Política
Em sessão, moradores cobram da ALE instaurar CPI da Braskem
Deputado Galba Novaes propôs audiência para tratar das indenizações pagas pela empresa às famílias

Proposta pelo deputado estadual e vice-presidente da Assembleia Legislativa do Estado (ALE), Galba Novaes (MDB), a sessão pública para ratar da situação dos moradores dos bairros afetados pela extração de sal-gema de responsabilidade da mineradora Braskem foi realizada na última sexta-feira (5). O parlamentar cobrou maior transparência da empresa sobre os processos de indenização das vítimas.
“Não há explicações nem informações sobre esses processos. As pessoas atingidas pela tragédia têm atravessado momentos de muita dificuldade”, observou o deputado ao direcionar seu discurso para os moradores dos bairros Pinheiro, Mutange, Bebedouro e Bom Parto.
Quando a palavra foi facultada aos participantes da sessão, a mineradora foi o principal alvo das críticas. Moradores também apontam a necessidade de a Assembleia Legislativa instaurar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar como a empresa está atuando e prejudicando as famílias que precisaram deixar suas residências em decorrência do afundamento do solo.
O presidente da Associação dos Empreendedores no Pinheiro e Região Afetada (Assepra), Alexandre Sampaio, apontou um atraso de três anos para que os deputados tomassem alguma iniciativa.
“Primeiro que o que deveria estar acontecendo nessa Casa era a abertura de uma CPI para investigar os responsáveis pelo maior crime ambiental urbano em curso no planeta. A Braskem destruiu mais de 17 hectares de mangue em Maceió, um crime inafiançável, mas nada acontece. Isso é só um pequeno exemplo diante da catástrofe que está acontecendo em Maceió”, opina.
Alexandre Sampaio afirma que espera que os deputados tomem a inciativa de iniciar a CPI. “O que nós, que tivemos nossas vidas arrasadas pela Braskem esperamos, é que os crimes sejam investigados e os responsáveis punidos. Esperamos uma força-tarefa para que seja refeito o acordo entre os moradores e a Braskem, porque é uma perversidade a negociação como tem acontecido, de um a um. Precisamos de mediadores, porque muita gente está aceitando acordos por não ver saída”, disse.
O presidente da Assepra destaca ainda que os moradores e empreendedores esperam do Governo do Estado a isenção de impostos e crédito para recomeçar em outros bairros, inclusive os empresários do entorno das áreas afetadas, que acabaram fechando por conta da falta de movimento.
BAIRRO FANTASMA
Romualdo Oliveira é morador da Rua Marquês de Abrantes, uma das únicas que ainda é habitada entre os bairros Flexal de Baixo, Flexal de Cima e Bebedouro. Ele conta que o filho de 7 anos não está estudando porque não existem mais escolas na região. “Nós que moramos nessa região abandonada de Maceió esperamos que essa audiência pública seja positiva para nós. Precisamos que os deputados tomem providências porque estamos vivendo isolados do mundo, sem escolas, sem supermercados ou farmácias. Tudo ao redor é ruína e precisamos sair daquele lugar. A Braskem não diz nada e o poder público precisa interceder por nós”, afirma.
De acordo com Romualdo, pelo menos 2.500 casas ainda estão habitadas na região. “A minha casa apresenta muitas rachaduras e o piso está afundando. A gente tem medo de andar pela rua e uma dessas construções abandonadas desabar na nossa cabeça. Precisamos caminhar pelo menos três quilômetros para encontrar um mercadinho e estamos correndo riscos com o isolamento. Está tudo esquisito. As pessoas estão entrando em pânico porque chegou até nós a informação de que estamos vivendo em cima de uma ‘casca de ovo’, que a qualquer momento pode se quebrar”, concluiu o morador.
DESINTERESSE
Para Galba Novaes, Braskem não demostra interesse em resolver a situação das vítimas. O parlamentar destacou, ainda, que propôs a audiência para que a Braskem também prestasse esclarecimentos, mas nenhum representante apareceu na sessão.
“O próprio tema da indicação fala da transparência nesse processo de indenizações. A sociedade está desinformada com relação à resolução dos problemas dos moradores afetados pela mineração e o que esperávamos era o esclarecimento da empresa”, disse Galba à Tribuna Independente.
A ausência de um representante da Braskem na audiência demonstra, segundo o deputado, a falta de interesse em resolver a situação das vítimas do afundamento do solo. “A Braskem não dá nenhuma previsão para a melhoria de vida dos moradores dos bairros afetados, inclusive dos que ainda vivem na região de Bebedouro. Nós vivemos no mundo do avanço da tecnologia digital, onde a interação é muito grande, e mesmo assim a população não recebe informações sobre as indenizações e realocações”, afirma o deputado.
O parlamentar relata que tem acompanhado as cobranças do Movimento Unificado das Vítimas da Braskem (MUVB) – que em parceria com a Associação dos Empreendedores no Pinheiro e Região Afetada, que reúne comerciantes e moradores dos quatro bairros afetados e também de uma parte do Farol; tem cobrado mudanças na maneira como as negociações para as indenizações vêm sendo conduzidas.
“Fui procurado pelos moradores afetados, que reclamam da morosidade e do desprezo da empresa com os mais de 60 mil maceioenses atingidos pela catástrofe. Precisam de no mínimo, transparência na condução dos processos de indenização”, concluiu Galba Novaes.
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