O presidente Jair Bolsonaro (PL) tem insistido no Congresso Nacional para que seja instalada uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a Petrobras e os sucessivos aumentos no preço da gasolina. A Tribuna Independente ouviu parte da bancada alagoana na Câmara Federal para saber a opinião dos parlamentares sobre o assunto.

“Pura demagogia e uma cortina de fumaça em pleno período eleitoral, do jeito que o Bolsonaro [PL] gosta”. Essa é a opinião do deputado federal Paulão (PT), que afirma estar alinhado com o partido, que é contra a abertura da CPI da Petrobras.

Segundo Paulão, para o partido, está evidente que o atual presidente, “diante da sua covardia para resolver o problema dos preços dos combustíveis, tenta apenas criar uma cortina de fumaça para se eximir da culpa”.

“Como que pode um presidente da República ficar brigando com uma empresa estatal, criminalizando uma empresa estatal? Como se a empresa Petrobrás não fosse majoritariamente do governo, que tem a maioria das ações, que é o controlador da empresa. A Petrobras não precisa de uma CPI, mas de uma PPI, que é a paridade de preços internacionais”, explica o parlamentar.

Paulão lembrou que a causa dos preços altos é o preço por paridade de importação (PPI), instituído na Petrobrás pelo ex-presidente Michel Temer (MDB) após o “golpe” contra Dilma Rousseff, e mantido por Bolsonaro.

“Como o PPI dolariza os preços e garante lucros fenomenais aos acionistas, Bolsonaro não tem coragem de alterá-lo e desagradar assim seus verdadeiros patrões: os endinheirados do sistema financeiro. No governo PT a gasolina era regida pelo Real, por isso que não houve tantos reajustes. Além disso, construímos várias refinarias e Lula estimulou o estudo para o pré-sal e nos tornamos um país autossuficiente. O Brasil estava entre os dez países mais poderosos no mundo na produção do petróleo”, ressalta Paulão.

“E Bolsonaro começa a brigar com a empresa, tentando criminalizar a Petrobrás. Ele quer criar uma narrativa política para justificar os crimes que ele comete em relação à economia popular e poder disputar a eleição. Ele quer ter argumento político. Como ele teria que resolver o problema e não resolve, ele diz que é a Petrobrás. Quando Lula voltar à presidência da República, a primeira que irá fazer é mudar a PPI e desatrelar do dólar”, finalizou.

Em contato com a reportagem da Tribuna, a deputada federal Tereza Nelma (PSD) também discorda da abertura da CPI proposta por Jair Bolsonaro.

“A CPI da Petrobras é uma clara manobra do governo federal, que quer culpar a empresa pelos aumentos do combustível. Esses aumentos abusivos são produzidos pela política do governo federal, que nomeia os presidentes da empresa. É urgente acabar com essa política que aumenta a inflação, eleva os preços dos transportes e joga os aumentos absurdos nas costas dos brasileiros para manter repasses bilionários aos investidores estrangeiros”, defende a parlamentar.

“Precisamos de CPI pra investigar a corrupção no Ministério da Educação, onde pessoas indicadas pelo presidente e pelo ministro cobravam propinas até em ouro pra favorecer o acesso a verbas públicas”, concluiu Tereza Nelma.

A bancada do PP, partido do presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), decidiu no fim da tarde da última terça-feira (21) não assinar o requerimento para criação da CPI da Petrobras. A posição foi tomada depois de reuniões e consultas feitas pelo líder da bancada, deputado André Fufuca (PP-MA).

Marx Beltrão diz que está na hora de abrir a “caixa preta” da empresa

Já o deputado federal Marx Beltrão (MDB) disse ser é a favor da abertura da CPI. “É hora de abrir a caixa preta. Os interesses ocultos no posicionamento da Petrobras precisam ser expostos ao povo brasileiro. A função social da estatal está na Constituição e precisa ser respeitada. É inaceitável que a atual política de preços continue a inviabilizar o nosso país”, opinou o parlamentar.

O parlamentar tem sido crítico aos aumentos sucessivos nos preços dos combustíveis. Beltrão sem usado as redes sociais para se manifestar e informar que está tomando providências junto ao governo federal para que a empresa ao invés de aumentar os valores, os baixe.

O deputado federal chegou a gravar críticas por conta da alta nos combustíveis em frente aos postos de gasolina tanto em Maceió quanto em estabelecimentos localizados no interior do estado. Marx Beltrão também votou a favor do projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional que modificou a alíquota do ICMS, numa tentativa de o governo brasileiro baixar os valores dos combustíveis.

Bolsonaro disse na última semana que o aumento no preço dos combustíveis é “um abuso”. “Eu estou acertando uma CPI da Petrobras. ‘Ah, você que indicou o presidente’. Sim, mas eu quero uma CPI. Por que não? Se não deve nada, investiga o cara”, disse Bolsonaro a apoiadores, na noite da última segunda-feira (20), no Palácio da Alvorada.

A Tribuna Independente tentou contato com os demais deputados federais da bancada alagoana, mas não houve retorno.