Política

TCU apura comportamento político do BB contra Alagoas

Ministério Público de Contas da União quer saber se o banco estatal estaria dificultando empréstimos a estados governados por oposicionistas ao presidente da República, Jair Bolsonaro

Por Tribuna Independente 03/02/2022 10h51
TCU apura comportamento político do BB contra Alagoas
Reprodução - Foto: Assessoria
O Tribunal de Contas da União (TCU) abriu investigação, no dia 1º, para verificar se o Banco do Brasil está prejudicando estados com governadores de oposição a Jair Bolsonaro (PL) para conceder empréstimos. Entre eles, Alagoas. Além de Alagoas, a Bahia também estaria sendo prejudicada por ter um governador oposicionista. A representação foi feita pelo subprocurador-geral do Ministério Público de Contas da União, Lucas Rocha Furtado. O Governo de Alagoas recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para obter os recursos após o Banco do Brasil ter abandonado as negociações de um empréstimo de R$ 770 milhões sem maiores justificativas. A reportagem da Tribuna Independente procurou George Santoro, titular da Sefaz, para comentar o caso, mas não houve resposta até o fechamento. Alagoas é governada por Renan Filho (MDB), filho do senador Renan Calheiros (MDB), que foi relator da CPI da Covid no Senado. Além disso, há uma disputa por espaço político com Arthur Lira (PP), presidente da Câmara dos Deputados e aliado de Jair Bolsonaro. O TCU já tinha uma investigação em curso sobre a operação de Alagoas, após provocação do governo estadual. Mas o processo instaurado no dia 1º é mais amplo e vai analisar a atuação do banco como um todo. A tendência é que essa nova frente seja o foco de trabalho dos auditores. Em 2021, o BB concedeu R$ 5,3 bilhões em créditos para estados. Dois terços desse valor foram para governos aliados ou de partidos que têm em seus quadros apoiadores da atual gestão federal. O Banco do Brasil nega ingerência política na concessão de empréstimos e, à Folha de S. Paulo, afirma seguir “critérios técnicos”. “Toda contratação de operações para o setor público segue estritamente as exigências legais dos órgãos reguladores, a avaliação de crédito e os interesses negociais do BB”, afirmou o banco ao jornal paulista. Mas, segundo a Folha de S. Paulo, o vice-presidente de Governo do Banco do Brasil, Antônio Barreto, manifestou inclinação da instituição em viabilizar operações de quem tem “boa relação” com o atual governo. A sinalização foi dada em reunião com integrantes do Executivo no fim de 2021. “Antônio Barreto, que assumiu o cargo em maio do ano passado, já transitou por postos-chave na Esplanada dos Ministérios: foi secretário-executivo do Ministério da Cidadania e também atuou em áreas da Casa Civil no período em que essas pastas foram chefiadas por Onyx Lonrenzoni”, relata a Folha. “Antes, Barreto foi assessor de Gilberto Kassab, atual presidente do PSD, quando este era ministro de Ciência e Tecnologia no governo Michel Temer (MDB)”, completa o jornal paulista em reportagem publicada no dia 1º.