Política
Não vacinados têm acesso livre em Alagoas
Estado está na rota de milhares de turistas no final de ano, porém o passaporte completo de imunização não será cobrado

Com a proximidade do final de ano, a chegada de turistas em Alagoas é sinônimo de os principais balneários do estado ficarem lotados. Mais turistas representam hotéis, bares e restaurantes cheios e movimentação de recursos na chamada alta temporada. A importância dessa retomada econômica está aliada à preocupação com a liberação de turistas não vacinados contra a Covid-19, mesmo diante de um cenário controle da doença e avanço da imunização.
No Rio de Janeiro, por exemplo, uma das capitais que mais recebe turistas no mundo, está sendo cobrado dos próprios cariocas e turistas a comprovação da imunização contra a Covid-19 para poder entrar em locais de uso coletivo na cidade.
Em São Paulo, principal centro econômico do Brasil, a regra de exigir comprovante de vacinação também está posta aos visitantes. No Nordeste, Ceará e Bahia também exigem comprovação da imunização para quem pretende visitar os estados.
Em Alagoas, que passou por momentos duros na pandemia da Covid-19, com mais de seis mil óbitos por causa da doença, e atualmente está com mais de 241 mil casos da Covid-19 registrados, o regramento para exigir imunização completa ou da primeira dose de turistas não está sendo cobrado, e direciona aos municípios a necessidade de reforçar campanhas de imunização.
Na prática, o turista que não se vacinou contra a Covid-19 ou que não pretende ser imunizado, está com acesso livre para visitar as principais rotas turísticas.
A Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), explica, apenas, que no caso de turistas estrangeiros, o regramento é de responsabilidade do Governo Federal. Já em relação aos turistas domésticos, a Sesau resume que a responsabilidade é dos municípios em reforçar campanhas de conscientização sobre vacinação, seguimento de medidas sanitárias, a exemplo do uso de máscaras, distanciamento social e higienização das mãos.
“Isso porque, é importante reforçar que as vacinas contra a Covid-19 não conferem 100% de proteção, mas, têm o objetivo de evitarem complicações do quadro clínico, hospitalizações e, consequentemente, óbitos, ou seja, mesmo vacinada, a pessoa ainda pode se infectar e disseminar o novo coronavírus para outras pessoas”, completa a Sesau.
A Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico e Turismo (Sedetur), ressalta que “para a entrada em shows, feiras, congressos e jogos no Estado, é liberada a entrada para quem tenha recebido a 1ª e a 2ª dose da vacina contra a Covid-19 ou que apresente o teste antígeno ou RT-PCR negativo realizado com 72 horas de antecedência, junto a um documento de identificação com foto”.
No entanto, a Sedetur não deixa claro porque não será cobrada dos turistas a imunização completa ou parcial. Também não argumenta o motivo de permitir que turistas não vacinados visitem o Estado, sobretudo em um momento em que a pandemia tem continuidade. Mesmo assim, a secretaria lembra que permanece obrigatório em Alagoas, assim como na maioria dos Estados do país, o uso de máscara, assim como a disponibilização de álcool em gel em todos os locais.
Maceió é um dos destinos mais procurados por turistas no final do ano. A capital também não apresenta um regramento para exigir do turista o comprovante de imunização. Segundo a Secretaria de Turismo, Esporte e Lazer (Semtel), todos os segmentos do turismo da capital seguem os protocolos sanitários estabelecidos pelo Governo do Estado, como o uso obrigatório de máscaras nos espaços públicos e desinfecção das mãos com álcool 70%.
“Além disso, o Município tem cumprido seu papel na adoção de medidas e procedimentos voltados ao controle da pandemia, assim como prioriza, desde o início da gestão, a vacinação de todos os maceioenses com diversas ações voltadas à garantia de uma imunização célere e eficiente. A cobertura vacinal atinge quase 90% da população adulta com a primeira dose e 70% com a imunização completa (segunda dose ou dose única). As regras sobre reabertura de espaços e retomada de atividades e serviços são estabelecidas pelo Governo do Estado e Maceió tem seguido as recomendações de controle de acesso ao Estado”.
Réveillons cobram passaporte, hotéis e restaurantes não exigem
Por muito tempo, Alagoas tem sido conhecida por um atrativo muito forte junto aos turistas: os réveillons. As festas da virada de 31 para 1º de janeiro contam com artistas nacionais no palco, festas open bar e all inclusive e camarotes repletos de artistas famosos.
Eventos como estes acontecem tanto em Maceió quanto em municípios praianos, a exemplo de Porto de Pedras e São Miguel dos Milagres, que são destinos procurados com frequência por turistas.
Inevitavelmente, os eventos de réveillons tendem a causar aglomerações. À Tribuna, o CEO do Réveillon Celebration, Sérgio Feitosa, garante que empresa segue o protocolo que rege que as pessoas estejam com o ciclo completo de imunização ou com uma dose tomada da vacina e teste de PCR 72h.
“Nossos eventos de réveillon serão rigorosos. Vamos cobrar ou cartão [vacinação completa ou uma dose] ou teste de PCR para que não tenhamos nenhum problema com relação a isso”, assegura.
Layla Ferro, idealizadora do Réveillon NemVem, relata que tem sido um desafio imenso conciliar a experiência dos participantes em um evento que, naturalmente, envolve aglomerações com os protocolos de segurança e higiene necessários ao combate à disseminação da Covid-19. O NemVem foi o primeiro Réveillon em Alagoas a anunciar o acesso restrito e exclusivo para pessoas com o esquema vacinal contra a Covid-19 completo.
Para os organizadores do Réveillon do Alto, a segurança e a responsabilidade com o público presente serão as prioridades na 3ª edição do evento. O grupo está acompanhando as atualizações do cenário atual de pandemia e os decretos governamentais para pautar as exigências da realização do Aloha 22, mas já afirma que o Alto será uma festa para os vacinados.
O idealizador do Réveillon Destino Patacho, Sérgio Feitosa, também confirmou que o evento seguirá todos os protocolos vigentes que contemplam a imunização ou o teste PCR.
ABIH E ABRASEL
A reportagem da Tribuna ouviu ainda os presidentes da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) e da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH) para saber se eles irão cobrar dos clientes e frequentadores a imunização parcial ou completa. O presidente da Abrasel, Brandão Junior, informou que a associação não apoia a ideia de pedir cartão de vacinação.
O presidente da ABIH, André Santos, ressalta que a hotelaria já vinha se preparando durante a pandemia e mantendo todos os protocolos desde o início, mas deixa evidente que não devem exigir a imunização completa ou parcial.
RECURSOS PARA O ESTADO
Em Alagoas, de acordo com a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico e Turismo (Sedetur), o estado projeta receber 150 mil passageiros nesse final de ano e o setor turístico deve movimentar R$ 400 milhões. O órgão ressaltou ainda que comparado ao ano passado, o estado terá um aumento de 79% no fluxo de passageiros somente no aeroporto Zumbi dos Palmares.
O economista, Renan Laurentino lembra que a partir de março de 2020 até os dias atuais, as atividades relacionadas ao turismo sofreram as consequências dos decretos governamentais de enfrentamento a Covid-19, com fechamentos de locais turísticos, redução no tempo de abertura, limitação na quantidade de clientes.
“Medidas necessárias para a saúde coletiva e diminuir contágio. Nestes três últimos meses deste ano e com a ampliação da imunização da população e a redução nos internamentos hospitalares, o turismo volta a gerar movimentação favorável principalmente o doméstico. Ainda estamos em pandemia e a retomada econômica deste setor já é visível, contudo, frente a todo o cenário conjuntural econômico, onde a inflação dos preços é crescente, tarifas de serviços básicos [água, energia elétrica] e os derivados de petróleo (gás e gasolina), apresentam altas significativas, ou seja, as despesas fixas elevadas vão interferir significativamente na receita das atividades ligadas ao turismo e seus atores”.
Infectologistas reforçam a necessidade da imunização completa
Ainda que os produtores de eventos estejam focados nos protocolos de segurança contra a Covid-19, os infectologistas defendem que a imunização da população precisa ser acelerada até o final do ano.
Para o presidente da Sociedade Alagoana de Infectologia e integrante do Grupo Técnico de Enfrentamento ao Covid-19 em Alagoas, Fernando Maia, a preocupação de pessoas não vacinadas virem ao estado é a mesma coisa que as pessoas não vacinadas residentes em Alagoas.
“Tem um maior risco de adoecer e de transmitir a doença. É um risco para qualquer local”, explicou o infectologista, ressaltando que o chamado passaporte sanitário é uma medida polêmica, mas que necessário para que as pessoas tenham acesso a ambientes fechados.
“É uma medida pouco simpática, mas necessária para tentar conter o avanço da epidemia. Aqui no Brasil a vacinação está bem adiantada. Outros lugares que a vacinação não avançou os casos de Covid estão aumentando. As notícias dos EUA falam justamente isso que a epidemia por lá continua aumentando porque as pessoas não estão se vacinando”.
Já a infectologista Luciana Pacheco, pontua que o quanto é preocupante que pessoas não vacinadas venham para Alagoas é difícil precisar, até porque em Alagoas mesmo ainda falta muita gente se vacinar.
“Ou seja, não está imunizada adequadamente segundo os estudos que foram realizados com as vacinas. Sou a favor do passaporte sanitário para a população, turistas e população local”.
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