Política

Em nota conjunta, 4 pré-candidatos condenam 'neutralidade' de Bolsonaro em relação à Ucrânia

Ministro Carlos França (Relações Exteriores) afirmou que presidente quis dizer 'imparcialidade', expressão criticada pelo representante da Ucrânia no Brasil

Por Jéssica Sant'Ana com g1 01/03/2022 19h12
Em nota conjunta, 4 pré-candidatos condenam 'neutralidade' de Bolsonaro em relação à Ucrânia
Jair Bolsonaro - Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil

Quatro pré-candidatos a presidente da República divulgaram nesta terça-feira (1º) nota conjunta condenando a "neutralidade" defendida pelo presidente Jair Bolsonaro como posição do Brasil em relação à invasão da Ucrânia pela Rússia.

A nota é assinada pela senadora Simone Tebet (MDB-MS), pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB), pelo ex-juiz federal e ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro (Pode-PR), e pelo cientista político Felipe d'Avila (Novo-SP).

No domingo, o presidente Jair Bolsonaro afirmou em entrevista coletiva no Guarujá, onde está de folga, que a posição do Brasil em relação ao conflito Rússia-Ucrânia era de "neutralidade".

No dia seguinte, o ministro Carlos França (Relações Exteriores) afirmou que, ao falar em "neutralidade", Bolsonaro quis dizer "imparcialidade", criticada nesta terça-feira pelo representante diplomático da Ucrânia no Brasil.

Na nota, os quatro pré-candidatos afirmam que a defesa da paz, da soberania nacional e da legitimidade da ordem internacional sempre pautou a política externa brasileira.

"Quando esses princípios cardeais são violados, não há espaço para neutralidade", afirmaram no texto, sem mencionar Bolsonaro. "É preciso defendê-los de maneira inequívoca por meio de nossas escolhas e ações", complementaram.

A nota afirma que o ataque militar da Rússia à Ucrânia é uma tentativa "condenável de mudar o status quo da Europa por meio da força, estimula a retomada de uma corrida armamentista e coloca em risco a soberania de países que lutaram contra as tiranias por liberdade e inserção na comunidade das nações".

Ao final, os pré-candidatos pedem a retomada da diplomacia e um posicionamento do governo brasileiro:

"Pedimos à Rússia que retome o caminho da diplomacia para a restauração da paz. Pedimos ao governo brasileiro que se posicione, unindo-se às nações que defendem a soberania da Ucrânia e a solução pacífica do conflito."

Íntegra

Leia abaixo a íntegra da nota divulgada pelos pré-candidatos a presidente:

"A defesa da paz, da soberania nacional e da legitimidade da ordem internacional sempre pautou a política externa brasileira. Quando esses princípios cardeais são violados, não há espaço para neutralidade.

É preciso defendê-los de maneira inequívoca por meio de nossas escolhas e ações. O ataque militar da Rússia à Ucrânia é uma tentativa condenável de mudar o status quo da Europa por meio da força, estimula a retomada de uma corrida armamentista e coloca em risco a soberania de países que lutaram contra as tiranias por liberdade e inserção na comunidade das nações.

Portanto, nós, pré-candidatos à presidência da República, tornamos público o nosso repúdio à invasão da Ucrânia e oferecemos a nossa solidariedade ao povo ucraniano.

Pedimos à Rússia que retome o caminho da diplomacia para a restauração da paz. Pedimos ao governo brasileiro que se posicione, unindo-se às nações que defendem a soberania da Ucrânia e a solução pacífica do conflito.

@lfdavilaoficial

@jdoriajr

@SF_Moro

@SimoneTebetms