Política

Ponderados, líderes petistas de Alagoas aprovam aliança Lula-Alckmin

Deputado federal Paulão e o presidente da sigla no estado, Ricardo Barbosa, avaliam cenário com possível chapa entre o ex-presidente e o ex-governador de São Paulo

Por Carlos Amaral com Tribuna Independente 23/12/2021 07h04
Ponderados, líderes petistas de Alagoas aprovam aliança Lula-Alckmin
Reprodução - Foto: Assessoria
Tem ganhado as discussões políticas a possibilidade de uma chapa Lula-Alckmin para a disputa presidencial de 2022. O ex-governador de São Paulo já deixou o PSDB e deve se filiar no PSB, abrindo, assim caminho para a composição com o petista. Tanto o deputado federal Paulão quanto o presidente do PT em Alagoas, Ricardo Barbosa, consideram a possibilidade de chapa entre Lula e Alckmin acertada, mas ambos se demonstram ponderados sobre essa aliança. “A chapa Lula e Alckmin ainda não está definida. Está havendo conversações. A gente percebe que é uma ação muito do candidato, do ex-presidente Lula. Mas não está definindo ainda”, pontua Paulão. “Eu avalio que o projeto nacional tem que ter serenidade de você montar uma chapa para fazer o combate a esse governo fascista que está no poder, que está destruindo o Estado democrático, está destruindo a soberania nacional, os direitos sociais e as políticas públicas. A gente está vivenciando um momento de inflação alta, perda de poder aquisitivo, a volta da fome, a população com indivíduo aumenta altíssimo. É preciso ter serenidade e compreender que não será o PT sozinho, e a esquerda, que irá disputar para ganhar a política real. É por isso que o Lula, com a experiência que ele tem, está dialogando com a sociedade. Acho que a estratégia nossa principal é o combate ao fascismo”, completa o parlamentar do PT. Para Paulão, uma chapa com Alckmin pode abrir diálogos com setores da classe média que têm resistência ao PT. “Essa aliança pode estabelecer uma ponta para segmentos de classe média, que têm certa resistência e insegurança em relação ao PT. É preciso ter a capacidade de compreender o momento que estamos vivenciando”, diz o parlamentar à Tribuna. Já Ricardo Barbosa ressalta que Lula tem por característica governar de forma ampla. Para ele, o ex-presidente busca no próximo vice a mesma simbologia que José Alencar deu aos mandatos do petista. “Eu acho que é isso que o Lula está querendo com o Alckmin, uma aliança que dê estabilidade política, porque a gente precisa resgatar a política. Hoje há muitas diferenças, do ponto de vista político, entre a esquerda, centro-esquerda e a direita, mas isso não importa hoje. O que importa é derrotar o fascismo, que não pensa em política. Nossa aproximação com Alckmin busca derrotar o fascismo”, comenta. Cientista política avalia que junção pragmática tem acertos para 2022   Para a cientista política Luciana Santana, a aliança envolvendo o ex-presidente Lula e o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin é, do ponto de vista pragmático, acertada. “Acho que o tipo de aliança, pensando na estratégia de colocar nomes de que agregam no sentido de reduzir rejeição, naquilo que chamam de antipetismo, acho que é bem acertada. Eu vejo nessa possibilidade de aliança a intenção de emplacar uma visão mais moderada em relação ao presidente Lula e a defesa de valores democráticos. Ou seja, de que você consegue ter uma convergência mesmo com aqueles que foram, em algum momento, oposição”, analisa a cientista política à reportagem da Tribuna. Ela ressalta que antes de a aliança ser definida, é preciso considerar os ajustes aos interesses políticos dos atores envolvidos. Especificamente, os de Geraldo Alckmin. “O próprio Alckmin também tem outros objetivos como o governo de São Paulo. Vai depender da própria omissão política do Alckmin, de como que as pesquisas internas vão apontar seu nome para o governo de São Paulo. Caso ele [Alckmin] continue sendo bem avaliado, acho que o mais aceitável para ele seria tentar o governo de São Paulo. Mas essa aproximação do Lula, seria favorável ao petista porque você conseguiria ter um apoiador de peso no próprio governo de São Paulo. Pode-se pensar, inclusive, numa dobradinha aí, de repente, com Alckmin e [Fernando] Haddad”, completa Luciana Santana. A cientista política, contudo, não entra no mérito do perfil ideológico do ex-governador paulista. “Deixo para quem está na militância fazer isso”. JANTAR No último domingo (19), o grupo de advogados Prerrogativas (Prerrô) organizou um jantar em homenagem ao ex-presidente Lula. O evento foi o primeiro encontro público do petista com Geraldo Alckmin. O jantar contou com a presença de lideranças políticas de diversos matizes ideológicas. Até Arthur Virgílio, do PSDB, compareceu. A homenagem acabou se tornando um ato público em prol da candidatura de Lula e em defesa de uma frente ampla contra a extrema-direita com declarações de voto, até mesmo, de advogados ligados a setores mais conservadores.