Política

Bolsonaristas agridem eleitores de Lula e seguem na Fernandes Lima, em Maceió

Associação Alagoana de Psiquiatria repudia ato de violência contra filiado; eleitor de Lula denuncia “bravata bolsonarista”

Por Thayanne Magalhães com Tribuna Independente 04/11/2022 06h24 - Atualizado em 04/11/2022 15h35
Bolsonaristas  agridem eleitores de Lula e seguem na Fernandes Lima, em Maceió
Bolsonaristas chegaram a ocupar totalmente e parcialmente as vias da Avenida Fernandes Lima descontentes com a vitória de Lula - Foto: Edilson Omena

Pouco mais de uma dezena de manifestantes bolsonaristas continuam pedindo “intervenção federal” no canteiro da Avenida Fernandes Lima, em frente ao Quartel do Exército em Maceió. Os protestos questionam a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno das eleições de 2022 e os apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) estão provocando transtornos e bloqueando vias desde a segunda-feira (31).

“O ponto é que a liberdade de expressão não é absoluta e os manifestantes pedem algo que é inconstitucional, que é a quebra do regime democrático. Então, você tem de fato uma inconstitucionalidade no pedido de intervenção federal e se pode alegar que é uma ilegalidade. Esses protestos tiram a liberdade do cidadão exercer o direito de ir r vir e, mesmo os protestos que pedem reforma agrária, passe de ônibus gratuito ou qualquer outro movimento social, tem que garantir a liberdade de movimentação das pessoas”, explica o advogado eleitoral Gustavo Ferreira.

Além de promover atos que vão de encontro à lei, os apoiadores de Jair Bolsonaro têm usado de métodos ofensivos a quem passa no local, principalmente se algum veículo estiver com o adesivo do vencedor da eleição presidencial, Luiz Inácio Lula da Silva.

Na última quarta-feira (2), a Associação Alagoana de Psiquiatria emitiu uma nota de repúdio por conta do ato de violência sofrido pelo associado, Fabrício Ferreira de Aquino. Segundo a Associação, no dia 31/10, Fabrício seguia para o seu trabalho e ao passar pela Avenida Fernandes Lima, os apoiadores de Bolsonaro viram que o veículo tinha uma bandeira do Brasil com o nome de Lula.

“O veículo foi depredado com objetos contundentes. Também houve agressões com chutes e golpes de capacete na carroceria do carro, além das palavras agressivas”, informou a Associação Alagoana de Psiquiatria. “Por sorte, o associado não teve a sua integridade física atingida”, complementa.

Nas redes sociais, o corretor de imóveis e pecuarista Maurício Rocha Tavares publicou que também foi vítima do que ele classificou de “bravata bolsonarista”. Tavares apoiou e votou em Lula.

“Fui vítima da bravata bolsonarista e confesso que fiquei nervoso e a minha frequência cardíaca subiu. Não sou covarde e enfrentei com o silêncio de paz, entendendo que as urnas já falaram. Penso nas milhares de pessoas que estão passando pelo que passei hoje”, publicou Tavares no dia 1° de novembro.

CANTEIRO DA FERNANDES LIMA

Apesar de a Polícia Militar de Alagoas (PM/AL) ter cumprido a ordem de retirar os manifestantes da via, os bolsonaristas insistem em se manter no canteiro da avenida e pedem a intervenção federal, além de citar o artigo 142 da Constituição Federal para tentar legitimar a tomada do poder pelos militares. Porém, a Secretaria-Geral da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados emitiu parecer esclarecendo que o artigo 142 da Constituição Federal não autoriza uma intervenção militar a pretexto de “restaurar a ordem”.