Política

Vereadores já colocam “bloco na rua” para disputar novos mandatos

Parlamentares da capital alagoana vislumbram cargos de deputado estadual, federal e até senador

Por Tribuna Independente 08/01/2022 10h24
Vereadores já colocam “bloco na rua” para disputar novos mandatos
Reprodução - Foto: Assessoria
Diálogos e articulações políticas mudam gradativamente o cenário que caminha em direção ao pleito do próximo ano. Políticos já eleitos viabilizam possibilidades de reeleição ou de dar um passo adiante, na busca de um cargo diferente. Esse é o caso de vários vereadores da Câmara Municipal de Maceió. Alguns vereadores já se declaram pré-candidatos a deputados, seja para ocupar uma cadeira na Assembleia Legislativa do Estado (ALE) ou na Câmara dos Deputados, em Brasília. Tem até vereador de olho na vaga do Senado Federal. As articulações visam sedimentar o terreno a partir de aceitação pelas bases partidárias e formação de alianças para ampliar redutos eleitorais. À Tribuna, Fábio lembrou que, em 2020, presenciou um movimento semelhante ao de hoje, com a população respondendo às pesquisas para as eleições daquele ano colocando o seu nome para ser vereador. “Eu topei o desafio e assumi a missão. Acabei sendo o vereador mais votado por Maceió. Hoje sou vereador lutando pela defesa da população de Maceió, propondo nossos projetos de lei, fiscalizando, cuidando do Maceioense.  Agora, estamos vendo a história se repetir. Pessoas respondendo o meu nome nas pesquisas para o Senado. Não sou do tipo que nega missões, ainda mais quando elas são dadas pela população. O que posso fazer primeiro é agradecer o reconhecimento das pessoas e dizer que me sinto preparado para todos os desafios que me forem confiados. Afinal, foi assim em toda minha vida, seja no corpo de bombeiros, na delegacia, e agora na política”. O vereador de primeiro mandato, Cal Moreira (PSC) disse que pretende se candidatar a deputado federal e que vai apoiar o deputado estadual Breno Albuquerque (PRTB) em sua reeleição para a ALE. “Vou em busca de trazer avanços através do poder público para as pessoas que mais precisam, além de ter mais oportunidades para legislar e mudar a realidade dos alagoanos e brasileiros, de forma geral”. Quem também vem tendo o nome especulado para as eleições proporcionais deste ano é o vereador Leonardo Dias (PSD). No entanto, à Tribuna, o parlamentar ligado ao presidente Jair Bolsonaro (PL), explicou que no momento não “sou pré-candidato, por discordância com o meu partido, que resolveu lançar à Presidência o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, que entendo não representar aquilo que defendo. Se o cenário partidário mudar, posso ser candidato a qualquer coisa, mas existiria uma tendência natural a ser candidato a federal, diante das pautas que defendo”. A vereadora Olívia Tenório (MDB), que nas eleições de 2018 teve mais de 20 mil votos, disse que está estudando a possibilidade de tentar novamente a Câmara Federal. Já o vereador e ex-prefeito de Maceió, Marcelo Palmeira (PSC), pontuou que está habilitado, mas que ainda não tem definição se será candidato e a que cargo vai concorrer. A vereadora Teca Nelma (PSDB) vem sendo tratada nos bastidores como uma possível substituta da mãe, a deputada federal Tereza Nelma (PSDB) dentro da política. À Tribuna, ela disse que se preparou para exercer a atividade política, estudando, fiscalizando e propondo projetos para resolver graves problemas sociais. Segundo a vereadora, a maioria desses problemas ultrapassam as fronteiras municipais o que limita sua ação como vereadora. “Acho que, como deputada estadual, poderei contribuir mais no combate à fome, no incentivo à inclusão social das pessoas com deficiência, no enfrentamento ao racismo e aos preconceitos, que geram tanta violência, inclusive contra a juventude. Vejo que poucos se preocupam com mais justiça social e direitos humanos. Assim, estou me preparando para ser candidata a deputada estadual. Se defendo uma maior participação das mulheres na política, tenho que dar o exemplo. Vou fazer uma dobradinha com minha mãe, a Tereza Nelma, considerada a melhor deputada federal do Nordeste e uma das cinco melhores da Câmara. Aprendi com ela a trabalhar pelos pobres e excluídos”. O vereador Chico Filho (MDB) explicou que neste momento não tem participado das articulações para ser candidato. Porém, existe uma demanda muito grande da sua base para que ele participe do processo eleitoral. “Tenho um trabalho forte nas comunidades de Maceió e junto ao setor produtivo, o que na prática me coloca como um dos nomes mais fortes na capital. Sou o quarto vereador mais votado de Maceió e isso tem um peso no processo e no interesse em torno do meu nome participar. Vamos aguardar os próximos meses para saber a que definição chegaremos”. A Tribuna consultou ainda o cientista político Ranulfo Paranhos para saber qual o peso político dos vereadores na disputa, nas composições e nas articulações políticas para as eleições deste ano. Segundo ele, o vereador tem a vantagem de poder se candidatar sem perder o mandato e caso saia derrotado volta para o cargo normalmente. Mas para Ranulfo tudo isso tem um custo. “Porque você pode entrar numa campanha agora que pode elevar o seu nome colocar o seu nome em evidência e aí você ganha porque você está trazendo o seu nome dois anos após a eleição ou você pode criar um desgaste. A sua campanha pode ser muito ruim e você pode ao invés de capitalizar para sua imagem você pode desgastar a sua imagem. Então essa é sempre uma escolha que o vereador de mandato que vai se candidatar a deputado estadual, federal ou senador tem que fazer”, avalia o cientista político. Ranulfo lembra que essa migração da Câmara de Maceió para a Assembleia Legislativa do Estado ou até mesmo a Câmara dos Deputados já aconteceu algumas vezes. O cientista ressalta que toda ação política praticada é direcionada na cabeça do político e que os custos têm que ser menores do que os benefícios, ou seja, o quanto ele ganha com esses custos. O cientista destaca a possível candidatura do vereador Fábio Costa ao Senado. Para Ranulfo, a situação atual é bem diferente, pois a onda bolsonarista que ajudou a eleger o vereador não é a mesma. “Outra coisa, ele vai entrar numa disputa contra o governador do estado que vai desincompatibilizar agora final de março para sair candidato ao Senado. É um desgaste meio grande, meio sem sentido, não é? Até mesmo para você encontrar espaço para colocar seu nome em evidência. Eu acho que nesse caso, quando você tem um oponente muito forte, você desaparece? O segundo oponente do Fábio Costa seria o atual dono da vaga, o senador Fernando Collor. Eu não sei como é que o Fábio Costa ou talvez seja um seja uma exigência do partido, mas nesse de todos esses nomes eu acho que o maior desgaste entraria aí para ele”, finaliza.