam feitos à luz do dia, com transparência, com a participação da mídia, da imprensa, da população, para que todos nós sejamos informados de quais pessoas e quais os partidos políticos que estão sendo chamados para fazer parte do governo e em torno de quem projeto eles estão tratando. A questão do toma lá, dá cá é derivada de uma não transparência dos procedimentos”, afirmou Fernando Collor.
Contudo, ao se aproximar do período eleitoral, o senador mudou da água para o vinho em relação a Jair Bolsonaro, chegando a fazer mais campanha à reeleição do então presidente da República do que a si mesmo.
CÂMARA
Na Câmara dos Deputados, apenas dois parlamentares tiveram postura semelhante a de Renan Calheiros no Senado: Tereza Nelma (PSD) e Paulão (PT), este com mais veemência.
Os demais deputados federais da atual legislatura, que encerra no fim deste mês, se portaram ou como base de apoio ou de forma “independente”, mas votando com o Planalto em seus projetos.
CIENTISTA POLÍTICO
Para o cientista político Ranulfo Paranhos, o senador Renan Calheiros atua também para ficar em evidência política.
“Em linhas gerais, ter holofotes para si. Político precisa disso. Toda ação política é feita pensando em retorno político. Imagine que o Renan consiga no STF fazer que Bolsonaro seja preso ou algo do tipo, é vitória do Renan Calheiros e o Brasil dizendo ‘nós só temos isso graças ao Renan Calheiros’”, comenta.
“Renan Calheiros é aliado de muito tempo de Lula e, ao mostrar que é um político atuante e ao atacar Bolsonaro, ele se coloca como defensor da democracia, tenta conseguir mais espaços”, completa Ranulfo Paranhos.
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