Política

'É Brasil. Vai ter falsificação, venda no camelô', diz Mourão sobre passaporte sanitário

Vice-presidente voltou a desdenhar de brasileiros ao falar de documento que liberaria a circulação de pessoas imunizadas. Isolado, Mourão disse ainda que continua leal a Bolsonaro. "Jamais vou maquinar contra ele, como já aconteceu no passado recente"

Por Plinio Teodoro com Revista Fórum 17/06/2021 08h38
'É Brasil. Vai ter falsificação, venda no camelô', diz Mourão sobre passaporte sanitário
Reprodução - Foto: Assessoria
O vice-presidente, general Hamilton Mourão (PRTB), voltou a desdenhar dos brasileiros ao dizer que a implantação de um passaporte sanitário, que liberaria a circulação de pessoas imunizadas no país, não daria certo. “Eu acho que não vai dar certo. Cada um terá de andar com um cartãozinho na carteira dizendo que foi vacinado. O cara na entrada do restaurante vai me cobrar isso? E no parque? Esse troço não vai funcionar. Isso aqui é Brasil, pelo amor de Deus! Vai ter falsificação do passaporte, venda no camelô. Você vai à Central do Brasil, aí no Rio, e vai comprar o passaporte para você. Agora, para viajar de um país para outro, acho que será necessário, como na questão da vacina da febre amarela e outras. No deslocamento dentro do país, é uma discussão inócua”, afirmou à coluna de Malu Gaspar na edição desta quinta-feira (17) do jornal O Globo. Mourão voltou a reclamar do isolamento imposto a ele por Jair Bolsonaro (Sem partido), que tem excluído o vice-presidente das reuniões do governo, mas afirmou que sempre será leal ao presidente, alfinetando Michel Temer (MDB), que comandou o golpe parlamentar contra a ex-presidenta Dilma Rousseff (PT). “Eu já deixei muito claro ao presidente que ele tem a minha lealdade. Eu jamais vou maquinar contra ele, como já aconteceu no passado recente no nosso país. Ele sabe disso muito bem. Por outro lado, ele sabe que a minha visão de mundo em muitos assuntos é totalmente distinta da dele, assim como o meu modo de agir. Eu não entendo por que o presidente me exclui dessas reuniões. E eu lamento porque deixo de tomar conhecimento de assuntos que o governo está debatendo. Lembrando que eu, eventualmente, posso substituí-lo e ter de decidir sobre algum assunto desses, que eu não sei nada. Então, eu não vou tomar decisão nenhuma se eu for substituí-lo numa situação dessas”, afirmou.