Política

Privatização tende a prejudicar população pobre

Sindicato que representa os trabalhadores dos Correios mobiliza bancada alagoana

Por Thayanne Magalhães com Tribuna Independente 29/03/2022 06h10 - Atualizado em 29/03/2022 10h09
Privatização tende a prejudicar população pobre
Correios teve lucro recorrente recorde de R$ 3,7 bilhões no ano passado - Foto: Divulgação

Mesmo sem nenhum investimento do governo federal, os Correios continuam batendo recorde de lucros ano após ano. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios em Alagoas (Sintect/AL), Alysson Guerreiro conta que em 2020, o valor do lucro foi de R$ 1,5 bilhão.

“No último dia 17 de março, o presidente da ECT [Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos], General Floriano Peixoto, em reunião com o conselho administrativo da empresa, anunciou que o lucro em 2021 chegou a R$ 3,7 bilhões, possibilitando assim que os funcionários voltem a receber, mesmo que de forma altamente desproporcional, a participação de lucros e resultados, situação que não acontecia desde 2012”, explica.

Para Guerreiro, os números citados mostram, dentre outros comprovados motivos, que uma empresa pública, tricentenária e que atende de forma igualitária a todos os 5.700 municípios brasileiros, não pode jamais ser privatizada.

“Os Correios é a maior empresa de logística da América Latina, conta atualmente com quase 90 mil funcionários em todo país e desde 2011 não realiza concursos públicos. Uma estatal que mesmo diante de tantas situações adversas, tem um grande compromisso com a área social, entregando livros didáticos, medicamentos, provas do Enem, auxiliando também na entrega de donativos em cidades em situação de calamidade. Por estes e tantos outros motivos o Sintect/AL continua lutando para conscientizar a todos que a venda dos Correios será um verdadeiro caos a toda população”, critica.

APOIO DOS SENADORES

O presidente do Sintect/ALfavorecidos serão mais uma vez prejudicados e os últimos exemplos de privatizações comprovariam isso.

“O PL 591/2021 [Projeto de Lei que trata da Venda dos Correios] foi aprovado pela Câmara Federal e atualmente encontra-se no Senado aguardando votação. A direção do sindicato esteve com dois dos três senadores da bancada alagoana. O senador Renan Calheiros recebeu os membros da direção em Brasília e se posicionou contrário ao projeto que também é inconstitucional. Já Rodrigo Cunha, em entrevista à Radio Nova Brasil em dezembro último, afirmou que do jeito que se encontra o projeto, ele também se posiciona de forma contrária. Não tivemos êxito com o senador Fernando Collor”, disse.

Municípios podem ser prejudicados e Paulão critica

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios em Alagoas (Sintect/AL), Alysson Guerreiro, destaca ainda, se o projeto de lei passar, a privatização dos Correios vai prejudicar especialmente a população de pequenos municípios, que deixaria de contar com a garantia dos serviços da empresa.

À reportagem da Tribuna, o deputado federal Paulão (PT), afirmou que o projeto de privatização dos Correios é um crime de lesa-pátria.

“A privatização dos Correios está entre os projetos de Jair Bolsonaro e Paulo Guedes. A gente está falando de uma das empresas mais antigas da história do Brasil, considerada a mais querida pelos brasileiros, e eu vejo como um crime de lesa-pátria colocá-la à venda”, opinou o parlamentar.

Para Paulão, a privatização irá gerar mais desemprego e as consequências serão pagas pelo consumidor.
“A privatização fará com que a tarifa aumente imediatamente. O segmento mais pauperizado vai sofrer ainda mais, porque teremos uma série de municípios que será prejudicada. A iniciativa privada irá investir nas capitais e grandes cidades, não tem interesse nas pequenas cidades do interior e os moradores irão depender das cidades polo. Essa logística vai aumentar a burocracia e elevar os custos principalmente para aqueles que estão mais distantes. É um projeto lamentável, que lesa-pátria, lesa-soberania e a bancada do PT é unânime ao ser contrária à privatização dos Correios”, concluiu.