Política
“Cenário de JHC é de isolamento”
Ranulfo Paranhos comenta impactos políticos das escolhas e desempenho de aliados do prefeito de Maceió nas urnas neste ano

Para muitos, o maior derrotado das eleições deste ano é o prefeito é o prefeito de Maceió JHC (PL). Ele não conseguiu eleger seu irmão deputado federal, não conseguiu eleger Rodrigo Cunha (União Brasil) governador e ainda trocou o PSB pelo PL de Jair Bolsonaro, que não foi reeleito presidente. Além disso, mãe do prefeito, Eudócia Caldas, voltou à condição de suplente do Senado e a gestão municipal está nas mãos do pai, o ex-deputado federal João Caldas, que o fez afastar os principais aliados da Prefeitura da capital, como o deputado estadual – não reeleito – Davi Maia e o vereador Francisco Salles, ambos do União Brasil.
Para o cientista político Ranulfo Paranhos, as movimentações recentes e o resultado das urnas deixaram o prefeito de Maceió isolado politicamente.
“A ida dele ao PL. Primeiro, a gente tem que levar em consideração, quando olha para o JHC, é o seu histórico dentro de partido político. JHC não é, efetivamente, um político de partido. Ele já foi eleito deputado estadual, federal, agora prefeito, sempre migrando de um partido para o outro e isso tem um preço a ser pago mais tarde, que é isolamento. Políticos que não se mantém em um partido único, tendem a isolar porque passam a ser não confiáveis. Se você recebe um político que vem de outros partidos, estes não construíram outros partidos e, consequentemente, não vai ajudar a construir o seu”, comenta Ranulfo Paranhos.
Para ele, o cenário de JHC para 2024 é de isolamento.
“O cenário para 2024 de JHC tem como positivo o fato de ele ter a cadeira de prefeito. Então, ele é candidato à reeleição e isso traz vantagens. Ele usa a máquina pública – mas não de forma corrupta, como muitos pensam – e com a caneta de prefeito na mão, maiores são as chances de reeleição”, pontua. “De negativo se tem o fato de ele não ter o apoio do Governo do Estado, de que terá de manter ou ampliar a base na Câmara Municipal, uma vez que a maioria apoiou Paulo Dantas [MDB] para governador, e ele não terá o apoio da Presidência da República, do ponto de vista partidário. Do ponto de vista de apoio, sobrou para o JHC um conjunto pequeno, de deputados estaduais e o senador Rodrigo Cunha, mas quais são os interesses do senador em investir muito em 2024? Não sei, não vejo ele muito com muita intensidade”, completa o cientista político.
Contudo, Ranulfo Paranhos ressalta que a postura do Planalto a partir de 2023 será mais republicana.
“Nos governos anteriores, o que importava muito para os ministérios eram as demandas dos municípios e dos estados e não a qual partido os governantes pertenciam. No governo Teotonio Vilela [PSDB], por exemplo, tivemos vários exemplos disso, uma vez que o Governo Federal era do PT e acho que agora a gente retoma esse comportamento republicano”, diz.
Além de a maioria dos vereadores ter apoiado a reeleição de Paulo Dantas, JHC ainda tem resistência da maioria dos deputados estaduais.
Troca de PSB por PL foi motivada por maior aporte de recursos
Logo após o primeiro turno das eleições deste ano, JHC anunciou, com pompa e circunstância no Palácio do Planalto, a troca do PSB pelo PL de Jair Bolsonaro, além de explicitar seu apoio à reeleição do atual presidente da República.
Para o cientista político Ranulfo Paranhos, a ida de JHC para o PL tem a ver com os maiores fundos Partidário e Eleitoral que a legenda conquistou com o resultado da eleição para a Câmara dos Deputados deste ano. O PL elegeu 99 deputados federais, sendo a legenda mais exitosa neste pleito.
“JHC estava no PSB, aquele projeto estabelecido em 2020 pelo PSB e PDT não funcionou para 2022. Essas alianças que elegeram prefeitos de capitais, prefeitos de grandes cidades não vigorou, mas a saída de um partido do espectro do centro-esquerda para um partido que hoje representa a extrema-direita não faz sentido. As pessoas de opinião, assim, da noite para o dia. O que é que faz sentido a mudança do JHC? Se bem que ele já tem uma base religiosa herdada do João Caldas e tudo mais”, comenta à reportagem da Tribuna Independente.
O cientista político reforça o maior aporte de recursos que o PL pode garantir a JHC, seja em 2023 com o Fundo Partidário, seja em 2024 com o Fundo Eleitoral.
“Faz muito mais sentido você olhar para o fundo partidário de 2023 e o fundo eleitoral 2024, que vai ser um dos maiores junto com o do PT. Ele pode estar olhando para isso, para compensar as falhas da estratégia que ele cometeu agora em 2022 e que vão prejudicá-lo em 2024”, pontua. “A ida para o PL foi pela possibilidade da vitória de Bolsonaro, mas creio que ele apostou muito mais nos fundos Eleitoral e Partidário para 2024 para tentar garantir sua reeleição”, completa Ranulfo Paranhos à Tribuna.
Mesmo no PSB, JHC jamais manifestou qualquer apoio à candidatura de Lula (PT) à Presidência da República, mesmo seu então partido, o PSB, tendo indicado o vice na chapa. Lula foi eleito.
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