Política

Partidos constroem terceira via para 2022

Legendas alagoanas não consideram, neste momento, apoio para Lula ou Bolsonaro

Por Carlos Victor Costa com Tribuna Independente 15/05/2021 10h36
Partidos constroem terceira via para 2022
Reprodução - Foto: Assessoria

Uma pesquisa do instituto Datafolha divulgada na última quarta-feira (12) pelo jornal “Folha de S.Paulo” com índices de intenção de voto para o primeiro turno da eleição presidencial de 2022 mostra que deve ocorrer uma polarização entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o atual Jair Bolsonaro (Sem partido). Mas, há quem não esteja prestando apoio a eles neste momento.

Em Alagoas, representantes de siglas que sempre lançam candidatos à presidência do país falaram sobre o assunto com a reportagem da Tribuna e boa parte acredita que uma terceira via pode aparecer diante desse cenário.

De acordo com o presidente do PDT no estado e vice-prefeito de Maceió, Ronaldo Lessa, o partido mantém firme a pré-candidatura de Ciro Gomes.

“Não acredito em um primeiro turno de eleição com apenas um candidato unificando os partidos de esquerda. Acredito muito no crescimento da candidatura do Ciro e no desgaste dos candidatos no campo da direita”.

Já para o presidente do PSDB, senador Rodrigo Cunha, o partido será, certamente, um dos protagonistas nas eleições de 2022. Ele aponta que em nível presidencial, a legenda tem excelentes quadros como o governador de São Paulo, João Doria, o senador pelo Ceará Tasso Jereissati e o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite.

“Somente para citar alguns, entre outros. O presidente do nosso partido, Bruno Araújo, está liderando este processo que deve culminar com nossas prévias em outubro, nas quais vamos debater e apontar os nomes que devem concorrer à presidência pelo PSDB. Neste momento, o partido está voltado a este debate interno, mas o fato é que o Brasil precisa de uma alternativa aos projetos que antagonizam no cenário da disputa pelo Planalto em 2022”.

O presidente do Podemos Alagoas, Tácio Melo, não apresentou nomes, mas pontuou que no entendimento do partido, os extremos, tanto de direita quanto de esquerda são muito maléficos para o Brasil.

“Divide o país, divide famílias, atrapalha o desenvolvimento da economia. O que nós queremos é que saia dessa polarização e que venha uma nova alternativa para o Brasil”.

A assessoria do senador Renan Calheiros, que preside o MDB no estado, disse que o partido ainda não tem posição, mas que o diretório nacional quer candidatura própria.

“Renan [Calheiros, senador] diz que isso pode acontecer se houver um nome viável. Mas como está longe, vão discutir lá para frente. Renan não quer misturar a eleição com a CPI da Covid”.

Já o presidente do Democratas, José Thomaz Nonô, destacou que neste momento o partido não tem se debruçado sobre a questão da Presidência da República, mas afirmou que pessoalmente, depois do muito que viu e ainda vê, entre Lula e Bolsonaro, prefere o atual presidente.

ANÁLISE E DEBATE

Segundo a dirigente do PSOL em Alagoas, Marcela Carnaúba, a esquerda nacional, e a alagoana também, está num processo de análises e debates internos sobre essa nova conjuntura eleitoral para 2022.

“Acredito que a prioridade agora é a luta em defesa da vida dos alagoanos, que estão morrendo em decorrência da Covid e também estão morrendo de fome”.

Ela pontua que o próprio Lula, em entrevista no sindicato dos metalúrgicos, já sinalizou que no 1º turno cada um vai com o seu programa e que no 2º turno os partidos se uniriam.

“O PSOL ainda está debatendo isso nacionalmente, mas a minha opinião pessoal é de que no 1º turno cada um apresenta o seu programa para o Brasil. Até porque existem questões que foram mal resolvidas relacionadas ao balanço dos governos do PT, mas que nós do PSOL não entramos nesse debate por conta do Golpe de 2016, e nesse cenário a tarefa principal era derrotar os golpistas e defender a democracia brasileira”.

Lançamento de candidatos é movimento natural

Para a cientista política Luciana Santana, as eleições de 2022 ainda são um tema em aberto e que terá muitas discussões ao longo desse ano e no início do próximo ano. Ela avalia que será natural que outras legendas lancem candidatos, sem garantir apoio a Lula ou Bolsonaro, porque é necessário que os partidos também tenham um puxador de votos, um nome que possa influenciar candidaturas aos cargos proporcionais tanto na Câmara dos Deputados, quanto nas assembleias legislativas.

“O que não significa que todas as legendas que lançarem candidatos têm chances competitivas de eleger seu candidato, né? Acho que hoje ainda as duas candidaturas mais fortes são realmente de Lula e Bolsonaro. Pode até ser que aconteça uma terceira via, mas ainda muito emblemática, não é? Se realmente vai surgir, se quem seria esse nome e se esse nome teria chance de fazer frente a essas duas candidaturas”.

Sobre a questão da existência ou não da “Frente Ampla”, a Luciana Santana avalia que depende muito como essa campanha vai ser construída. Luciana pontua que de qualquer forma, o desejável é que se tivesse realmente uma frente ampla de esquerda, que pudesse ser muito mais competitiva do que vem apontando os dados das eleições atualmente.

“Então é difícil fazer qualquer tipo de previsão sobre se a gente vai ter uma candidatura de frente ampla, não é? Formada por uma frente ampla realmente e se essa frente ampla teria condição de vencer no primeiro turno. De qualquer forma, hoje ainda são esses dois nomes que estão na ponta dessa disputa. De qualquer forma, o dado mais interessante que tem sido apresentado por essa última pesquisa do Datafolha é a força do ex-presidente Lula e que realmente vem com uma possibilidade muito grande de estar no segundo turno e não apenas isso, mas vencer a eleição”.