Política

A mando de Bolsonaro, Forças Armadas pedem ao TSE arquivos das eleições de 2014 e 2018

A apoiadores, Bolsonaro chamou Edson Fachin de "ditador do Brasil" e revelou que está por trás da ação das Forças Armadas: "o chefe supremo sou eu"

Por Plinio Teodoro com Revista Fórum 12/07/2022 07h38
A mando de Bolsonaro, Forças Armadas pedem ao TSE arquivos das eleições de 2014 e 2018
Jair Bolsonaro, Walter Braga Netto e Paulo Sérgio Nogueira - Foto: Fabio R. Pozzebom/ABr

Jair Bolsonaro (PL) segue usando as Forças Armadas para tensionar a relação com a Justiça Eleitoral em cima de denúncias infundadas de fraudes nas urnas eletrônicas. No final de junho, os militares enviaram novo ofício ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pedindo acesso a arquivos das eleições de 2014 e 2018, pleitos que o presidente insiste que houve fraude.

Nesta segunda-feira (11), em conversa com apoiadores, Bolsonaro chamou o atual presidente da corte, ministro Edson Fachin, de "ditador do Brasil" e confirmou que está por trás da ofensiva das Forças Armadas contra a justiça eleitoral.

"O TSE convidou as Forças Armadas para participar de uma comissão de transparência eleitoral. Só que eles não entenderam que o chefe supremo sou eu. E eu determinei às Forças Armadas, junto a seu comando de segurança cibernético, que fizesse o trabalho que tinha que ser feito dentro do TSE", afirmou.

No ofício, enviado ao TSE em 24 de junho, as Forças Armadas afirmam que os arquivos das eleições passadas seriam necessários para "esclarecer e conhecer os mecanismos do processo eleitoral com a finalidade de permitir a execução das atividades de fiscalização do processo eleitoral".

À Folha, o Ministério da Defesa disse que as informações "são fundamentais para que os militares estudem os parâmetros e a estrutura do sistema eletrônico de votação para que possam realizar os trabalhos de fiscalização de forma técnica, séria e colaborativa". É a primeira vez que os militares contestam o sistema de votação eletrônico, implantado há 25 anos no Brasil.

O ofício foi encaminhado pelo ministro da Defesa, general Paulo sérgio Nogueira, e é assinado pelo coronel do Exército Marcelo Nogueira de Sousa, que comanda a equipe das Forças Armadas que participará da fiscalização do processo eleitoral.

Assinam ainda o coronel Wagner Oliveira da Silva (Força Aérea), o coronel Ricardo Sant'ana (Exército) e o capitão de fragata Marcus Rogers Cavalcante Andrade (Marinha).

Fiscalização paralela

A ofensiva faz parte do plano das Forças Armadas de criar um plano de fiscalização paralela para as eleições - também a mando de Jair Bolsonaro.

Segundo Felipe Frazão, em reportagem no jornal O Estado de S.Paulo, o plano é dividido em oito etapas, seguindo por todo o processo eleitoral, e precê uma contagem paralela dos votos.

Além dos resultados de 2014 e 2018, os militares ainda pedem mais informações sobre o sistema Vota, programa responsável pela coleta e apuração de votos na seção eleitoral.