Política
Suplente de vereador de Mar Vermelho é denunciada por estelionato
Vítimas do esquema registraram boletim de ocorrência na Polícia Civil contra suplente de vereador do PP
A suplente de vereador Anna Raffalela Berto (PP), de Mar Vermelho, foi denunciada nesta semana na Polícia Civil, por um grupo de cerca de 30 pessoas que a acusam de vender vagas de trabalho na Secretaria de Estado da Saúde (Sesau). O caso foi transferido para a Delegacia de Crimes Cibernéticos nesta terça-feira (19).
A acusada prometia vagas de empregos em troca de uma quantia específica de dinheiro, que supostamente seria usada para custear exames físicos e psicológicos de admissão e palestras profissionalizantes. Famílias chegaram a pagar até R$ 48 mil pelas vagas, esquema pode ter lucrado aproximadamente R$ 1,5 milhão.
“Eu perdi 2 mil reais, mas tem gente que perdeu cinco. Teve gente que entrou com a família que tinha 5, 6 pessoas, e pagaram entre 20 e 48 mil reais”, afirma uma das vítimas do suposto golpe, que não quis se identificar.
Ana Raffaela pedia dinheiro sob a alegação de que os valores seriam usados para pagar exames de admissão dos contratados, consultas com psicólogos e palestras.
A acusada concorreu a uma vaga na Câmara Municipal como vereadora no município de Mar Vermelho, em 2020, mas só recebeu 107 votos e não foi nomeada. A mulher é suspeita de enganar centenas de pessoas prometendo vagas de emprego nos hospitais construídos pelo governo do Estado. Ana Raffaela também usava o nome do ex-secretário de Saúde, Alexandre Ayres, com quem aparece em uma foto nas redes sociais, anunciando parcerias.
De acordo com a acusação, Ana Raffaela dizia trabalhar no setor de Recursos Humanos da Secretaria Estadual de Saúde e sempre mostrava um documento carimbado por ela. O contato inicial acontecia em uma das salas de um prédio comercial no bairro de Mangabeiras, em Maceió. Lá, eram definidos os cargos e o local de trabalho. O pagamento variava entre R$ 1.500 e R$ 3.000, e era feito de imediato, de acordo com o cargo prometido.
Em sua maioria, as vagas se referiam a uma função com um plantão a cada cinco dias e um transporte da própria Secretaria de Estado da Saúde, para levar e buscar os profissionais que moram em Maceió até a cidade do Hospital.
O esquema de atuação da quadrilha era dividido em 4 passos. No primeiro passo, acontecia a conversa inicial, pagamento, entrega de documentos e inclusão no grupo do WhatsApp. Na segunda etapa, eram realizados exames admissionais, pagos pela SESAU e realizado no SOMA (Clínica Médica e Medicina do Trabalho).
Em seguida, Rafaella anunciava a consulta com uma psicóloga, Neilza dos Santos Ferreira, outra integrante do grupo, que supostamente atestaria a capacidade psicológica profissional do candidato à "vaga".
Depois de todos esses estágios, os “contratados” aguardavam a palestra, última fase do processo de contratação, realizada no auditório do Marinas Maceió Hotel, no bairro da Jatiúca. No evento, nenhum dos participantes poderia entrar com o celular, deixam o aparelho num saco com etiqueta e nome na recepção do auditório.
Depois de finalizar o processo, todos ficam no aguardo da escala de trabalho, que nunca foi efetivada para nenhum dos candidatos.
Na ficha de cadastro dos servidores, constava a logomarca dos hospitais do governo de Alagoas.
Além de Rafaella, suspeita-se de outras 4 participantes do esquema de estelionato. A empresária TC, assegurava ser dona do Clinimed Diagnósticos, foi apresentada como gestora pública e hospitalar. A mesma não tem nenhum vínculo com a Secretaria de Saúde do Estado e não cumpre nenhum cargo no Governo, seu nome não consta no Portal da Transparência.
Outro membro, Neilza dos Santos Ferreira era a responsável pelos exames psicológicos que supostamente seriam encaminhados à Secretaria de Estado da Saúde. Seu nome faz parte da lista de aprovados do Processo Seletivo Simplificado de 8 de janeiro de 2021 para compor a equipe de Atenção Básica Prisional, entretanto não existe nenhuma ligação com a sua função e a suposta contratação de pessoal para os hospitais públicos do Estado.
Mais uma psicóloga, JM também operava no Instituto de Anna Rafaella, no município Mar Vermelho. Sua participação no esquema era na palestra realizada para os ingressos dos hospitais. Segundo dados disponíveis no Portal da Transparência do Governo do Estado, JM também não ocupa nenhuma função na Secretaria de Saúde e em nenhum outro órgão, mas, no esquema exercia a função de habilitar os candidatos.
Os funcionários do instituto de Anna Rafaella, também foram prejudicados. A organização foi inaugurada em março deste ano e recebeu o seu nome, ofertava inúmeros serviços médicos e terapêuticos, além de ações sociais diversas para todos os públicos. Em anonimato, uma mulher relata que foi convidada a trabalhar no local como enfermeira. “Não sabia de nada, até quinta-feira (14), depois de ter saído essas informações. Eu não paguei, nem sabia desse negócio de vagas. Atendíamos a cidade e região, era um trabalho de muito amor” relatou. “Ainda estou sem condições de falar, todos nós lá também fomos lesados, pois trabalhamos quatro meses e só recebemos dois, inclusive as especialidades médicas", complementou a ex-funcionária.
Em nota a Sesau confirmou que está ciente do acontecimento.
"A Secretaria de Estado da Saúde informa que é do nosso conhecimento que o assunto está entregue à Autoridade Policial e, por isso, estamos colaborando desde o primeiro momento para as investigações."
NOTA
A SOMA - Clínica Médica e Medicina do Trabalho esclarece que não possui relação com os atos ilícitos dos quais a senhora Anna Rafaella Pessoa dos Santos é suspeita.
A empresa foi procurada, via e-mail, por Anna Rafaella Pessoa dos Santos no dia 11 de janeiro de 2022, solicitando proposta comercial para realização de exames admissionais de cargos diversos, que seriam lotados no Hospital Regional da Mata. O orçamento foi enviado e aceito pela solicitante, e o contrato de prestação de serviço assinado em 21 de janeiro de 2022, com a empresa AR BERTO ASSESSORIA LTDA. Os atendimentos na clínica tiveram início em janeiro de 2022 e foram suspensos em maio de 2022, devido à inadimplência. A empresa esclarece ainda que não possui qualquer vínculo contratual com a Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas, não tendo recebido qualquer valor da mesma ou do Governo do Estado de Alagoas.
A SOMA - Clínica Médica e Medicina do Trabalho também é vítima de Anna Rafaella e realizou boletim de ocorrência pelo dano sofrido.
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