Política

Partidos em Alagoas estão mais propensos a apoiar Lula nas eleições deste ano

MDB, PSB, PV, PCdoB e o próprio PT estão aderindo às propostas nacionalmente

Por Tribuna Independente 05/02/2022 08h28
Partidos em Alagoas estão mais propensos a apoiar Lula nas eleições deste ano
Reprodução - Foto: Assessoria
O ex-presidente Lula (PT) vem garimpando sua candidatura à Presidência da República em todo o país. Em Alagoas não é diferente. Na última semana, o governador Renan Filho (MDB) e o senador Renan Calheiros (MDB) estiveram com o petista e declararam que a legenda a qual eles fazem parte deveria apoiar Lula, caso não tivesse um candidato forte. Pai e filho usaram as redes sociais para falar do encontro com Lula. O governador de Alagoas publicou que teve uma boa conversa com o ex-presidente Lula sobre o desenvolvimento de Alagoas e do Nordeste e quanto ao MDB, defendeu que caso o partido não tenha candidatura viável no campo nacional o melhor caminho é fazer aliança com Lula. O senador Renan Calheiros também publicou sobre a conversa com Lula e pontuou os temas do encontro. Segundo ele, conversaram sobre democracia, institucionalidade, economia e eleição. “Pessoalmente defendo que se o MDB não tiver um candidato competitivo é mais consequente uma aliança com Lula”. Também nesta semana, o ex-deputado João Caldas falou sobre a federação que deve ter PT, PSB, PV e PCdoB juntas em Alagoas. “Não faz sentido a federação partidária e o candidato a presidente, que deve ser o Lula, não ter um palanque em Alagoas. Vamos trabalhar para ter nomes ao Senado, Governo, Câmara dos Deputados e Assembleia Legislativa”. À Tribuna, o presidente do PT em Alagoas, Ricardo Barbosa, disse que esse assunto da federação é algo que é afeto às direções nacionais dos partidos envolvidos e que o diretório estadual está em compasso de espera para ver qual será a realidade que terá que ser adaptada em Alagoas. “Muito provavelmente há a realidade de uma federação com o PSB, o PCdoB e o PV. Pelo menos até aqui. Esse quadro pode mudar? Pode. Pode ser algum partido a menos desses quatro que eu falei? Pode. Pode ser algum partido a mais? Pode. Há possibilidade de o PT não fazer federação e esses outros partidos fazerem federação e o PT coligar na majoritária, já que é permitido coligação majoritária? Pode. Mas todas essas conjecturas estão sendo analisadas e serão definidas no âmbito nacional dos partidos políticos. Aqui o que a gente tem de concreto é que o PT tem candidato a Presidente da República e já não é de hoje, nem de pouco tempo, nossa candidata é Lula presidente e a federação é debatida internamente aqui entre nós no sentido de ser algo que fortalece tanto a candidatura do Lula como também na hipótese muito provável da sua vitória de uma base de apoio que lhe dê governabilidade para que ele não corra riscos como corre e como correu por exemplo a presidenta Dilma de ser cassada injustamente com denúncias infundadas porque não havia uma base parlamentar pra dar sustentação ao seu governo”. Ricardo destaca que o PT em Alagoas tem uma prioridade que é a reeleição do deputado federal Paulão. Para o presidente do PCdoB em Alagoas, Lindinaldo Freitas, a federação é um instrumento muito novo e o partido está trabalhando para que tenha bons frutos. “Ela força essa união entre os partidos, no caso aqui de Alagoas, PT, PV e PCdoB já possuem um bom diálogo e estão há vários anos no mesmo campo de alianças. Hoje quem destoa é o PSB, esperamos poder construir saídas juntos na federação, até porque o formato que está sendo pensado impede que um partido sozinho consiga impor sua vontade, mesmo os maiores”. Lindinaldo ressalta que o PCdoB tem uma aliança nacional antiga com o PT e o ex-presidente Lula. Ele acrescenta que essa é uma eleição diferente, por conta da tragédia do governo Bolsonaro e que por isso, Lula caminha para ser o candidato dos mais amplos e diversos setores do país. “Isso porque as pessoas querem que esse governo acabe e querem alguém que consiga restabelecer o diálogo e uma agenda voltada ao desenvolvimento e a redução das desigualdades, algo que o Lula representa bem. A federação é uma boa oportunidade para que os partidos construam um projeto comum para Alagoas, esse é um grande desafio porque Alagoas avançou muito com os dois governos Renan Filho. O PCdoB defende a união de uma grande frente aqui no estado, para derrotar o Bolsonaro e garantir a continuidade dos avanços que conquistamos nos últimos anos”. O deputado Silvio Camelo, do PV, Silvio Camelo, pontuou que o Partido Verde em Alagoas seguirá as orientações da Executiva Nacional que deverá participar da Federação dos quatro partidos e que estão com as negociações bem adiantadas. “O apoio de duas lideranças do peso do senador Renan e do governador Renan Filho fortalece sem dúvida o projeto de centro esquerda posto por Lula”. Cenário da eleição presidencial está bem mais apresentável A reportagem da Tribuna ouviu ainda a cientista política Luciana Santana para que ela comentasse sobre esses avanços nos apoios ao Lula e fizesse uma análise desse contexto para viabilizar e fortalecer o palanque para o ex-presidente no estado. “Minha avaliação é que a gente tem hoje um cenário da eleição presidencial já um pouco mais desenhado. No sentido de que há aí uma forte tendência a um maior embate entre duas candidaturas. De um lado, Bolsonaro de outro Lula. A terceira via é algo ainda incerto, não é? Ela pode vir a acontecer. Ou seja, não é? Ganhar corpo aí nos próximos meses e chegar ali junto, mas hoje ainda não é uma realidade. Então a gente tem que falar com elementos concretos. Então diante dessa realidade é necessário pensar efetivamente é para que lado você vai se posicionar”. Luciana lembra que Bolsonaro vai tentar a reeleição, mas que não necessariamente conseguirá mostrar efetivamente um diferencial. Diferentemente, segundo ela, do que aconteceu no final do primeiro mandato do Fernando Henrique Cardoso (PSDB), do mandato do Lula, e mesmo a Dilma antes de 2013, que tinha uma avaliação mais positiva aí dos seus mandatos. “Hoje o grande desafio é justamente você ter confiança num governo que não tem uma adesão da maioria do eleitorado, uma aprovação. Então quando os eleitores respondem às pesquisas de opinião e ali você consegue perceber um recall, a memória do eleitor em relação ao que ele teve em outros governos quando compara entre o que está tendo hoje no governo Bolsonaro e o que teve no governo Lula é a satisfação é maior quando a gente olha para o governo Lula. Você tem aí um número de simpatizantes maior, tanto que Lula hoje é o pré-candidato que aparece mais bem posicionado. Mesmo depois do tempo de ele ter passado preso e todo problema em termos de julgamento de mensalão, depois processo da Lava Jato e a própria prisão e a eleição de 2018”. A cientista ressalta que os estados do Nordeste têm uma adesão maior de apoio ao Lula e que Alagoas não seria diferente por mais que se tenha uma elite mais conservadora especialmente concentrada em Maceió. “Lula ainda aparece no imaginário do eleitorado alagoano como aquele que trouxe mais conquistas, aquele que deu melhores condições de vida para essa população. Então isso faz com que também os apoios se articulem pensando nisso, pensando na própria sobrevivência política, na própria eleição. Entre apoiar Bolsonaro e apoiar Lula melhor que o apoio seja dado a Lula. O governador Renan já tinha um alinhamento muito maior ali, dentro do partido de centro-esquerda. Na última eleição presidencial apoiou o Haddad, então isso continua, né? Então provavelmente ele deve apoiar a candidatura do Lula, independente do vice ser ou não do MDB. Então pelo menos é o que a gente vê pelas falas dele e esse último encontro que ele teve também fica bem evidente isso. No caso do apoio do MDB eu acho que dificilmente o MDB vai conseguir nacionalmente ter uma candidatura forte e isso também não inviabilizaria que houvesse esse apoio desse grupo aí ao Lula”. No caso do PSB, do grupo que está próximo a João Caldas, a cientista avalia que nesse ponto tem uma institucionalidade que acaba impulsionando esse apoio.