Política

Servidores do TJ/AL podem entrar em greve

Trabalhadores do Judiciário questionam falta de reajuste salarial enquanto magistrados receberão licença-prêmio

Por Carlos Amaral com Tribuna Independente 02/12/2022 06h28
Servidores do TJ/AL podem  entrar em greve
Presidente do TJ/AL, desembargador Klever Loureiro pode enfrentar greve dos servidores após notícia da licença-prêmio - Foto: Sandro Lima/arquivo

No último dia 29, a Assembleia Legislativa Estadual (ALE) derrubou o veto do governador Paulo Dantas (MDB) e aprovou a criação de licença-prêmio a juízes e desembargadores do Poder Judiciário de Alagoas. O impacto inicial do novo benefício supera os R$ 66 milhões de reais e será pago a cada três anos aos magistrados. Mas nesse meio tempo, os servidores do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ/AL) reclamam a falta de reajuste salarial e, pelo que consideram tratamento diferenciado, podem deflagrar greve na próxima semana.

Os sindicatos dos Servidores do Poder Judiciário do Estado de Alagoas (Serjal) e dos Oficiais de Justiça de Alagoas (Sindojus) organizaram um “movimento unificado” ações para cobrar do Poder Judiciário alagoano o pagamento dos reajustes salariais em atraso e convocaram um ato/reunião em frente à sede do TJ/AL para a próxima terça-feira (6).

“A última reposição implantada para a categoria foi referente à inflação de 2019. Mesmo assim, a lei que a implantou, excluiu o retroativo referente ao ano de 2021; e o de 2020, apesar de aprovado, ainda não foi implantado, porque depende de verba suplementar ao orçamento do Poder Judiciário”, publicou, em nota, o Serjal. “É o que se chama de dois pesos e duas medidas; que nos deixa a todos indignados. É inaceitável que na balança da Justiça, o peso e a medida sempre deixam os servidores ‘pendurados’ em posição de desvantagem e desvalorização profissional”, completa.

Já o Sindojus, também em nota, ressalta que os servidores do Poder Judiciário sofrem “constante desvalorização”.

“O Poder Judiciário é passivo na aceitação do orçamento encaminhado pelo Executivo, que além de não priorizar os trabalhadores, tem por consequência, inevitável, inviabilizar direitos básicos. Diante de tudo que vem ocorrendo, a exemplo da falta de isonomia na concessão de direitos, e após intenso e permanente trabalho realizado pelas entidades em busca de uma solução dialogada entre as partes, que não logrou êxito, não resta outra possibilidade senão a mobilização geral dos servidores na luta em defesa de suas causas justas e legítimas”, afirma o Sindojus, que convocou assembleia para o próximo dia 7.

A reportagem da Tribuna Independente contatou um representante do movimento unificado, mas não houve resposta até o fechamento desta edição.

Durante uma sessão do pleno do TJ/AL, em 25 de janeiro, os desembargadores chegaram a tratar sobre os reajustes salariais dos servidores, mas do ano de 2019. Na mesma sessão, o presidente do Tribunal, Klever Loureiro, atacou alguns servidores em tom de deboche.

“Não tenho essa preocupação que se faça ‘zuada’. Não sei até quando eu darei a resposta [ao pleito dos servidores]. Tem muitos servidores que moram na Bahia e ficam fazendo essa ‘zuada’, mas pergunta quanto tempo esse cidadão trabalho. Fica dizendo que barriga de servidor é igual barriga de todo mundo. Pelo menos, minha barriga é diferente da dos outros. Eu não peguei ainda uma fita métrica para medir não, mas eu acho que a barriga do Orlando [Rocha, desembargador] é um pouquinho maior que a minha”, disse Klever Loureiro em 25 de janeiro.

A reportagem da Tribuna Independente contatou o TJ/AL, mas não houve resposta até o fechamento desta edição.

De licença-prêmio, alguns receberão cerca de um milhão de reais, como o desembargador Pedro Augusto Mendonça de Araújo, com R$ 1.063.866,60.