Política

“Objetivo é destruir o Estado Brasileiro”

Presidente do Sindicato dos Bancários critica plano de privatização de Paulo Guedes, que é vender BB e Petrobras em 10 anos

Por Thayanne Magalhães com agẽncias 02/10/2021 18h39
“Objetivo é destruir o Estado Brasileiro”
Reprodução - Foto: Assessoria
Desde o início do governo de Jair Bolsonaro (sem partido), o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirma que o “plano” é o de aprofundar privatizações de empresas públicas no país, vendendo a Petrobras e o Banco do Brasil (BB) em até dez anos. Para o presidente do Sindicato dos Bancários de Alagoas, Marcio dos Anjos, o governo brasileiro não vai descansar enquanto não entregar o Estado brasileiro ao capital estrangeiro. Além de presidente do sindicato em Alagoas, Marcio dos Anjos também é membro do Comando Nacional dos Bancos. Ele conta que a categoria tem se mobilizado desde o início do governo Bolsonaro contra a ameaça de privatização. “Paulo Guedes não vai sossegar enquanto não entregar o Estado Brasileiro ao capital estrangeiro, mas o Banco do Brasil é dos brasileiros. Vamos lutar contra o objetivo desse governo, que está claro que é destruir todo o Estado Brasileiro”. O bancário ainda ressalta a importância, tanto da Petrobras quanto do BB para o país. “Nós entendemos desde sempre que os bancos públicos e a Petrobras, que está entre as 10 melhores petrolíferas do mundo, são importantes para o desenvolvimento da nação. O Banco do Brasil é um dos responsáveis pelo desenvolvimento do país pela liberação de crédito para a população”, afirma. Marcio dos Anjos lembra que desde que tomou posse do cargo, o ministro da Economia fala em privatizar o Banco do Brasil. “Paulo Guedes está no governo representando o sistema financeiro e o agronegócio. Então, a quem interessa a privatização do Banco do Brasil, que compete de igual para igual com qualquer banco privado? Querem tirar esse concorrente do mercado e tirar o que ele tem de bom”, opina Márcio dos Anjos à Tribuna. A reportagem da Tribuna Independente entrou em contato com o Sindicado Unificado dos Trabalhadores Petroleiros, Petroquímicos, Químicos e Plásticos nos Estados de Alagoas e Sergipe (Sindipetro AL-SE), mas não houve resposta até o fechamento desta edição. No Instagram o Sindicato divulgou uma nota se manifestando contra a empresa Origem Energia, petroleira controlada pela Prisma Capital, que fechou acordo em comprar da Petrobras o Polo Alagoas, conjunto de sete concessões de petróleo e gás em terra e em águas rasas, por US $ 300 milhões. “O Sindipetro vem a público manifestar seu veemente repúdio contra a atitude precipitada da empresa Origem Energia de enviar convite ao conjunto dos petroleiros do Polo Alagoas, para ‘forçar’ a transição operacional das áreas da Petrobras. O Sindicato considera a iniciativa extemporânea e, no mínimo, oportunista, pois no contexto atual a Petrobras formalmente ainda não se manifestou a respeito do destino do pessoal concursado. A entidade avalia, também, que o formulário enviado para os trabalhadores é mais um instrumento capcioso que poderá ser usado pela Origem como ponto de corte de pessoal”, diz a publicação. “No afã de assumir aceleradamente as atividades das unidades da Petrobras, padrões de segurança são violados, etapas são queimadas e o assédio moral se tornou prática constante nessa transição irresponsável. O Sindipetro AL-SE reforça seu repúdio a tal conduta, expressa solidariedade e pede respeito para com a categoria. O Sindicato está atento a situação e não vai medir esforços para defender os interesses dos petroleiros”, completa o Sindipetro em suas redes sociais. Guedes: plano foi apresentado em evento da ICC Brasil Em evento realizado na segunda-feira (27) Paulo Guedes afirmou que o “plano” para os próximos 10 anos é o de aprofundar privatizações. “Qual é o plano para os próximos 10 anos? Continuar com as privatizações. Petrobras, BB, todo mundo entrando na fila; e isso sendo transformado em dividendos sociais”, disse o ministro durante evento da ICC Brasil, que reúne os integrantes brasileiros da Câmara de Comércio Internacional. O ministro afirmou que as privatizações não tem andado “no ritmo que gostaríamos”, apesar de dizer que o governo privatizou “R$ 240 bilhões em 2,5 anos”. Segundo ele, até o momento foram desestatizadas apenas subsidiárias, mas agora vem empresas grandes, a começar pelos Correios. O projeto de lei da privatização dos Correios foi aprovado na Câmara em agosto, mas ainda precisa passar pelo Senado. A Associação dos Profissionais dos Correios condena a proposta. Entre outros pontos, a entidade alega que o projeto é inconstitucional porque promove um monopólio privado. O Sindicato dos Trabalhadores da Empresa dos Correios e Telégrafos de Alagoas (Sintect/AL) afirma que muitas agências localizadas em cidades do interior serão fechadas por não dar lucro, o que levará a população a se deslocar aos grandes centros para ter acesso às suas correspondências. SENADO A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) promove na quarta-feira (6) a primeira de duas audiências previstas para debater o projeto que permite a privatização dos Correios. A matéria, apresentada pelo Poder Executivo, foi aprovada pela Câmara em agosto. Segundo a Agência Senado, com relatoria do senador Marcio Bittar (MDB-AC), o texto diverge de outra matéria que tramita no Senado, a partir de sugestão popular, para que os Correios sejam retirados do programa de desestatização. “O PL recém-chegado à Casa, autoriza a União a vender os Correios para a iniciativa privada. Por 18 meses após a privatização, os atuais empregados só podem ser demitidos por justa causa. Mas podem aderir a um plano de demissão voluntária em até 180 dias. Também permite a exploração pela iniciativa privada de todos os serviços postais. A proposta estabelece condições remete a regulação do setor à Anatel”.