Política
Ex-editor da Playboy confirma que Bolsonaro quis abortar Jair Renan
Trecho da entrevista nunca foi divulgado a pedido do então deputado federal que não se incomodou com descrição de “verdadeiro manual de tortura”, nas palavras do jornalista, entrar na publicação

O ex-diretor da Revista Playboy, Jardel Sebba Filho, rompeu o silêncio e confirmou à reportagem do blog Goiás 24 horas que o presidente Jair Bolsonaro (PL) lhe disse, durante entrevista gravada em 2011, quando ainda exercia mandato de deputado federal, que pediu a ex-mulher Ana Cristina Valle que abortasse Jair Renan, seu quarto filho, nascido em 1998. A pedido do ex-capitão, o trecho não foi exibido na revista.
Jardel Filho explica que à época, ainda situado no que convencionou-se chamar de “baixo clero” da Câmara, Bolsonaro buscava projeção e estaria aberto a responder questões que hoje poderiam trazer problemas ao entrevistador. Entre outras coisas, ele perguntou se o então deputado sentiria prazer no caso da sua esposa lhe introduzir um dedo no ânus durante ato sexual. “Fica difícil falar sobre. Acho que vale tudo se o homem tem prazer com a mulher”, respondeu Jair bem humorado, sem se irritar. “Hoje em dia se você fizer uma pergunta dessa, vai preso”, disse o jornalista.
A entrevista foi gravada em algumas sessões e publicada na edição de junho do mesmo ano pela revista. Em muitos dos trechos publicados, Bolsonaro mostra toda sua homofobia com frases como “se um casal homossexual vier morar do meu lado, desvaloriza a minha casa” e “a maioria das mortes de gays na Bahia foi em local de consumo de drogas”. As primeiras sessões ocorreram na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, no gabinete do seu filho Carlos; as últimas ocorreram no gabinete do próprio Jair no Congresso Nacional.
Jardel comenta que Bolsonaro chegava cedo ao gabinete para conversar com ele por duas horas. Ele diz que logo na primeira sessão em Brasília, Bolsonaro estava tão a vontade que 'soltou duas bombas' em sequência.
“Em uma ele disse que chegou a pensar em sugerir um aborto para essa mãe do Jair do Renan. Isso nunca foi publicado. Depois falou o que faria com um pedagogo que, na época, teve fitas VHS em que abusava de meninas encontradas na lixeira do lugar onde morava (…) ele começou a me dizer o que faria se pegasse um cara desses abusando do filho dele. E deu uma descrição detalhada e tão pesada, que o meu chefe que adorava coisas polêmicas falou para não publicar”, contou.
“Arrancar as unhas, os dentes, transformar esse cara num verme”, seria um dos trechos da fala de Bolsonaro. “Um manual de tortura”, resume o jornalista.
Jardel conta ainda que, no dia seguinte, às 7 da manhã, ao chegar ao gabinete encontrou um assessor do lado de fora, que o abordou pedindo que retirasse um trecho da entrevista. Jardel lhe disse que tiraria, sem problemas, após o próprio Bolsonaro pedir, achando que se tratava do trecho em que versava sobre tortura. “Era muito pesado mesmo, o que saiu na revista foi só um terço do que ele tinha dito”, disse.
“Eu entrei na sala dele e ele me disse: ‘Olha, meu assessor falou com contigo porque precisamos tirar uma coisa da entrevista’. Aí eu respondi: ‘Tudo bem, o senhor quer retirar aquela parte que descreve a tortura?’ E ele disse: ‘Não, se você quiser eu te conto mais, eu quero tirar a história do aborto’. Eu tirei a história e estou contando aqui pela primeira vez“, relatou Jardel Filho.
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