Política

Institutos de pesquisas podem ser fragilizados

Código Eleitoral que tramita na Câmara dos Deputados tem pontos de proibição de pesquisas; diretores de institutos são contra

Por Carlos Victor Costa com Tribuna Independente 09/07/2021 07h39
Institutos de  pesquisas podem ser fragilizados
Reprodução - Foto: Assessoria
O debate que vai ocorrer em breve na Câmara dos Deputados sobre a minuta do novo Código Eleitoral, a qual estabelece a proibição de divulgação de pesquisas eleitorais no dia e na véspera das disputas, além de criar um suposto “percentual de acerto” dos institutos, vem gerando repercussão no meio político. Para valer para o pleito de 2022, essas mudanças têm que ser aprovadas por Câmara e Senado e sancionadas pelo presidente Jair Bolsonaro (Sem partido), até o início de outubro deste ano. As duas medidas são criticadas por especialistas sob o argumento de que representam censura a informações relevantes para os eleitores, além de desconsiderar a natureza dos levantamentos, que apontam retratos do momento em que foram feitos, passíveis de mudanças até a hora exata do voto. O diretor comercial do Instituto DataSensus, Eugênio Albuquerque, ressalta que qualquer método de impedimento à informação é nocivo ao regime democrático de direito. No entanto, ele concorda que de maneira informativa, seja feito um balanço de as pesquisas que foram registradas e divulgadas e o respectivo resultado das urnas e divulgue para a população. Segundo Eugênio, isso beneficia o instituto que trabalha sério e que busca a verdade dos números. “O que não pode é tentar nenhum tipo de impedimento de acesso à informação por parte da população, isso é nocivo à democracia. Se você informa quais são aqueles institutos que acertam mais, logicamente o público, quando recebe a informação de que Instituto A, Instituto B que tem acertado muito nas últimas eleições divulgou tal número, o povo ainda dá mais credibilidade àquele número. Sou a favor sim, de que se faça de maneira informativa esse ranking dos institutos que mais acertam, mas sou contra e acho nocivo à democracia qualquer impedimento de comunicação e informação ao povo”. O sócio majoritário do Instituto Brasileiro de Pesquisas e Desenvolvimento Institucional (Ibrape), Francivaldo Diniz, também é contra as duas medidas. Para ele não passaria de censura. “É uma questão antidemocrática, é uma questão também que não tem nenhuma grande interferência na decisão do eleitor. Deveria ter sim, uma fiscalização até maior em cima de instituto de pesquisa, que a gente sabe que no período de eleição aparece só para fazer esse trabalho de divulgação. Em relação a essa taxa de acerto de resultado, qual vai ser a forma de fiscalizar? Será as pesquisas que foram registradas ou a pesquisa de consumo interno, entendeu? E a questão da faixa de acerto, a gente sabe que o eleitor, a cada ano que passa, ele está se decidindo próximo ao dia da eleição ou até no dia eleição. Inclusive existem alguns estudos que demonstram que cerca de 15% do eleitorado define o voto no dia da eleição. A pesquisa é uma fotografia do momento. Ela mostra naquele dia como está o eleitor e a predisposição em votar em determinado candidato e no dia da eleição ele pode mudar o voto”.