Política
Há uma arapuca na PF para o delegado que prendeu Milton Ribeiro
Após denunciar interferência em investigação, Bruno Calandrini pode acabar punido em sindicância interna

O delegado Bruno Calandrini, que prendeu o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, passará por dissabores com a sindicância aberta para apurar as suspeitas de interferência na investigação. É mais um péssimo sinal do estado em que se encontra a corporação.
A sindicância foi instaurada depois que o próprio Calandrini afirmou, em um grupo de WhatsApp, que a investigação foi prejudicada porque a direção da Polícia Federal teria garantido tratamento especial a Ribeiro.
A mensagem do delegado fez barulho e, naturalmente, reacendeu a discussão sobre a maneira como a cúpula da PF tem agido nas investigações capazes de atingir o governo.
Teoricamente, o procedimento aberto a partir da denúncia deveria servir para esquadrinhar as suspeitas. Mas, na prática, deve se voltar contra o delegado.
Para se contrapor à acusação, a direção da PF vem reunindo elementos que devem ser apresentados em desfavor de Caladrini — e, em última instância, podem até ser usados para puni-lo.
É o caso, por exemplo, de testemunhos de policiais baseados no estado de São Paulo que dizem ter ouvido do delegado a sugestão de conduzir Milton Ribeiro para uma cela do sistema prisional — e não para a carceragem da própria Polícia Federal — logo após ele ser detido.
A orientação, não cumprida pelos policiais destacados para executar o mandado, foi entendida pela direção como uma tentativa de Calandrini de expor o ex-ministro a condições degradantes e, assim, ampliar as chances de ele prestar um depoimento explosivo ao ser interrogado.
Além desse ponto, a cúpula da PF deve explorar na sindicância o fato de o delegado não ter avisado seus superiores antecipadamente sobre a necessidade de organizar a operação que prendeu Milton Ribeiro e outros suspeitos de participação em um esquema de corrupção no MEC.
O delegado não avisou, por óbvio, por acreditar que a informação poderia vazar para a cúpula do governo e, eventualmente, para os próprios investigados.
Como a coluna antecipou, o Ministério Público pediu e a Justiça autorizou o envio do inquérito sobre o balcão do MEC para o Supremo Tribunal Federal para apurar se o presidente Jair Bolsonaro interferiu nas investigações.
Em uma ligação interceptada em 9 de junho pela equipe responsável pela apuração, Milton Ribeiro disse ter recebido um telefonema de Bolsonaro no qual o presidente falava da possibilidade de ele ser alvo de uma operação de busca e apreensão — o que, de fato, ocorreu dias depois. O caso está sob sigilo, sob a relatoria da ministra Cármen Lúcia.
Enquanto isso, na PF, a arapuca para Bruno Calandrini está armada.
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