Política

Réveillon em Maceió está restrito a quem tem dinheiro

Para ter acesso aos eventos privados, maceioense precisa desembolsar uma boa quantia e encarar aglomerações

Por Tribuna Independente 11/12/2021 09h01
Réveillon em Maceió está restrito a quem tem dinheiro
Reprodução - Foto: Assessoria
A recomendação do Ministério Público do Estado de Alagoas (MP/AL) para que os prefeitos dos 102 municípios alagoanos não façam festas de réveillon por conta da Covid vem surtindo efeito e boa parte dos gestores já anunciaram o cancelamento das festividades. Em contrapartida, a medida tomada pelo órgão ministerial com apoio da Associação dos Municípios Alagoanos (AMA), traz à tona uma outra constatação: festa de réveillon em Maceió está restrita somente para quem tem dinheiro. A recomendação expressa aos municípios que se houver as festividades, as promotorias podem aplicar alguma sanção às gestões municipais, a depender do argumento apresentado pela prefeitura. No entanto, o Ministério Público Estadual adotou uma postura mais branda com os empresários e responsáveis pelas grandes festas de réveillons privados na capital alagoana. Tanto o órgão ministerial quanto entes municipais e donos das festas privadas concordaram com o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), para que atendam às exigências sanitárias, a exemplo apresentação da carteira/passaporte de vacinação e o teste RT-PCR negativo realizado em no máximo 72 horas de antecedência do evento e oferta de álcool em gel, medição de temperatura e exigência de máscara pelos organizadores. De acordo com o MP/AL, o TAC foi assinado estabelecendo regras para as empresas privadas porque, para as pessoas entrarem nestes eventos, será obrigatório o cumprimento de protocolos. “Não há, num evento público, como fazer o controle de pessoas que chegarão às praias. Não há catraca, por exemplo. As pessoas chegarão por todos os lados e não tem como exibir o cartão de vacinação. A diferença entre um evento público e privado é o controle e a exigência de medidas. Se não mostrar o cartão não entra, e pronto”, argumentou o MP Estadual em contato com a reportagem da Tribuna Independente. O TAC prevê ainda que os promotores de eventos também deverão fazer a contratação de bombeiros civis e de empresa de segurança devidamente registrada de acordo com a legislação em vigor, adotar as providências necessárias para coibir o acesso de pessoas portando armas de fogo no interior dos eventos e providenciar a instalação de sistema de monitoramento por câmeras no interior, e se possível, no entorno das festas. Em caso de descumprimento do TAC, ficou estabelecido o pagamento de multa de R$ 10 mil. DESEMBOLSO Tradicionalmente, as famílias maceioenses costumam se reunir na orla de Ponta Verde, Pajuçara e Jatiúca para ver as queimas de fogos e confraternizar com alguma programação organizada pela Prefeitura de Maceió. Porém, este ano, a Prefeitura de Maceió chegou a manter as festas de réveillon, mas pouco tempo depois da recomendação do MP Estadual, o município emitiu nota cancelando os festejos. Ou seja, se o maceioense quiser curtir algum réveillon privado, precisa desembolsar uma quantia considerável e conseguir acesso à festa da virada de 31 de dezembro para 1° de janeiro. A Tribuna conseguiu saber, por exemplo, quanto o maceioense precisa pagar para estar no Réveillon Celebration, maior evento deste segmento na capital alagoana. Para ter acesso à Arena Happiness, local onde se concentra a maior parte do público e com certeza de aglomeração, o valor é de R$ 679,00. No espaço chamado Make a Wish, o preço único é de R$ 999,00. O mais alto patamar do Réveillon Celebration – Espaço Premium –, custa R$ 1.499 por pessoa. SEM LÓGICA Para o presidente da Sociedade Alagoana de Infectologia, Fernando Maia, o passaporte sanitário reduz muito o risco, embora nada seja 100% efetivo. Ele avalia que não deveria haver festividades que gerem grandes aglomerações, como essas festas de Réveillon. “Não há lógica restringir festas públicas e permitir festas particulares”. A infectologista Luciana Pacheco avalia que o bom senso e responsabilidade devem prevalecer na organização das festas de final de ano. “O vírus gosta de aglomerações, independentemente de onde seja. Se o objetivo é estimular a economia, qualquer evento que minimize os riscos de transmissão pode ser pensado pelos gestores nesse momento de redução de casos e óbitos. E cada pessoa deve fazer sua autogestão de risco. Na minha opinião, festa de réveillon com pessoas desconhecidas, sem eu saber se estão vacinadas, como se comportam no dia a dia, não faz parte do meu planejamento”, avalia. A infectologista pontua que a situação epidemiológica de Alagoas está controlada, com menos de 50 casos diários e em média dois óbitos por dia e poucas hospitalizações. “O passaporte da vacina prevê uma camada maior de proteção”.